C�lebre nas artes pl�sticas, Nuno Ramos tamb�m � escritor premiado
RESUMO O artista pl�stico Nuno Ramos lan�a no fim deste m�s "Adeus, Cavalo", seu oitavo livro. Com uma obra liter�ria prol�fica e elogiada, ele come�ou a esbo�ar os primeiros textos na adolesc�ncia, abandonou a escrita por cerca de dez anos e voltou �s letras nos anos 1990, quando a carreira em museus e galerias j� se consolidava.
Ele � autor de obras como "Fruto Estranho" e "Bandeira Branca", que causou pol�mica na Bienal de 2010 devido aos tr�s urubus vivos que mantinha em confinamento.
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O artista pl�stico Nuno Ramos me recebe � porta de seu ateli�, um enorme galp�o retangular localizado no bairro do Cambuci, na regi�o central de S�o Paulo. O espa�o, onde no passado funcionou uma gr�fica, possui 600 m� de �rea, p�-direito que pode chegar aos 5 metros e um aspecto abandonado quando visto de fora.
Sou conduzido por um corredor estreito, cujas paredes amparam caixas de papel�o, estantes e objetos embalados. Um sal�o amplo e iluminado logo se descortina. Num canto, destacam-se da desordem geral os dois grandes troncos de �rvore que integraram a instala��o "Fruto Estranho", montada em 2010 no Museu de Arte Moderna do Rio.
Nas paredes veem-se alguns dos quadros monumentais da s�rie "Utopias", exposta na Esta��o Pinacoteca, em S�o Paulo, em 2015 –obras nas quais o artista mistura tinta, tecido, cordas, pel�cia e estruturas de alum�nio que se projetam em dire��o ao espectador.
Descansando no ch�o, uma tela de 2,75 m por 2 m recebe a a��o ininterrupta de tr�s ventiladores ligados em pot�ncia m�xima. As gross�ssimas camadas de tinta multicolorida precisam secar logo, ele explica, pois o quadro ser� exibido em uma mostra marcada para setembro, numa galeria do Rio.
Sigo meu anfitri�o em meio �s obras novas e antigas, que formam um pequeno labirinto. Pelo caminho, latas de tinta, placas de madeira, pinc�is, rolos de espuma, cartazes, livros, esbo�os de pinturas, um fog�o utilizado para derreter vaselina.
Ele indica, ao fundo, um sof� carcomido e manchado de tinta, onde nos sentamos para conversar sobre outro artista: o escritor Nuno Ramos.
Conhecido sobretudo por sua prol�fica carreira nas artes visuais , que j� conta 35 anos, Ramos, 57, vem construindo nas duas �ltimas d�cadas uma obra liter�ria t�o m�ltipla quanto a que o consagrou em galerias e museus –composta de textos de prosa, ensaios e poesia– e apontada como uma das mais originais e relevantes da literatura brasileira contempor�nea.
No final deste m�s, lan�a "Adeus, Cavalo" [Iluminuras, 76 p�gs., R$ 38, R$ 22 em e-book], seu oitavo livro. Nele, um ator, imerso em uma banheira, narra hist�rias delirantes a um jornalista e reflete sobre o of�cio no palco, enquanto recebe as vozes do ator e dramaturgo Proc�pio Ferreira (1898-1979), do poeta italiano Giuseppe Ungaretti (1888-1970) e do m�sico Nelson Cavaquinho (1911-86).
O compositor carioca, al�m de participar dos del�rios do protagonista de "Adeus, Cavalo", � tema de um dos ensaios do livro que Ramos prepara para o in�cio do ano que vem, que reunir� ainda textos sobre o pintor Jorge Guinle (1947-1987) e a cultura brasileira no s�culo 20, entre outros assuntos.
