Cr�tica da er�tica desbotada
O sucesso da trilogia "Cinquenta Tons" traz quest�es de fundo que demandam reflex�o. N�o se trata de discutir se os livros t�m ou n�o algum valor liter�rio. Para confirmar a baixa qualidade do texto, basta ler um ou dois par�grafos. O curioso, por�m, � que tal evid�ncia n�o reduz o fen�meno a mero problema sociol�gico, como acontece com a maior parte dos best-sellers. O fato de se concentrar na encena��o de fantasias sexuais e, mais ainda, de explorar o delicado limiar entre o prazer e a dor, faz desses livros um caso particular, acrescido da novidade de que seu p�blico � formado quase exclusivamente por mulheres.
Lan�ado em 2011, o "mummy porn", como foi logo batizado, se tornou um fen�meno editorial no ano passado e, ao que tudo indica, promete atravessar 2013 ostentando novos n�meros de tirar o f�lego. S�o milh�es e milh�es de leitores, espalhados pelos quatro cantos do mundo, que sustentam a base de uma pir�mide que movimenta milh�es e milh�es de d�lares. Efetivamente, o dom�nio aqui � o do excesso.
Engana-se, por�m, quem associa o excesso das cifras mercadol�gicas ao excesso sexual que se reconhece como pedra de toque dos grandes t�tulos do erotismo liter�rio. Nada a ver, portanto, com um romance como "Hist�ria de O" (Ediouro), que causou furor ao ser lan�ado, em 1954, cativando tanto o p�blico quanto a cr�tica.
Angeli | ||
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Ilustra��o de Angeli para a edi��o de 14 de abril da "Ilustr�ssima" |
Assinado por Pauline R�age, pseud�nimo da misteriosa Dominique Aury, o livro escandalizou ao p�r em cena uma hero�na que se abandona ao papel de escrava sexual para se precipitar no absoluto de um �xtase que nem a morte consegue deter. Visto por muitos como um texto m�stico e n�o raro comparado aos escritos de Santa Teresa d'�vila, "Hist�ria de O" � um exemplo acabado daquela literatura er�tica perturbadora, que produz em n�s um imperioso deslocamento sens�vel e mental. Nada a ver, mesmo, com a tosca trilogia de E.L. James, que n�o tira nada nem ningu�m do lugar.
O conto de fadas da mocinha virgem que se apaixona pelo milion�rio altivo e bonit�o repete uma velha f�rmula que responde aos anseios femininos de uma paix�o imposs�vel e avassaladora. Sob um discreto "d�cor" de luxo, a ing�nua Anastasia se v� capturada pelos encantos do jovem empres�rio Christian Grey, que lhe retribui o interesse com demonstra��es de amor pouco ortodoxas.
� ele quem decide desde os livros que ela, estudante de letras, deve ler, at� as maneiras ousadas de como deve "explorar sua sensualidade e seus limites". � tamb�m ele a decidir que as pr�ticas necess�rias a tal explora��o devem ser seguras e consensuais, como manda o figurino, e que a rela��o de ambos deve ser pautada pelos termos de um contrato, como manda sua condi��o social. Com hierarquias e regras das mais convencionais, o enredo chega a ser puritano e, n�o fossem as tais cenas de sexo, seria de perguntar qual a novidade que ele traz.
Acontece que, at� agora, a literatura "adulta" de grande p�blico era destinada exclusivamente ao leitor masculino, a exemplo do que sempre ocorreu com revistas pornogr�ficas e outras edi��es do g�nero. Talvez E.L. James seja a primeira escritora de massa que, sem motiva��es feministas, tenha destinado ao leitorado feminino uma fic��o, narrada por uma mulher, em torno do sexo expl�cito e at� mesmo "hardcore".
Vale insistir, pois, que o livro nada tem em comum com tentativas passadas de criar uma pornografia, digamos, "libert�ria", a come�ar por aquela voga de publica��es focadas na conquista da "libera��o sexual" que rendeu t�tulos populares nos anos 1970, como "O Relat�rio Hite", "A Mulher Sensual" ou "The Joy of Sex". Prova disso � que n�o h� nem sequer uma linha que evoque aquela "sexualidade feminina" reclamada pelas herdeiras de Simone de Beauvoir e muito menos aquela "escrita er�tica feminina" exaltada pelas seguidoras de Ana�s Nin.
