• Por Mirian Goldenberg
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cama; terapia da casa (Foto: ThinkStock)

Homens e mulheres lembram dos cheiros da infância com muito prazer: do café com leite e do pão quentinho com manteiga, do perfume do bolo de laranja, da roupa limpa no armário. Os aromas da casa fazem parte da nossa memória afetiva. Um arquiteto de 55 anos contou: “Eu sinto saudade do cheiro da casa dos meus pais. Algumas vezes sinto esse cheiro nos meus sonhos. Uma das coisas de que mais gosto é de casa cheirosa. Adoro o cheiro do cabelo lavado da minha mulher, o cheirinho do nosso filho depois do banho. Minha casa tem cheiro de amor e de felicidade”. Ele disse que sente rejeição por determinados cheiros. “Algumas mulheres usam perfumes muito fortes. Não consigo nem comer se sento ao lado de alguém com perfume. Às vezes mudo de lugar só para conseguir respirar. E aquelas pessoas que usam a mesma roupa vários dias e ficam com cheiro azedo? Uma vez tive de sair de um carro onde estava uma mulher que não depilava a axila e tinha um odor horroroso. Sem contar as pessoas com mau hálito, com chulé. A casa, como uma pessoa, precisa ser cheirosa.”

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PERFUME (MUITO) RUIM

Uma designer de 39 anos reforçou a importância do cheiro. “Tenho alguns clientes que  fumam charuto e deixam todos os ambientes fedidos. As mulheres que usam perfume doce, tipo moranguinho, me deixam com vontade de vomitar. Tenho uma colega que passa ovo no cabelo, não consigo nem chegar perto. E outra que está sempre com cheiro de naftalina. Será que elas não percebem que cheiram mal?”.

Os cheiros podem afastar as pessoas, como revelou um músico de 35 anos: “Saí com uma moça interessante, mas a casa dela tinha um cheiro horroroso. Uma mistura de mofo com cheiro azedo, de gordura de comida. Tenho aflição de gente que não troca a roupa de cama, que coloca no armário roupa usada, que não deixa o sol entrar em casa”.

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QUEM RESISTE AO CHEIRINHO DE UM BEBÊ?

Mas os cheiros também podem aproximar, como revelou uma professora de 40 anos: “Acho uma delícia cheirinho de bebê. Não tenho filhos, mas só uso xampu, colônia, óleo e sabonete de bebê. Não suporto perfumes fortes, gente com mau hálito e com roupa suja. Fico de mau humor em lugar fedido. O meu namorado me conquistou pelo cheiro. Ele não usa aquelas colônias e desodorantes insuportáveis. Ele tem um cheiro delicioso”.

BRASILEIRO TOMA MUITO BANHO

Segundo uma pesquisa feita em dez países, o brasileiro é o campeão do banho: em média, toma 20 banhos por semana, um recorde mundial. Depois vêm os russos, com 8,4 banhos semanais; japoneses (7,9); franceses (7,7); norte-americanos (7,4); alemães e italianos (6,1); britânicos (5,6); chineses (4,9) e indianos (3). Tomamos em média cerca de três banhos por dia.

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A cultura indígena nos deixou de herança o prazer com a água, com o cheiro e com a limpeza. O cheiro é associado à beleza, à saúde e à higiene. Em tempos de falta de água, muitos estão diminuindo o tempo do banho e tendo cuidado para não desperdiçar esse bem precioso. Apesar disso, continuamos, cada vez mais, valorizando a limpeza e o cheirinho gostoso das nossas casas.

Terapia da Casa é uma seção de Casa e Jardim, escrita pela antropóloga Mirian Goldenberg, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de vários livros. Entre eles, A Bela Velhice (Ed. Record)