VAIV�M
N�o se imagine, por�m, que Ramos come�ou nas artes pl�sticas e, em determinado momento da vida, passou a se dedicar tamb�m �s letras. Mais apropriado seria dizer que, depois de ter-se encontrado no trabalho com a mat�ria, p�de voltar a escrever, numa trajet�ria tortuosa marcada por crises de voca��o e pela morte precoce do pai.
Em 1974, aos 14 anos de idade, o artista teve uma experi�ncia traum�tica e definidora. Tomava banho em casa, ap�s voltar de uma partida de handebol. Na sala, seu pai, Vitor Ramos, um portugu�s que fugira da ditadura de Ant�nio Salazar e se tornara professor de literatura francesa da USP, comemorava com amigos a Revolu��o dos Cravos, que havia ocorrido uma semana antes e derrubara o regime salazarista.
Durante uma conversa telef�nica com Antonio Candido (1918-2017), seu amigo e colega na USP, Vitor Ramos sofreu um s�bito aneurisma cerebral e caiu fulminado no ch�o. Tinha 54 anos.
O filho, que na �poca come�ava a se entusiasmar com a literatura e a esbo�ar os primeiros textos, tornou-se um leitor obsessivo. Aos 16 anos, mudou-se para a biblioteca do pai, em uma ed�cula nos fundos da casa, do lado de uma pitangueira. Passou a escrever contos e poemas diariamente.
Com 18, ingressou no curso de filosofia da USP, no qual se formaria quatro anos depois.
"Meu projeto era, de certa forma, edipiano", diz Ramos, que n�o raro emprega o l�xico freudiano para se referir a si ou ao trabalho. "Esse percurso inicial se deu sob a reg�ncia da morte do meu pai, que era um intelectual uspiano e algu�m que dizia n�o ter escrito o romance que gostaria. Herdei essa carga."
A frustra��o, contudo, foi dupla. Pouco antes de terminar a faculdade, percebeu que n�o possu�a a voca��o de intelectual. "Para usar o t�tulo do ensaio do [fil�sofo franc�s G�rard] Lebrun [1930-99], 'A Paci�ncia do Conceito', eu n�o tinha a paci�ncia, no sentido etimol�gico, de recep��o de tudo aquilo que t�nhamos de ler."
"Eu me sentia menos capaz que meus colegas, achava que eles entendiam tudo muito melhor do que eu –sensa��o, ali�s, que guardo at� hoje. Gosto de ler livros dif�ceis, mas certamente perco alguma coisa grave, especialmente o movimento geral da obra. Acabo me deixando levar por afluentes e perco o rioz�o."
Embora ele afirme ter conseguido lidar bem com a decep��o, o fato � que ela se somou �quilo que Ramos sentia em rela��o aos pr�prios textos. "Comecei a duvidar daquilo que estava escrevendo; isso foi muito duro."
"Eu me lembro de n�o entender mais o que estava fazendo, de sentir as palavras saindo num fluxo vazio, como se tudo fosse abstrato demais", diz. Tampouco encontrou na literatura brasileira da �poca algo que o instigasse ou servisse de guia, fosse um autor, uma obra, um cr�tico ou um colega.
"Nessa �poca, alguma coisa na pot�ncia das palavras me dominou, ao inv�s de eu domin�-las, e a sa�da para as artes pl�sticas, para o trabalho com a mat�ria, me deu um lugar onde eu pude come�ar de novo", recorda-se.
Era o in�cio dos anos 1980. Ramos come�ou a pintar e logo se juntou ao coletivo de artistas que ficou conhecido como Casa 7, "um grupo j� bem constitu�do, com ideias pr�prias, em que aprendi demais", diz.
A reconcilia��o com as letras demorou quase dez anos. Durante o hiato, que afirma ter sido um per�odo de muito poucas leituras, Ramos se firmou como um dos artistas pl�sticos mais elogiados e promissores de sua gera��o.
O retorno �s letras, no come�o dos anos 1990, foi como um estalo. "Quando recomecei a escrever, a sensa��o foi a de que n�o era 'eu', n�o era algo confessional, mas uma voz liter�ria. Senti que o jogo da literatura estava sendo jogado. Escrever passou a fazer sentido."
