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Bolsa Baguette: a história do acessório icônico dos anos 2000

Imortalizado por clássicos da cultura pop, como "Meninas Malvadas", o acessório volta com força total graças à febre Y2K

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Guilherme de Beauharnais
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Sarah Jessica Parker nas gravações de "And Just Like That..." com a bolsa Baguette da Fendi (Foto: Getty Images)

“Ela tem duas bolsas Fendi e um Lexus prata” é uma frase que muitos fãs de clássicos da cultura pop vão reconhecer. Ela é parte da introdução de Regina George, a loira popular por quem toda a escola é apaixonada na comédia adolescente Mean Girls (2004).

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Ironicamente, são modelos da Louis Vuitton que acompanham a “abelha-rainha do ensino médio” durante o longa. Mas a menção às bolsas Fendi não foi à toa. Na época em que o filme estreou, o acessório – ou melhor, a Baguette – era um must-have no guarda-roupa de qualquer fashionista que queria estar minimente atualizada.

Carrie Bradshaw, de Sex & The City, que o diga. A personagem de Sarah Jessica Parker foi protagonista de uma das cenas mais icônicas relacionadas à it-bag dos anos 2000. Em um episódio da 3ª temporada, ela corrige um ladrão, em pleno assalto, que sua bolsa é, na verdade, “uma Baguette!”.

Sarah Jessica Parker com bolsa Baguette da Fendi, em foto do início dos anos 2000 (Foto: Getty Images)

It-bag, bolsa icônica ou must-have fashionista: são todos sinônimos para a Baguette da Fendi. A bolsa, inclusive, nasceu para ser todos eles. Silvia Venturini Fendi, a terceira geração da família italiana, criou a bolsa em 1997 esperando justamente que ela fosse uma companhia cotidiana das mulheres: prática, leve e fácil de carregar debaixo do braço, como os franceses fazem com as baguetes.

Silvia não idealizou o item sozinha. Contou com o time de designers da casa que, na época, incluía Pierpaolo Piccioli e Maria Grazia Chiuri, hoje diretores-criativos na Valentino e Dior. A inspiração para o acessório foram as bolsas vintage, das décadas de 1920 e 1930, que sua avó, Adele Casagrande, que participou da fundação da Fendi em 1925, colecionava.

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Fendi primavera-verão 2020 (Foto: Vogue Runway)

No final dos anos 90, a moda era sobre inovação. Tom Ford, Alexander McQueen, John Galliano estavam revolucionando na passarela e o sucesso de Karl Lagerfeld (que também estava na Fendi desde 1963) na Chanel e Gianni Versace só crescia. Ainda assim, não era o melhor dos tempos para o surgimento de acessórios icônicos que fossem modernos na essência.

Com exceção da Vela, a mochila de nylon lançada por Miuccia Prada em 1984, as it-bags entravam quase todas no padrão da elegância clássica. Era o caso dos ícones da Hermès, a Kelly (1977) e a Birkin (1984), a Lady Dior (1995) e a 2.55 e 11.12 da Chanel. É verdade que, desde os anos 70, também havia a Jackie, da Gucci, um modelo hoje considerado “cool”, mas esse twist veio apenas em 1999, com Tom Ford.

Madonna e Guy Ritchie em 2000 (Foto: Getty Images)

A bolsa Baguette era diferente de tudo e, por isso, foi um sucesso. A demanda na Europa foi tão grande que a Fendi lançou um conceito inédito do universo fashion: a lista de espera. Essa inovação, comum na moda hoje, é mais uma entre os vários pioneirismos da marca ao longo de seu existência.

Em 1977, por exemplo, a casa italiana foi a primeira a lançar um fashion film, chamado Histoire d’Eau, décadas antes do formato se popularizar entre as grandes marcas durante a pandemia, em que desfiles presenciais se tornaram inviáveis.

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A explicação para o status icônico da Baguette está na sua constante inovação. Desde seu lançamento, o item já foi lançado em centenas de edições e reedições.

