Cantareira sai do volume morto ap�s 535 dias e ganha f�lego para 2016
Depois de 18 meses, algumas chuvas e muitas torneiras secas em S�o Paulo, o sistema Cantareira deixou de depender nesta quarta-feira (30) da �gua do fundo das represas para abastecer parte dos moradores da Grande S�o Paulo.
O maior conjunto de represas de S�o Paulo atingiu 22,6% de sua capacidade e, na pr�tica, n�o opera mais com �gua do chamado volume morto, situa��o na qual estava desde julho de 2014. O volume morto � uma extensa por��o de �gua que fica abaixo dos t�neis de capta��o da Sabesp nas represas do Cantareira e somente � retirada com a ajuda de bombas especiais.
O Cantareira tem capacidade para 1,3 trilh�o de litros de �gua, sendo que 288 bilh�es (cerca de 23%) est�o abaixo das tubula��es fixas de capta��o, ou seja, nesse tal volume morto –chamado pelo governo de "reserva t�cnica".
Para o governo do Estado, a recupera��o do volume morto marca uma virada na condi��o clim�tica que castigou o Estado de S�o Paulo. J� para ambientalistas, a atual crise h�drica ainda � apenas um pren�ncio de tempos com clima ainda mais extremo.
De qualquer forma, a volta das chuvas e a retomada do uso dos dutos fixos de capta��o, por�m, n�o trazem um al�vio autom�tico, j� que o racionamento deve seguir duro em diferentes pontos da regi�o metropolitana para que uma poupan�a de �gua possa ser acumulada para enfrentar o pr�ximo per�odo seco, de abril a setembro.
Sistema Cantareira deixa o volume morto
HIST�RICO
Diante maior seca das �ltimas d�cadas sobre o Cantareira, a estrat�gia adotada pela gest�o Geraldo Alckmin (PSDB) e pela Sabesp, estatal paulista de saneamento, foi captar emergencialmente uma por��o de �gua que nunca havia sido captada.
No in�cio de 2014, a Sabesp nem ao menos sabia como iria captar essa �gua. Depois de alguns projetos, t�cnicos da empresa decidiram montar um conjunto de bombas flutuantes no meio da represa para jogar a �gua para dentro dos antigos t�neis da empresa. Uma empresa de Santa Catarina, tinha um conjunto de bombas de irriga��o � pronta entrega, o que adiantou o projeto.
A ideia inicial foi lan�ar as bombas, represa a dentro, a uma dist�ncia que pudesse alcan�ar a �gua capaz de abastecer parte de S�o Paulo at� outubro daquele ano. O m�s marca o in�cio do per�odo chuvoso e a empresa e o governo do Estado achavam que depois desse m�s, a chuva iria fazer com que o reservat�rio voltasse a seu volume �til.
Mas as chuvas n�o vieram e o governo Estadual e a Sabesp tiveram que lan�ar um segundo conjunto de bombas para captar a �gua cada vez mais no fundo da represa, o chamado "segundo volume morto".
No in�cio da opera��o, especialistas criticaram a explora��o do volume morto, dizendo que a medida iria drenar quase toda a �gua do Cantareira, retardando cada vez mais a sua recupera��o.
De qualquer, forma, caso o volume morto n�o fosse explorado, cerca de 8 milh�es de pessoas ficariam sem �gua em S�o Paulo. A maioria delas na zona norte da cidade. Essa era a popula��o no in�cio de 2014 que tinham como �nica alternativa de abastecimento a �gua vinda do Cantareira.
Por isso, al�m de usar o volume morto, a Sabesp precisava reduzir a popula��o abastecida diariamente pelo Cantareira. Ao longo dos meses seguintes, as tubula��es de �gua sob a cidade de S�o Paulo passaram a ser mais conectadas e foi poss�vel fazer com que bairros que antes eram abastecidos apenas pelo Cantareira, pudessem tamb�m ter �gua fornecida de outras represas como o Guarapiranga e o Alto Tiet�, por exemplo.
Assim, a popula��o atendida pelo Cantareira passou de 8 para 5 milh�es.
Mesmo com duas cotas do volume morto e atendendo menos pessoas, o Cantareira continuou caindo ao longo de 2014.
Nessa �poca, a gest�o j� tinha adotava a pol�tica de diminuir a for�a com que enviava a �gua pelos canos da cidade. O objetivo dessa manobra � diminuir a �gua perdida nos in�meros vazamentos na rede da Sabesp (estima-se que 19% da �gua tratada da Sabesp se perca por essas falhas).
O problema da manobra � que, sem for�a, a �gua n�o chega �s casas de bairros mais altos ou distantes da cidade. O efeito colateral � fazer com que milhares de pessoas fiquem sem �gua durante horas praticamente todos os dias nos �ltimos dois anos. Esse fen�meno foi se tornando cada vez mais forte e sentido principalmente entre os mais pobres.
O ano era de campanha eleitoral, em que Alckmin se elegeu no primeiro turno ao cargo de governador, alegando que n�o existia e nem existiria falta de �gua em S�o Paulo.
Ap�s a elei��o, j� no final de 2014, a Sabesp e a gest�o Alckmin decidiram instaurar uma pol�tica que punisse moradores da Grande S�o Paulo que aumentasse o consumo de �gua, medida considerada impopular.
O programa de incentivo financeiro e o menor fornecimento de �gua para S�o Paulo fizeram com que o consumo de �gua na Grande S�o Paulo ca�sse de 71 mil litros de �gua por segundo para 54 mil litros de �gua por segundo.
Essas medidas aliada a uma recente melhora do regime de chuva sobre o Cantareira foram respons�veis para que o reservat�rio finalmente sa�sse do seu volume morto e atingisse nessa quarta-feira o �ndice zero de sua antiga capacidade.
� poss�vel, no entanto, que em 2016, a Sabesp tenha que voltar a recorrer a essa por��o de �gua. Tudo depende da atual esta��o chuvosa. Se ela for boa, servir� para manter uma reserva h�drica para que S�o Paulo passe pelo pr�ximo inverno (que � a temporada seca no Sudeste brasileiro). Caso a temporada de chuvas n�o seja boa, essa reserva se perder� em meados de 2016, o reservat�rio poder� retornar ao volume morto e S�o Paulo enfrentar� mais um ano de restri��es e crise h�drica.
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