Ramos arrisca uma explica��o: "Acho que s� pude encarnar o escritor depois que me corporifiquei como artista pl�stico. Sinto que, como artista, eu precisava de um corpo, e as artes pl�sticas me deram isso. O artista pl�stico talvez seja o corpo que ofereci � voz do escritor".
Jos� Miguel Wisnik, ensa�sta e professor de literatura brasileira da USP, resume essa peculiar trajet�ria art�stica. "Queria escrever e virou pintor, reconhecido como multiartista pl�stico surgiu escritor, e o escritor faz letras e can��es aos borbot�es", diz, em alus�o � produ��o de Ramos como letrista .
ESTREIA
"Cujo", primeiro livro de Ramos, de 1993, � um resgate liter�rio da experi�ncia que ele vinha tendo no ateli� com a mistura e a transforma��o de materiais. "Pus todos juntos: �gua, alga, lama, numa po�a vertical como uma escultura, costurada por seu pr�prio peso", escreve, na abertura.
Destitu�do de enredo ou personagens, "Cujo" compila fragmentos e reflex�es que n�o estabelecem rela��o direta entre si. "� um livro muito colado � atividade de artista pl�stico dele", diz o poeta e curador Jo�o Bandeira. "Parece ainda o livro de um artista pl�stico, embora em v�rios momentos j� apare�am sinais de uma prosa, por assim dizer, liter�ria."
A obra seguinte, "P�o do Corvo", foi editada em 2001 (e ser� relan�ada no fim deste m�s). "Esse � o primeiro livro do Nuno que � poss�vel reconhecer propriamente como literatura. S�o narrativas esquisitas, ensa�sticas, mas s�o, definitivamente, narrativas", diz Bandeira.
Ainda se valendo das formas breves exploradas em "Cujo", Ramos mescla, nas 17 hist�rias de "P�o do Corvo", o esfor�o ficcional com a reflex�o ensa�stica que iria desenvolver plenamente em "Ensaio Geral" , de 2007.
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Neste, reuniu 22 ensaios sobre arte, can��o, literatura e futebol, al�m de projetos de exposi��es e tr�s escritos memorialistas.
"Sua capacidade de entender certas especificidades da cultura brasileira –por exemplo, o lado mais sombrio do samba– � algo precioso para mim, que venho de outro pa�s", diz o italiano Lorenzo Mamm�, professor de filosofia da USP e curador de programa��o e eventos do Instituto Moreira Salles.
Dentre os textos de "Ensaio Geral", Jo�o Bandeira destaca os que tratam de Paulinho da Viola e de H�lio Oiticica, os quais "se tornaram refer�ncias obrigat�rias na fortuna cr�tica desses artistas".
Em 2008, veio a lume "�", seu livro mais conhecido, no qual desfila uma mir�ade de assuntos, do surgimento da linguagem a mulheres nuas, passando por galinhas e hidrel�tricas.
Jos� Pasta, professor de literatura da USP, escreve na orelha do volume: "[Os textos] n�o s�o contos, nem poemas em prosa, nem cr�nicas, nem ensaios, nem cr�tica, nem romance, nem autobiografia, sendo, no entanto, tudo isso e mais uma coisa incerta e n�o sabida, que o leitor nomear�".
A ousadia formal de "�" valeu a Ramos, em 2009, um dos mais prestigiosos –e bem pagos– pr�mios da literatura em portugu�s, o Portugal Telecom (hoje, Oceanos) de melhor livro do ano, deixando para tr�s autores consagrados, como o portugu�s Ant�nio Lobo Antunes e Jo�o Gilberto Noll (1946-2017).