A bem da verdade, esse diferencial n�o constitui um problema em si, e a iniciativa seria bem-vinda se implicasse a supera��o de certas palavras de ordem do feminismo, j� bastante gastas. Longe disso, por�m, a equa��o que o romance coloca � de outro naipe.
PODER
Se a grande novidade est� no combinado de ingredientes picantes e sentimentais que d� �s leitoras de hoje acesso � velha "leitura reservada aos homens", as raz�es de seu sucesso n�o se esgotam a�. Nas entrelinhas, "Cinquenta Tons" sugere tamb�m um estranho desejo, que parte das mulheres, de refletir sobre os jogos de poder nas rela��es amorosas.
No centro da trama est� a rela��o entre o macho dominador e a f�mea submissa. Diversamente dos orgasmos, que s�o frequentes e m�ltiplos, o "happy ending" prometido a cada p�gina, e a cada volume, � sempre postergado por causa de um grande segredo que viria a explicar as taras do her�i e al�aria enfim os pombinhos � felicidade almejada. Enquanto isso n�o acontece, o par se abandona �s incans�veis cenas er�ticas que desfilam, uma a uma, diante do leitor e progridem em paralelo � sujei��o da hero�na.
Seria demasiado simples ver a� apenas a confirma��o da desigualdade entre os sexos. Ao colocar a simb�lica repress�o feminina a servi�o do desejo, a trilogia transfere as tradicionais imagens da submiss�o para o obscuro plano da fantasia, no qual se revela o tempo forte da personagem e de suas leitoras. Talvez se possa pensar numa nostalgia de certa feminilidade que j� n�o tem lugar no mundo atual, ou ent�o numa curiosidade sobre o papel "passivo" que ficou interditado a um grande contingente de mulheres urbanas nos �ltimos tempos.
Nada garante, por�m, que haja a� uma inten��o de volta para tr�s, pois o devaneio er�tico sempre pode representar o negativo das experi�ncias sexuais que essas mesmas mulheres v�m vivendo com seus parceiros. Se assim for, ganha particular sentido o fato de que o sadomasoquismo seja completamente romantizado na trama.
Ora, que del�cias um pr�ncipe encantado s�dico pode reservar ao p�blico feminino contempor�neo?
Antes de tudo, � de se crer que ele possa prometer um mar de sensa��es ao qual esse p�blico n�o deve ser insens�vel. Mais importante, por�m, � o fato de que sua persona ostenta todos os requisitos necess�rios para engendrar a fantasia de uma entrega total, fusional e sem reservas. Como, ent�o, interpretar a improv�vel virgindade da hero�na, sen�o por sua delibera��o de se guardar para uma experi�ncia desse quilate, sonhando com o dia em que for�osamente se abandonaria �s m�os de um homem todo-poderoso?
Escusado dizer que, se as leitoras se identificam com a casta Anastasia, n�o � por compartilharem de sua condi��o, mas precisamente porque, nessa condi��o inveross�mil, ela pode lhes oferecer a imagem de uma entrega absoluta cada vez menos prov�vel nas rela��es amorosas. De outro lado, o her�i tamb�m se prop�e como pe�a-chave desse imagin�rio, j� que sua impass�vel figura imp�e um desafio de grande porte para a mulher moderna: afinal, conseguir dobr�-lo pode ser um trof�u e tanto, seja para provar o infal�vel "poder feminino", seja para provar o infal�vel "poder do amor".
H� muita ambiguidade a� e, por certo, ela diz respeito �s ambiguidades que envolvem as tramas de amor e de poder entre os sexos na sensibilidade contempor�nea. Se j� n�o � mais t�o f�cil saber "quem domina quem" ou "quem se submete a quem", muito menos � adequar o sonho da entrega amorosa �s exig�ncias de um individualismo cada vez mais implac�vel. O problema dos limites revela-se crucial e n�o h� respostas prontas para a interroga��o que fica pairando no ar: at� onde se pode ir?
IMPASSES
At� onde ir? -esta �, com efeito, a quest�o nodal de "Cinquenta Tons". Formulada em termos puramente sexuais no desenrolar do enredo, a pergunta torna-se uma met�fora potente dos impasses da vida amorosa nos dias de hoje. Da� que a inquieta��o da personagem ecoe t�o profundamente no espa�o da leitura. E isso talvez seja o que h� de mais interessante neste livro t�o pouco interessante, rendido aos clich�s mais �bvios do romantismo pop.