Paris Hilton em 2000 (Foto: Getty Images)

Os dois F’s espelhados que formam o monograma da marca (criado em 1965 por Karl Lagerfeld) também são constantemente reinventados, aumento o frescor do acessório. Em 2021, nasceu o FF Vertigo, uma versão psicodélica do motivo clássico, criada pela artista nova-iorquina Sarah Coleman.

Foi na temporada de outono-inverno de 2019/2020 em que acessório finalmente quebrou as barreiras de gênero, entrando para os desfiles masculinos da Fendi.

O momento mais significante da Baguette nas passarelas masculinas, até agora, foi na coleção de outono 2022. Nela, o acessório apareceu pela primeira vez com a estampa O’Lock, outra edição do monograma, inspirada nas joias criadas por Delfina Delettrez Fendi, filha de Silvia.

Fendi outono-inverno 2019/2020 (Foto: Vogue Runway)
Fendi outono 2022 (Foto: Vogue Runway)

O recente revival dos anos 2000 pode explicar o fascínio das novas gerações com a bolsa Baguette. A Saddle, da Dior, criada por John Galliano em 1999, também é uma das it-bags do Y2K que voltou a ser queridinha. Depois de praticamente desaparecer das passarelas em 2003, foi finalmente resgatada por Maria Grazia Chiuri no outono de 2018.

Fendi primavera-verão 2021 (Foto: Getty Images)

Esse não foi o caso da Baguette, que nunca deixou de aparecer nos shows da Fendi. Pelo contrário, a marca nunca esqueceu seu ícone. Em 2012, a casa italiana celebrou o aniversário de 15 anos da bolsa com a Baguettemania, um movimento internacional que começou em Paris. Na ocasião, foi publicado um livro luxuoso sobre o acessório e a inaugurada uma pop-up store na descolada (agora já fechada) loja Colette.

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O evento foi reproduzido em Londres, Milão, Los Angeles e Tóquio, e chegou ao Brasil em 2013, junto com a inauguração da primeira loja no país e cinco modelos da bolsa Baguette customizados por cinco artistas brasileiros.

Silvia Venturini Fendi nos 15 anos da Baguette, durante o lançamento do livro sobre a bolsa, 2012 (Foto: Getty Images)

Em 2019, a Fendi lançou a campanha #BaguetteFriendsForever, com uma série de nove vídeos com personalidades estilosas celebrando o comeback da bolsa. Entre elas, a supermodelo Winnie Harlow protagonizou um episódio em que encontra uma Baguette amarela, batizada de FendiFrenesia. O item se tratava de uma edição limitada da bolsa criada pelo perfumista Francis Kurkdjian (o nome por trás do Le Mâle, de Jean-Paul Gaultier) com um couro aromatizado.

Winnie Harlow com a Baguette de Francis Kurkdjian (Foto: Fendi)

A mesma campanha trouxe um episódio com uma participação especial da própria Sarah Jessica Parker, com a edição icônica em paetês roxos da Baguette, o mesmo design que protagonizou a cena do assalto Sex & The City, em 2000. O modelo foi novamente relançado em 2022, por mais de R$ 20 mil, para celebrar a estreia de And Just Like That, a continuação da série dos anos 90. Para combinar, também foi criada uma edição-limitada em rosa, em parceria com a atriz.

Sarah Jessica Parker durante as filmagens de And Just Like That, em 2021 (Foto: Getty Images)

No ano anterior, a Baguette já tinha sido o foco de outra campanha, The Baguette Walk. Filmada em Paris, ela apresentou ao mundo a Baguette 1997, uma revisitação do modelo original lançada na coleção cápsula de verão 2021.

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Rastrear a trajetória completa da bolsa Baguette é uma tarefa quase impossível. Com centenas de versões limitadas, perfumadas, clássicas, básicas ou luxuosas, esse acessório traz todo o estilo e versatilidade que esperamos e amamos em uma it-bag.

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