Repetiu a dose em 2012, com "Junco", vencedor do Portugal Telecom na categoria poesia. Os poemas do volume –abstratos, dif�ceis e de dic��o cabralina– foram escritos ao longo de 14 anos. "Na literatura, tenho um superego muito mais formado do que nas artes pl�sticas", diz, para justificar seu processo de composi��o, que costuma ser lento e marcado pela reescrita obsessiva.
Ramos diz que os dois pr�mios foram muito importantes, pois lhe deram definitivamente o lugar de escritor –que vai al�m do de artista pl�stico que ocasionalmente escreve livros. "Mas, embora tenham me trazido o reconhecimento da cr�tica, n�o me ajudaram a constituir um p�blico", afirma.
VENDAS FRACAS
Ele estima ter vendido, contando todos os seus livros, cerca de 15 mil exemplares. "� muito pouco, e n�o foi por falta de divulga��o da m�dia."
Para Ramos, as vendas t�midas refletem a situa��o geral de descr�dito da literatura no pa�s –o experimentalismo de sua escrita possivelmente contribui tamb�m para tal performance comercial. "Uma das grandes ast�cias machadianas � a inven��o do 'caro leitor' nos romances. Sempre me perguntei que leitor era esse. Eram pouqu�ssimos, na verdade, quase n�o existiam. Essa situa��o n�o se modificou substancialmente no Brasil, onde at� hoje a literatura n�o formou propriamente um p�blico."
Entre "�" e "Junco", Ramos lan�ou "O Mau Vidraceiro", em 2011, um livro de hist�rias que se aproximam do conto, numa tentativa de retomar sua vertente mais narrativa. Com "Serm�es" , �ltima obra publicada (2015), Ramos apostou numa prosa po�tica convulsiva e delirante, na qual narra a vida de um professor de filosofia obcecado por sexo, que faz serm�es desatinados enquanto caminha pela praia.
Enquanto escrevia o livro, teve uma experi�ncia rara, que descreve como a sensa��o de que a voz do personagem emergia de dentro de si. "Aquela impress�o de ter conseguido subir na prancha e pegar a onda."
Sobre o novo trabalho, diz: "Tentei forjar uma mitologia melanc�lica, escrita do ponto de vista da perda, de como eu gostaria de escrever ou fazer arte. Tentei descrever isso num Rio de Janeiro arquet�pico e com personagens reais, mas biograficamente imprecisos e mitificados".
"A obra liter�ria de Nuno Ramos � profundamente inquieta", diz Gustavo Silveira Ribeiro, professor de literatura brasileira da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). "Desliza entre g�neros, frequenta m�ltiplos temas e experimenta linguagens o tempo todo. De livro para livro, desde o primeiro, ela se faz e refaz sempre diferente de si mesma: n�o h� const�ncia, e essa �, talvez, sua principal caracter�stica, a aposta no desvio e na diferen�a."
Jo�o Bandeira v� o que chama de "indisciplina formal" do artista com rela��o aos grandes g�neros liter�rios. "Seu livro de poesias, por exemplo, parece ser um �nico poema que se repete a cada p�gina. Nos textos em que voc� espera uma narrativa, aquilo se desdobra num ensaio; nos textos propriamente ensa�sticos, ele se vale de uma linguagem liter�ria, alusiva, metaf�rica, repleta de imagens."
O hibridismo, tamb�m recorrente na produ��o visual, � apontado por muitos como sintoma de originalidade, mas para Ramos � fonte de ang�stia e inseguran�a. "Meu medo � que essa caracter�stica, no fundo, seja uma enorme forma brasileira de irresponsabilidade criativa, que leve a minha obra a soar como um infinito tatear em busca de algo nunca encontrado. A frase terr�vel para mim � aquela que uma vez me disseram: 'Fez tanta coisa e n�o vai ficar nada'."
DESCONEX�O
Um dos temas mais explorados por Ramos em sua obra liter�ria � o da desconex�o entre mat�ria e linguagem, "da falsidade da linguagem porque ela n�o tem correspond�ncia material com o que diz", afirma.
