• Por Marilena Dêgelo
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 (Foto: Jomar Bragança)

FACHADA: A construção possui uma laje que pousa suave sobre o terreno e outra, com uma ondulação, que faz a cobertura sustentada por colunas de aço pintadas de branco. Antes delas ficam os painéis de vidro temperado, da Cristal Box, em caixilho metálico (Foto: Jomar Bragança)

Uma das sinfonias de Bach espalha-se pela Serra de São José, em Minas Gerais. O som da música sai do toca-discos colocado estrategicamente perto dos painéis de vidro que abrem o living para a paisagem verde nesta casa de 300 m² no topo de uma montanha na cidade de Tiradentes. “Os moradores são muito ligados às artes. Eduardo dedica-se ao canto, à música e à gastronomia. Curtis é designer de joias”, conta Gustavo Penna. O arquiteto mineiro projetou a casa com uma suave ondulação na cobertura do living que evoca o barroco e, ao mesmo tempo, o modernismo, nas palavras dele. “Eu concebi este espaço para eles ouvirem música com as árvores e os pássaros”, afirma.

 (Foto: Jomar Bragança)

ENTRADA: Um recorte na parede estrutural permite enxergar a paisagem desde os caminhos no gramado, que levam à porta principal (à esq.). Do lado de fora ficam o volume e a chaminé metálica da lareira do living (Foto: Jomar Bragança)

Para não mexer na topografia e nas árvores existentes no terreno, a casa foi erguida em área plana no ponto mais alto do sítio de 100 mil m². “Procuramos um local próximo da entrada, com boa insolação e a melhor vista da serra”, diz o arquiteto. A inspiração para a ondulação do teto veio do centro histórico da cidade, que fica a 3 km e reúne dois extremos, segundo o arquiteto. “É uma joia do século 18 que mantém as igrejas de uma época conservadora e hoje tem toda a loucura da vanguarda das artes”, diz Penna.

 (Foto: Jomar Bragança)

GARAGEM: Perpendicular à laje ondulada, a marquise é apoiada de um lado pelas paredes estruturais. Nesta extremidade há o suporte da coluna de aço, da Jahu. O piso é de cimento queimado branco feito pela construtora. SALA DE ESTAR: Para aquecer a área, onde o pé-direito é mais alto, Gustavo instalou a lareira, com moldura de granito rafaello cerrado. No entorno, projetou as prateleiras de madeira, executadas pelo marceneiro Nilberto de Paula Barbosa (Foto: Jomar Bragança)

 (Foto: Jomar Bragança)

LIVING: O teto tem forro de ripas horizontais de madeira ipê que acompanham a ondulação da laje. A iluminação geral é de discretas luminárias metálicas presas nos pilares de aço. Nos ambientes, há móveis antigos e modernos. Mesa de jantar da oficina de Francisco Rodriguez (Foto: Jomar Bragança)

A cobertura curva é feita de laje pré-moldada, sustentada de um lado por pilares de aço e, do outro, por paredes estruturais. “O desenho cria um espaço onde se encaixam os painéis de vidro e, no prolongamento, vira a marquise que forma a varanda na qual os moradores tomam banho de lua”, explica. Toda a superfície externa da casa, incluindo a cobertura, recebeu reboco pintado de branco igual ao das paredes das casas antigas de Tiradentes. Os revestimentos internos de cimento queimado com pó xadrez e ladrilhos hidráulicos também encontram referências nos materiais das construções preservadas da cidade.

 (Foto: Jomar Bragança)

COZINHA: Os ladrilhos hidráulicos em dois tons diferentes de cinza, da Ladrilhos Barbacena, cobrem o piso e sobem pela parede até a bancada de granito andorinha, ao lado do fogão e de outros acessórios de cozinha industrial (Foto: Jomar Bragança)

A influência modernista está na fachada, voltada para a Serra, que tem fechamento das esquadrias metálicas com vidro temperado próximo dos pilares. Esses, por sua vez, deixam parte da laje em balanço para formar o beiral que sombreia os ambientes internos. “A janela não é só o espaço por onde entram a luz e o vento, mas que enquadra o mundo para passar nossa visão”, afirma o arquiteto. Além do living, o quarto e o banheiro da suíte principal, construída um pouco recuada da área social em uma das laterais, receberam os painéis de vidro para olhar a paisagem até durante o banho de ofurô. Mesmo no caminho do jardim para a entrada da casa há um recorte na parede para ver a vista. Já a cozinha é aberta para os fundos com a mata transitória, que inclui pau-d’óleo, jacarandá e as plantas nativas do cerrado.

