• Aline Midlej (@alinemidlej)
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Chimamanda Ngozi Adichie (Foto: Reprodução/ Instagram)

Chimamanda Ngozi Adichie (Foto: Reprodução/ Instagram)

O dia dela havia começado muito cedo e já eram quase 11 horas da noite quando cheguei ao coquetel de homenagem a mulher que, hoje, é reconhecida como ícone do chamado “novo feminismo”. Apesar do evidente cansaço, Chimamanda Ngozi Adichie sorria, se mostrava presente e interessada por todos. Conversamos um pouco e consegui contar sobre a matéria que havíamos exibido sobre sua vinda, na Globo News, também disse o quanto a admirava e era grata por suas contribuições… Até que – óbvio! – alguém a puxou para mais uma foto.

Faltou tempo. Gostaria de ter dito, também, o quanto ela havia influenciado minha visão de diversidade. A amplitude que essa palavra exige ainda é muito subestimada e desconhecida. É imperativo a praticarmos nos dias que se apresentam.

No célebre livro Americanah, Chimamanda fala sobre as percepções de uma jovem nigeriana que vive uma aventura estudantil nos Estados Unidos e, por consequência, as descobertas das muitas variações que a negritude tem. Na estética, no comportamento, nas referências, na ideia de si mesmo e do outro (corpo negro).

Chimamanda Ngozi Adichie (Foto: Reprodução/ Instagram)

Capa do livro Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie (Foto: Divulgação)

Mas a verdade é que isso vale pra tudo o que somos e representamos. Somos muitos, diversos não apenas na manifestação física dos genes, mas em desejos, dores, oportunidades, caminhos, enfim, repertórios. E mesmo quando um elo forte em comum nos une, sendo o maior de todos a dimensão humana, precisamos de espaço para que isso se manifeste em todas as possibilidades. São infindas porque surgem a partir da nossa disposição pra tal. E é nisto que está a nossa maior força, e a nossa maior chance de ser mais feliz de verdade. Sendo tudo o que podemos ser e permitindo que o outro também seja.

Maio se encerra com a lembrança de uma data pouco celebrada no mês: o Dia Mundial da Diversidade para o Diálogo e o Desenvolvimento. Criado há 20 anos pela ONU, a ideia é elevar a compreensão sobre a riqueza e a importância de coexistirmos na diferença. A sobrevivência humana pode depender disso, já que hoje, um quarto dos conflitos mundial estão relacionados com embates culturais, étnicos e religiosos, a exemplo da guerra na Ucrânia. Estamos morrendo porque não nos respeitamos como diferentes. Oportuno lembrar que muitos estudos já indicam a diversidade cultural como fator fundamental para a prosperidade, inclusive das empresas e instituições. Ambientes mais estimulantes e criativos também advêm de uma pluralidade presente.

Pra avançarmos, precisamos nos ouvir e reduzir as distâncias que dificultam o diálogo e o entendimento da perspectiva do outro. Na semana do dia 21 de maio - quando se celebra o Dia Mundial da Diversidade – tive a honra de comandar o Festival Globo News #ConversecomOutrasIdeias que juntou cabeças e corações comprometidos com a diversidade em muitas formas. Preta Gil, Rita Von Hunty, Karol Conká, Preto Zezé, a ex-BBB Jessi Alves, André Abujamra, Cora Ronai, Doralyce… A lista é grande e todos são igualmente relevantes em seus cenários de atuação. Vale a pena visitar os programas que gravamos neste link.

Meu convite é pra uma reflexão mais profunda e diária, tendo como ganho mais sentido e significado para vida. Observe onde está a diversidade em sua rotina, no seu trabalho, no seu entorno. Se interessar pela história do outro é fundamental. Diversidade não é uma palavra, é uma atitude. É o portal de passagem pra uma sociedade mais pacífica e interessante pra todo mundo. Sejamos diversos. E interessados no outro.