Em "�", por exemplo, imagina a possibilidade de "estudar as �rvores numa l�ngua feita de �rvores, a terra numa l�ngua feita de terra", de descrever "uma paisagem com a quantidade exata de materiais e de elementos que a comp�em".
"Os narradores de seus livros", diz Jo�o Bandeira, "demonstram uma insatisfa��o melanc�lica, uma irrita��o, justamente porque, na vis�o deles, a linguagem mata o que h� de verdadeiro, de importante, de vital nas coisas –ela disciplina, amarra, nomeia. Nos 'Serm�es', o narrador a todo momento diz que a palavra vai matar as coisas, mas, ao mesmo tempo, � algu�m condenado a tratar dessas mesmas coisas por meio da palavra."
Para Lu�s Augusto Fischer, professor de literatura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o modo como Ramos desenvolve essa quest�o encerra um paradoxo.
"Apesar de serem recorrentes em seus livros declara��es de d�vida acerca do poder da palavra e de sua capacidade enunciativa, o saldo sugere bem o oposto. Os textos costumam ter um aspecto geral de triunfo sobre essa d�vida; s�o uma vit�ria, um passeio sobre os impasses e as imagens de derrota que povoam a superf�cie dos enunciados, mas que n�o s�o sua alma."
"Vejo em Nuno Ramos", prossegue Fischer, "um vis�vel prazer, gozo mesmo, em apontar para impasses na rela��o entre texto e mundo, linguagem e coisa, mas, � maneira dos poetas, sempre mediante jogos de palavras que se oferecem como elementos para a admira��o do leitor, como a mostrar que o impasse existe, mas que o escritor merece o cr�dito por hav�-lo dito de modo sutil."
Embora Ramos procure manter a atividade de escritor separada da de artista pl�stico e ambas as carreiras corram em paralelo, essa cont�nua investiga��o dos encontros e desencontros do mundo da palavra com o mundo da mat�ria evidencia quanto os dois artistas, no fundo, est�o imbricados.
"De um lado, sua literatura est� coalhada de refer�ncias a coisas materiais, numa escala vertiginosa, que vai dos fluidos corporais �s manifesta��es tel�ricas, como lava e terremotos", diz Jo�o Bandeira. "De outro, seu trabalho de artes pl�sticas est� repleto de discurso verbal, das coisas mais �bvias, como letras confeccionadas com vaselina, textos incrustados em paredes e v�deos de pessoas declamando, at� trabalhos que se d�o de maneira totalmente verbal."
Bandeira cita a obra "Balada" –um livro de 896 p�ginas em branco atravessado por uma bala de rev�lver– como um exemplo de cria��o em que o escritor e o artista pl�stico se abra�am. "Aquilo � um trabalho de artes pl�sticas incr�vel e ao mesmo tempo vive nas beiradas do continente da literatura."
A impress�o de Mamm� � de que Ramos apenas se vale de meios diferentes para executar uma mesma e �nica obra. "�s vezes ele � pintor, �s vezes faz instala��es, �s vezes faz performances e �s vezes escreve um livro. � diferente, por exemplo, de um Chico Buarque, que num per�odo � s� escritor, no outro � s� m�sico e compositor."
Jos� Miguel Wisnik enumera as facetas art�sticas que identifica em Ramos: "Pintor, desenhista, escultor, ficcionista, poeta, ensa�sta e cancionista, com incurs�es pelo v�deo e pela performance, tudo isso afluindo para suas instala��es".
"Mas n�o se trata", adverte, "de uma cascata de personas art�sticas estilha�adas em heter�nimos. Seu campo � tudo, a base � uma s�."
� sua maneira –como uma foto em negativo–, Ramos diz o mesmo. "Acho que n�o sou nem poeta, nem ensa�sta, nem escritor, nem letrista, nem artista pl�stico... Quer dizer, eu sou, mas sou n�o sendo."
FERNANDO TADEU MORAES, 32, � jornalista da Folha.
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