• Texto Mariana Mello Moraes | Realização Nuria Uliana | Repórter de imagem Juliana Fanchini | Fotos Victor Affaro
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Na fotoà esq., armário mineiro comprado na Via Vila. As cadeiras são da Ethnix e a jarra com flores é de CaluFontes. Quem entra na casa vê sala e cozinha unidas pelo cimento queimado e pelo jardim vertical ao fundo. Debaixo da escada, banqueta da Raízes (Foto: Victor Affaro)

Na foto à esq., armário mineiro comprado na Via Vila. As cadeiras são da Ethnix e a jarra com flores é de CaluFontes. Quem entra na casa vê sala e cozinha unidas pelo cimento queimado e pelo jardim vertical ao fundo. Debaixo da escada, banqueta da Raízes Design com cesto da Depósito Kariri (Foto: Victor Affaro/Editora Globo)

Trazido da Índia, o pesado Buda de madeira teve de ser despachado de navio. Hoje, ele fica na entrada da casa (Foto: Victor Affaro)

Trazido da Índia, o pesado Buda de madeira
teve de ser despachado de navio. Hoje, ele fica
na entrada da casa (Foto: Victor Affaro/Editora Globo)

Refúgio. Pode ser uma porção de coisas. No dicionário, é o lugar onde nos protegemos do perigo. Ou, simplesmente, o espaço onde nos sentimos amparados. Para a produtora Deborah Osborn, refúgio é esta casinha de vila em Perdizes – casinha esta que, para ser descoberta, exigiu pernas e persistência. A moça já morava no bairro, num apartamento alugado. Queria porque queria uma casa de vila. Como se sabe, imóveis assim são raros no mercado. Cansada dos corretores que tentaram lhe empurrar de tudo, adotou o método bater-de-porta-em-porta. Na companhia de Ziggy Stardust, seu cão de estimação, cruzou o bairro a pé até que encontrou uma vila candidata. Do lado de fora do portão, tocou nos números 2, 4, 6 e 8 do interfone. “Oi, desculpa incomodar. Tem alguma casa para vender aí?”, disse várias vezes. E não é que tinha!? A de número 10, pertencente a um senhorzinho que decidira viver em Atibaia, interior de São Paulo.

Apoiadas em mãos-francesas de demolição, prateleiras de compensado naval exibem discos, filmes, livros e recordações de viagens. Além de estilosa,a solução é econômica. Ao lado do Buda, prato de CaluFontes. No chão, letra de madeira da Area Objetos (Foto: Victor Affaro)

Apoiadas em mãos-francesas de demolição, prateleiras de compensado naval exibem discos, filmes, livros e recordações de viagens. Além de estilosa,a solução é econômica. Ao lado do Buda, prato de Calu Fontes. No chão, letra de madeira da Area Objetos (Foto: Victor Affaro/Editora Globo)

Pronto, Deborah achou a casinha. Perfeita, mais que perfeita. Tinha não apenas a localização, o preço e o tamanho desejados, como a fachada escondida da rua. Entre tantas qualidades, apenas um senão: antigo, o imóvel estava judiado pelo tempo. Entraram em campo, portanto, a arquiteta e paisagista Daniela Ruiz, da Pateo Arquitetura e Paisagismo, e seu colega Carlos Verna, também arquiteto. A repaginação foi total. Além das necessárias atualizações elétricas e hidráulicas, juntaram-se sala e cozinha, criou-se o lavabo num pedaço do quintal e foi posta abaixo a edícula dos fundos, dando lugar a um jardim vertical com chuveiro. Hoje, o que se vê é um sobrado pequenino do mesmo jeito, mas com vida nova.

na cozinha, as bancadas de cimento queimado acolhema marcenaria revestida de MDF colorido (Foto: Victor Affaro)

Na cozinha, as bancadas de cimento queimado acolhem a marcenaria revestida de MDF colorido (Foto: Victor Affaro/Editora Globo)

É a primeira vez que Deborah tem uma casa. Uma casa sua. Quando criança, cresceu na Granja Viana, com jardim, piscina, pintinho e cachorro. Depois, acostumou-se com a vida em apartamento, não apenas em São Paulo mas também em Nova York e Londres, durante temporadas de estudos. Por causa do trabalho – Deborah é sócia da produtora bigBonsai – e também por adoração, viagens pelo Brasil e pelo mundo são parte do dia a dia. É por isso que, na decoração, o armário rústico mineiro e o Buda esculpido em madeira, comprado na Índia, fazem tanto sentido. Na sala, extensas prateleiras são os altares dessas andanças. Há fotografias tiradas em Cuba, galinha de barro comprada no Recife, suvenir da Tanzânia. A Granja Viana e seu aspecto interiorano ganharam homenagens: jabuticabeira no vaso e terraço para tomar sol. Sair para o mundo e se esconder. Conhecer trilhões de pessoas e ficar só. Falar incansavelmente e silenciar. Essa é Deborah. E seu ninho, este pequenino sobrado, é a melhor tradução disso. “Minha casa sou eu”, diz.

a sala tem sofá deFernando Jaeger, tapete Puntoe Filo, mesas de centro da Empório Vermeil, com design do estúdio Nada Se Leva,e livros da Livraria Cultura. Na cadeirae no sofá, almofadas de Marcela Pepe. Embaixo da janela, baú da Ethnix. Da Artemide, lumi (Foto: Victor Affaro)

A sala tem sofá de Fernando Jaeger, tapete Puntoe Filo, mesas de centro da Empório Vermeil, com design do estúdio Nada Se Leva, e livros da Livraria Cultura. Na cadeira e no sofá, almofadas de Marcela Pepe. Embaixo da janela, baú da Ethnix. Da Artemide, luminária com cúpula articulada, à venda na La Lampe (Foto: Victor Affaro/Editora Globo)

O quarto de Deborah tem criado-mudo de madeira de demolição, da Via Vila, e enxoval da Villa Nova. Aqui, o cão Ziggy se sente em casa (Foto: Victor Affaro)

O quarto de Deborah tem criado-mudo de madeira de demolição, da Via Vila, e enxoval da Villa Nova. Aqui, o cão Ziggy se sente em casa (Foto: Victor Affaro/Editora Globo)

No banheiro, ladrilhos hidráulicos da Ladrilhos Artesanais. Refletido no espelho, o nicho feito na alvenaria guarda produtos de higiene pessoal. Na foto à dir., o cabideiro deixa à mostra, no corredor entre os quartos, credenciais de eventos frequentados p (Foto: Victor Affaro)

No banheiro, ladrilhos hidráulicos da Ladrilhos Artesanais. Refletido no espelho, o nicho feito na alvenaria guarda produtos de higiene pessoal. Na foto à dir., o cabideiro deixa à mostra, no corredor entre os quartos, credenciais de eventos frequentados pela moradora (Foto: Victor Affaro/Editora Globo)

No quintal,o jardim vertical da Greenwall foia solução da arquiteta Daniela Ruiz para trazer o verdee ainda assim preservaro espaço livre. Entre as espécies, há peperômias, lambaris, heras, flores-de-maioe peixinhos. Portas de correr, feitas de madeira, es (Foto: Victor Affaro)

No quintal,o jardim vertical da Greenwall foia solução da arquiteta Daniela Ruiz para trazer o verde e ainda assim preservar o espaço livre. Entre as espécies, há peperômias, lambaris, heras, flores-de-maio e peixinhos. Portas de correr, feitas de madeira, escondem a área de serviço (Foto: Victor Affaro/Editora Globo)