Tome-se, a t�tulo de exemplo, uma das cenas finais do primeiro volume, quando a hero�na � amarrada a uma cama de quatro colunas e vendada com uma m�scara. "Ah, seu toque provoca um estremecimento delicioso. [...] nossa... j� estou a ponto de explodir. Por que isso � t�o er�tico?"
J� algemada, a jovem tem seu corpo percorrido por uma luva de pele � qual se seguem as tiras do a�oite, que lhe rendem "uma agonia doce", num crescendo que progride conforme a m�sica ambiente: "O coro recome�a... mais forte, mais forte, e ele me d� uma saraivada de golpes... e gemo e me contor�o. Mais uma vez, o coro cessa e tudo fica em sil�ncio... a n�o ser minha respira��o descontrolada... e meu desejo descontrolado. Por... ah... o que est� acontecendo? O que ele vai fazer agora?"
Mais uns par�grafos nessa lenga-lenga e "ele recome�a a se movimentar... saindo e entrando..." e "vai aumentando o ritmo. Acompanhando a intensidade da pe�a coral com uma precis�o infinitesimal -� muito controlado... est� totalmente no compasso da m�sica. E eu n�o consigo suportar mais".
A passagem, aqui bem resumida, ocupa seis p�ginas do erotismo rom�ntico mais chinfrim, nas quais o frenesi exclamat�rio s� perde para a vol�pia das retic�ncias, num festival de repeti��es e de ger�ndios que, por si s�, denunciam o valor do novo folhetim.
Em que pese a nota erudita do jovem s�dico -ao ensinar sua disc�pula que a m�sica � "um moteto para quarenta vozes de Thomas Tallis"-, sua escolha de acess�rios SM faz jus ao texto, recaindo sobre os produtos mais batidos do mercado sexual, como algemas, m�scaras, luvas e chicotes. Tudo trabalha para acomodar Eros aos mais estreitos limites do realismo.
Estranha, pois, que o livro seja �s vezes comparado aos cl�ssicos liter�rios do sadismo e do masoquismo -que, diga-se de passagem, jamais se juntam numa s� palavra. Ao inconceb�vel teatro das paix�es que a literatura de Sade oferece aos seus leitores, expondo diante deles um erotismo sem freios nem fronteiras, se op�em as desbotadas fantasias desses "tons de cinza", que se rendem n�o s� aos signos mais �bvios do consumismo como tamb�m �s bagatelas da ideologia do "politicamente correto".
Testemunho disso d� o contrato que o milion�rio "negocia" com a universit�ria, cujas cl�usulas sup�em tanto a frequenta��o de sal�es de beleza, a contrata��o de um personal trainer e a compra de roupas quanto a observa��o de "procedimentos de seguran�a" que protegem a jovem contra danos "f�sicos, mentais, emocionais, espirituais ou outros" (sic). Aqui at� mesmo as pervers�es se submetem a uma orienta��o "correta", reiterada nas pautas higi�nicas (como a interdi��o de manipular excrementos) e mesmo ecol�gicas (como a proibi��o do sexo com animais) que os libertinos sadianos tanto gostam de subverter.
N�o pense o leitor que a impossibilidade de aproximar E.L. James a Sade v� conduzi-la diretamente aos bra�os de L�opold von Sacher-Masoch, tamb�m invocado como um dos inspiradores do best-seller. Conv�m recordar que, se o livro do escritor austr�aco se vale igualmente de um contrato entre algoz e v�tima, n�o � jamais para restringir as atividades da dominadora para com seu fiel servo, mas antes para ampli�-las ao infinito.
Ao se dirigir � sua senhora, o protagonista de "A V�nus das Peles" (Hedra), de 1870 se oferece como o mais servil dos escravos: "Sem qualquer limite, tua propriedade, sem vontade, para que disponhas de mim a teu bel-prazer, e que disso n�o tenhas o menor arrependimento. Enquanto saboreias a vida em todas as suas nervuras, enquanto desfrutas em opulento luxo da serena felicidade, do amor do Olimpo, eu gostaria de cal�ar e descal�ar seus sapatos". Sem limites nem "procedimentos de seguran�a", o contrato n�o exclui nem mesmo a morte do submisso.
