Pelo Twitter, Trump anuncia Mike Pence como vice em sua chapa
O virtual presidenci�vel republicano, Donald Trump, confirmou nesta sexta-feira (15), com um tu�te, que o governador de Indiana, Mike Pence, ser� seu vice.
Escolhe, assim, um pol�tico tradicional de credenciais conservadoras, contraponto � volatilidade do magnata.
Evang�lico, Pence pode ajudar com o voto religioso —um em cada quatro americanos tem a mesma f�, segundo o Centro de Pesquisa Pew.
O governador apoiou o senador Ted Cruz (Texas), outro evang�lico, nas pr�vias republicanas, mas com o cuidado de n�o melindrar sua rela��o com o empres�rio ("n�o sou contra ningu�m").
Agora que � a favor de Trump, pode ajud�-lo a construir uma ponte com Washington, onde foi deputado por 12 anos, com hist�rico de posi��es antiaborto, anti-LGBT e a favor da "fam�lia tradicional".
O vice, nos EUA, tamb�m assume a presid�ncia do Senado e � um dos articuladores da Casa Branca com o Congresso.
Trump, que nunca concorreu a um cargo eletivo, prezava por algu�m com experi�ncia na capital.
REALITY
Nas m�os do ex-apresentador de TV, a escolha do n�mero dois se assemelhou a um reality show.
Ele pretendia divulgar o nome numa coletiva de imprensa nesta sexta (15), num hotel de luxo em Nova York, mas cancelou o plano por achar que n�o havia clima para tanto ap�s o atentado em Nice.
Na quinta (14), em e-mail a simpatizantes, Trump fomentou o clima de suspense, aparecendo em montagem ao lado da silhueta de um homem (dentro dela, um ponto de interroga��o).
"� um pouco como 'O Aprendiz' [reality de Trump]", disse o ex-presidente da C�mara Newt Gingrich, que estava no p�reo pela vaga, assim como o governador de Nova Jersey, Chris Christie.
/John Sommers II/Reuters | ||
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Donald Trump, e o governador de Indiana, Mike Pence, em com�cio no Estado |
"Tudo o que precis�vamos era de um an�ncio de que os finalistas competiriam num desafio que envolve comer o f�gado cru de marmotas", ironizou a colunista do "New York Times" Gail Collins.
Trump, em vez de apostar "o dobro ou nada" com Gingrich ou Christie, de personalidades expansivas e polemistas como ele, preferiu uma escolha mais moderada com Pence.
Durante uma campanha, o vice em geral incorpora o papel do c�o de guarda para atacar o presidenci�vel do outro partido, poupando seu candidato de "sujar as m�os".
Na ter�a (12), Trump e Pence participaram juntos de um com�cio, que foi considerado um "test-drive" para o governador.
Em tom populista, o ent�o aspirante a vice esbravejou que Hillary era "desqualificada" e "nunca deveria ser presidente". Na manh� seguinte, tomou caf� da manh� com Trump e tr�s de seus filhos. Passou no teste.
Pence, contudo, nem sempre esteve na mesma sintonia que Trump. Em dezembro, usou o canal de comunica��o preferido do novo melhor amigo, o Twitter, para dizer que sua proposta de banir mu�ulmanos dos EUA era "ofensiva e inconstitucional".
Em 2014, meses antes de o magnata anunciar sua candidatura, o governador elogiou na rede social o Tratado Transpac�fico, que significava "empregos" e "seguran�a".
Trump j� aproveitou v�rias oportunidades para massacrar o acordo comercial entre EUA, Jap�o e outras dez economias, alegando que os trabalhadores americanos seriam prejudicados por ele.
FAM�LIA
Para atrair votos evang�licos, Pence ter� de fazer as pazes com essa parte do eleitorado, depois de reverter uma lei estadual de "liberdade religiosa" que ele pr�prio havia assinado.
Na teoria, a legisla��o resguardava o direito de uma pessoa a professar livremente sua f�. Na pr�tica, permitia que uma empresa negasse servi�os � comunidade LGBT caso isso ferisse seus princ�pios.
A lei foi alvo de boicote nacional, atraindo a f�ria de companhias (Yelp, Apple, Twitter) e at� de bandas de rock (Wilco).
O governador desagradou evang�licos ao voltar atr�s e sancionar uma vers�o revisada do texto, na qual discriminar algu�m com base em sua orienta��o sexual � explicitamente proibido.
No Congresso, ele se comprometeu com "o direito inalien�vel � vida" (antiaborto) e a ideia da "fam�lia tradicional" (casamento entre homem e mulher).
Em sintonia com a pol�tica anti-imigra��o defendida por Trump, apoiou textos que derrubariam a cidadania autom�tica para filhos americanos de imigrantes ilegais e autorizariam a deten��o de pessoas sem documento que fossem se tratar num hospital. Nenhum deles passou.
O perfil conservador compensa a desconfian�a de parcela do eleitorado com o magnata nova-iorquino que, no passado, j� respaldou campanhas democratas e tem no m�nimo posi��es amb�guas sobre aborto.
Outra vantagem: Pence � tido como habilidoso na arte de arrecadar fundos, um calcanhar de Aquiles na campanha republicana.
� pr�ximo dos bilion�rios irm�os Koch. Um deles, Charles Koch, nono homem mais rico do mundo na lista da "Forbes" e um dos basti�es do conservadorismo americano, tornou p�blica sua avers�o a Trump. Em abril, ele disse que a democrata Hillary Clinton "possivelmente" seria uma trag�dia menor do que ele.
Mike Pence cresceu na vida p�blica como apresentador de r�dio nos anos 1990. Disse certa vez: "Anos atr�s, no meu programa, costumava falar: 'Sou um conservador, mas n�o sou ranzinza por causa disso'".
Em 1990, quando concorria ao Congresso, o pol�tico calouro veiculou an�ncio em que um homem com forte sotaque �rabe e �culos escuros agradecia a seu rival democrata por compactuar com a depend�ncia americana ao petr�leo do Oriente M�dio.
No ano seguinte, o crist�o arrependido escreveu um ensaio intitulado "Confessions of a Negative Campaigner" (confiss�es de um pol�tico em campanha negativa).
O texto come�ava citando uma passagem da B�blia sobre pecado e dizia: "Uma campanha deve mostrar a dec�ncia b�sica humana de um candidato".
Neste s�bado (16), ele far� seu primeiro evento p�blico como vice de Trump, em Nova York.
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