• Lucy Maguire
  • Vogue Business
Atualizado em
Metaverso  (Foto: Reprodução/ Yeezy Gap Engineered by Balenciaga)

Yeezy Gap Engineered by Balenciaga (Foto: Diuvlgação)

O lançamento de Yeezy Gap Engineered by Balenciaga, de Kanye West, inspirado na música, arte e videogames foi muito comentado em fevereiro passado. O que mais chamou atenção no design das peças foi a estética virtual das roupas. À medida que cresce o interesse pelo metaverso, analistas de varejo dizem que, sim, o digital já está claramente influenciando as tendências da vida real. “Isso normalmente ocorre por meio da evolução da estética já estabelecida ou da complementação de um elemento de fantasia às roupas”, diz Kayla Marci, analista da empresa de inteligência de varejo Edited. “O conceito de se vestir como um personagem de videogame se encaixa nas tendências da moda como o look Y2K; subculturas como fairycore e cyberpunk; e o apelo de filmes distópicos como Matrix.”

As buscas por microssaias – inspiradas nos modelos da Miu Miu e frequentemente vistas em avatares de jogos femininos – aumentaram 56% no primeiro trimestre de 2022, de acordo com os dados globais de varejo da Edited. A procura por couro aumentou 58%, botas de combate 20% e sapatos plataforma 161%.

Ativos digitais se tornam um símbolo de status de luxo

“A geração entusiasta da Web3 gosta de moda – o que significa que essa turma jovem faz parte de uma comunidade”, diz Ian Rogers, diretor de experiência da empresa de tecnologia cripto Ledger, que fabrica carteiras criptográficas de luxo que armazenam chaves privadas de informações.

Saweetie modelling a diamond-encrusted Ledger hard wallet (Foto: Reprodução/ Ledger)

A rapper Saweetie com uma carteira Ledger incrustada de diamantes (Foto: Ledger)

Rogers, que atuou como diretor digital da LVMH, ajudou a direcionar a Ledger para o setor de luxo. A empresa colaborou com a Fendi em uma carteira rígida com logotipo (que recebeu diversas críticas da comunidade cripto) e, agora, está se unindo aos joalheiros da Place Vendôme, em Paris, para criar carteiras rígidas incrustadas de diamantes, usadas por estrelas do hip-hop como Latto e Saweetie.

Rogers disse, na última conferência Non Fungible, em Lisboa, que notou um apetite pela moda física inspirada no metaverso. “Repare nas pessoas andando por aí com camiseta que tem estampa com foto de seu criptopunk (NFT) em vez do logotipo Polo Ralph Lauren”, diz ele. “Faz todo o sentido. As pessoas têm essa oportunidade de ser sua própria marca exibindo sua carteira digital. Isso é que é luxo, certo? É construção de identidade.”

O luxo, assim como o mercado de moda mais amplo, parece estar sob a influência de jogos, criptomoedas e estética da moda digital. Dito isso, muitas marcas que se apresentaram na Metaverse Fashion Week preferiram criar “gêmeos digitais” de suas coleções existentes offline, em vez de estrear novos designs e impulsionar novas tendências.

Segundo o CEO da Tommy Hilfiger Martijn Hagman, a marca americana mostrou sua coleção SS22 na Metaverse Fashion Week, dando vida ao conceito de see now, buy now tanto para o produto digital quanto para o “gêmeo físico” oferecido offline. “Estamos comprometidos em atender os consumidores da nova geração onde estiverem e os incentivamos a expressar sua individualidade, não importa onde escolham comprar ou interagir com nossa marca.”

Tommy Hilfiger (Foto: Reprodução/ Tommy Hilfiger)

A loja da Tommy Hilfiger na Decentraland durante a Metaverse Fashion Week (Foto: Reprodução/ Tommy Hilfiger)

Enquanto a coleção SS22 apareceu originalmente na passarela física em dezembro, Hagman está aberto à ideia de coleções virtuais no futuro. “É uma área que estamos explorando ativamente à medida que descobrimos a melhor maneira de coexistir”, diz ele. “As oportunidades são infinitas: ‘gêmeos’ phygital, apenas digital com novas oportunidades de expressão criativa e testes digitais – não apenas na Web3, mas também na Web2, que também tem um impacto positivo na cadeia de valor da moda mais ampla. Em última análise, melhorará nossas futuras ativações e interações de compras à medida que continuamos a evoluir nosso ecossistema digital”.

A Etro usou a Metaverse Fashion Week para estrear sua nova coleção de cápsulas Liquid Paisley virtualmente em sua loja na plataforma Decentraland antes de lançá-la fisicamente uma semana depois. “A marca já estava trabalhando na coleção quando recebeu a proposta do metaverso”, conta a diretora criativa Veronica Etro. A grife então adaptou todo o projeto para se adequar ao mundo virtual. “Na época, eu não tinha em mente o metaverso, mas continuaremos a incluir uma vibração inclusiva para futuros designs de Etro”, diz ela. “Acredito que o mundo real será influenciado pelo metaverso e vice-versa. A moda tem sede de novidade e o metaverso é uma forma de expressar a criatividade não só para a moda, mas também para o mundo da arte.”

A Imitation of Christ, coletivo de moda e arte de LA, também está priorizando o virtual. Para a Metaverse Fashion Week, a marca fez um vestido que desabrocha e se transforma em flores, enquanto outro explode em chamas. A fundadora Tara Subkoff está entusiasmada com o potencial ali. “Se vamos estar neste metaverso, quero que seja ótimo, quero que pareça com Dune. E quero que todos nós tenhamos essas roupas virtualmente, que desafiam a física”, diz.

 Imitation of Christ (Foto: Reprodução/  Imitation of Christ)

Imitation of Christ (Foto: Imitation of Christ)

A conexão virtual-física

“A moda virtual tem um grande potencial”, diz Andrew Kiguel, fundador e CEO da Tokens.com, proprietária da plataforma Decentraland, que arrecadou US$ 50 milhões em bens virtuais no ano passado. “O mercado total de bens virtuais valerá US$ 40 bilhões até 2030”, lembra ele. No entanto, é no cruzamento entre o metaverso e o mundo físico que as grandes vendas começam. “Sim, você pode ganhar dinheiro e anunciar e construir sua marca no metaverso”, diz Kiguel. “Mas é [sobre] tentar fazer com que essa pessoa se interesse pela marca para visitar sua loja ou seu site na vida real.”

Esta matéria foi originalmente publicada no Vogue Business