Morrissey conta sobre paulistana cega em sua autobiografia
Livro mais vendido nas livrarias da Inglaterra atualmente, a autobiografia do cantor Morrissey, ex-Smiths, tem escondido em suas p�ginas uma personagem acidental e paulistana.
� a professora de ingl�s Lara Siaulys, cega desde beb� --condi��o que nunca a impediu de frequentar shows e casas noturnas.
Lara � citada por Morrissey quando ele fala sobre um fato que ocorreu em um show em S�o Paulo, em abril de 2000, em sua primeira passagem pelo Brasil.
O cantor estava no final da apresenta��o quando uma garota foi levada a ele pelos bra�os da plateia.
Assim que ela chegou ao palco, Morrissey percebeu que a menina era cega. Ela lhe entregou um bilhete, e ele se emocionou: "Eu n�o posso te ver, mas eu amo voc�". "Montei uma estrat�gia para chegar perto dele", conta ela agora.
"Eu sabia que f�s dos Smiths levavam flores aos shows e levei algumas rosas naquele dia. E um monte de bilhetinhos, alguns em braile. Tinha v�rias frases, como 'eu n�o posso te ver, mas posso ouvir sua voz'".
Lara recorda o que fez quando sentiu que estava pr�xima de Morrissey e que ele havia pegado o bilhete de suas m�os: "Eu disse 'I love you' e tentei dar um beijo nele. Mas a� um seguran�a j� me puxava para um outro lado, para me retirar do palco, e o beijo pegou no ombro dele. Tudo bem para mim. No fim, eu dei um beijo no ombro do Morrissey".
Hoje com 35 anos, Lara � formada em m�sica pela Unicamp e, al�m de dar aulas de ingl�s, � diretora de uma ONG para assistir pessoas com problemas visuais.
CL�SSICO?
A obra do m�sico, que vendeu 35 mil c�pias na primeira semana em Londres, chama-se simplesmente "Autobiography".
Por exig�ncia do artista, o livro saiu pela Penguin Classics, uma s�rie especial da Penguin Books normalmente dedicada a grandes escritores mortos.
A concess�o causou espanto por l�. O jornal "The Guardian" publicou um artigo com o seguinte t�tulo: "Morrissey ganha o que queria, e a Penguin Classics afunda no T�misa".
Na ter�a, assim que soube que tinha ido parar no pol�mico livro, Lara nem foi trabalhar: passou o dia no telefone e nas redes sociais (seu computador tem um sintetizador que transforma as palavras escritas em som, e assim ela consegue se comunicar virtualmente).
"Eu, que sou de dormir cedo, fui dormir 1h da manh�", disse a paulistana do livro de Morrissey.