 (Foto: Jomar Bragança)

LAVABO: A parede é revestida de ladrilhos hidráulicos até a bancada de cimento queimado vermelho com cuba de encaixe branca, da Deca. Embutidas atrás do espelho, as lâmpadas fluorescentes fazem a iluminação indireta. CORREDOR: O arquiteto Gustavo Penna projetou a estante no nicho entre as paredes dos quartos. Feita de madeira ipê, tem portas de vidro que correm encaixadas nas prateleiras. O piso e o rodapé são de cimento queimado branco  (Foto: Jomar Bragança)

 (Foto: Jomar Bragança)

QUARTO: A paisagem da Serra de São José é emoldurada pelo vão ocupado apenas pelo caixilho de alumínio branco, da serralheria de Paulo Braga, com vidro temperado. Do mesmo material, a janela e a porta fazem a comunicação com a área externa. Na cama, colcha colorida do artesanato da cidade histórica de Tiradentes  (Foto: Jomar Bragança)

Separada por bancada de madeira para a sala de jantar, a cozinha é o palco para Eduardo preparar os pratos especiais servidos nos encontros que os moradores promovem para os amantes das artes. “Eles têm paixão pela casa, que é uma obra aberta onde colocam sua história”, afirma Penna. A história aparece em móveis antigos e de design moderno dos anos 1950, principalmente na sala, em frente à lareira na área em que o teto curvo é mais alto. Como poderia dar reverberação, o arquiteto fez o forro de ripas horizontais de madeira ipê que acompanha a ondulação. Além do efeito acústico, promove aconchego. “A casa é pequena, mas nela cabe o mundo inteiro que entra pela transparência dos painéis de vidro”, conclui Gustavo Penna.

Entrada
Um recorte na parede estrutural permite enxergar a paisagem desde os caminhos no gramado, que levam à porta principal (à esq.). Do lado de fora ficam o volume e a chaminé metálica da lareira do living

Garagem
Perpendicular à laje ondulada, a marquise é apoiada de um lado pelas paredes estruturais. Nesta extremidade há o suporte da coluna de aço, da Jahu. O piso é de cimento queimado branco feito pela construtora

Sala de estar
Para aquecer a área, onde o pé-direito é mais alto, Gustavo instalou a lareira, com moldura de granito rafaello cerrado. No entorno, projetou as prateleiras de madeira, executadas pelo marceneiro Nilberto de Paula Barbosa

Cozinha
Os ladrilhos hidráulicos em dois tons diferentes de cinza, da Ladrilhos Barbacena, cobrem o piso e sobem pela parede até a bancada de granito andorinha, ao lado do fogão e de outros acessórios de cozinha industrial

 (Foto: Jomar Bragança)

PASSAGEM: A porta de vidro temperado leva à varanda, localizada entre o quarto e o escritório. Os cômodos são resguardados por recuo da área social. BANHEIRO: Dá para ver as montanhas de Tiradentes até do banho de imersão no ofurô sobre deque de ipê. Bancada de cimento queimado com pó verde e amarelo na meia parede de ladrilho hidráulico verde claro  (Foto: Jomar Bragança)

Lavabo
A parede é revestida de ladrilhos hidráulicos até a bancada de cimento queimado vermelho com cuba de encaixe branca, da Deca. Embutidas atrás do espelho, as lâmpadas fluorescentes fazem a iluminação indireta

Corredor
O arquiteto Gustavo Penna projetou a estante no nicho entre as paredes dos quartos. Feita de madeira ipê, tem portas de vidro que correm encaixadas nas prateleiras. O piso e o rodapé são de cimento queimado branco

Quarto
A paisagem da Serra de São José é emoldurada pelo vão ocupado apenas pelo caixilho de alumínio branco, da serralheria de Paulo Braga, com vidro temperado. Do mesmo material, a janela e a porta fazem a comunicação com a área externa. Na cama, colcha colorida do artesanato da cidade histórica de Tiradentes

Passagem
A porta de vidro temperado leva à varanda, localizada entre o quarto e o escritório. Os cômodos são resguardados por recuo da área social

Banheiro
Dá para ver as montanhas de Tiradentes até do banho de imersão no ofurô sobre deque de ipê. Bancada de cimento queimado com pó verde e amarelo na meia parede de ladrilho hidráulico verde claro