De fato, tais compara��es nos colocam diante de continentes distintos, um completamente estranho ao outro. Entre o desejo de absoluto que preside a er�tica de um Sade ou de um Sacher-Masoch e o desejo de inclus�o que orienta o imagin�rio da tola trilogia n�o h� um s� ponto em comum.
Bem adequados � sensibilidade contempor�nea, os romances da autora inglesa e seus cong�neres jamais criam um mundo sexual aut�nomo, onde prevalecem os desregramentos da imagina��o, mas antes preferem conformar suas fantasias ao que est� na ordem do dia. Da� que seu apelo "sadomasoquista" fa�a eco tanto � parafern�lia dos "sex shops" quanto ao erotismo radical e previs�vel dos clubes SM, que s�o frutos da mesma demanda de inclus�o evidenciada no best-seller.
Tudo leva a crer, portanto, que o sucesso dos "soft porn" tamb�m responde aos anseios de uma �poca em que certa ideia de marginalidade perdeu seu poder de fogo e igualmente seu glamour. Cultivado por muitos escritores que se dedicaram � er�tica liter�ria -de Jean Genet a Henry Miller, de Bukowski a Roberto Piva-, o desejo de estar � margem da sociedade, de ficar fora do "sistema", parece reunir cada vez menos adeptos.
O marginal, vestido de bom mo�o, vem cedendo lugar ao exclu�do e, em vez da transgress�o, o que ele reivindica agora � sua inclus�o. Desnecess�rio dizer que, uma vez "inclu�do", o sexo fica esvaziado da sua capacidade de perturba��o, do seu poder de desvio e, sobretudo, da sua voca��o subversiva.
O que sobra � pouco: uma sexualidade conformada �s exig�ncias da ordem social; um erotismo reduzido �s demandas da utilidade. Impossibilitados de recorrer ao absoluto de seus imagin�rios, s�dicos e masoquistas devem se dar as m�os para formar um par e, de quebra, serem felizes para sempre.
Eis a promessa do casal Grey e Anastasia: perfeitamente adaptados ao jogo dos pap�is sociais, eles enfim brindam o "sadomasoquismo" com seus porta-vozes ideais. N�o por acaso, isso ocorre num momento em que a pr�tica da transgress�o vem sendo cada vez mais normalizada pelo mercado.
Nessa economia, como se v�, muita coisa se perde. Para come�ar, perde-se a possibilidade de contemplar o vazio que fundamenta todo excesso er�tico genu�no. A saber, o vazio primordial que est� na origem da nossa exist�ncia, da nossa imagina��o e das nossas fantasias mais singulares, j� que n�o h� cria��o que prescinda de um espa�o em branco inaugural.
Nesse sentido, a trilogia de E.L. James pode ser alinhada a um empenho obstinado da ind�stria cultural para saturar, at� a exaust�o, esse vazio, alienando-nos do contato com seus perigos, seus horrores e tamb�m suas maravilhas. Ao reiterar os apelos sexuais que n�o cessam de nos assediar, condenando o erotismo � plena visibilidade, a tralha midi�tica oferece um repert�rio fechado e pronto de imagens, que funciona como um fast food do sexo. Mas isso ainda n�o esgota a quest�o.
Se livros como os de Sade ou de Sacher-Masoch tendem a gerar resist�ncias -e, n�o raro, desist�ncias-, isso acontece porque, aos olhos de quem os l�, eles parecem insuport�veis. Parecem e efetivamente o s�o -e por isso mesmo, quando lidos, produzem um deslocamento fundamental em seus leitores. Afinal, s� consegue vencer a resist�ncia quem aceita sair da zona de conforto. E isso beira o insuport�vel quando se trata dessa literatura, que nada tem de palat�vel e muito menos de "soft".
De fato, os art�fices do excesso n�o douram a p�lula: insistem em mostrar o horror como horror, n�o importa a qualidade de prazer que seus personagens possam tirar dele. Em suma, por mais absurdas que sejam as paix�es descritas nesses textos, por mais que elas se associem ao sofrimento, seus autores nunca a esvaziam de uma gravidade essencial.
� precisamente essa gravidade que se perde na pornografia leviana de "Cinquenta Tons". E � ela, obviamente, que nunca comparece na platitude dos discursos de seus protagonistas, como a seguinte fala do professoral Mr. Grey: "H� uma linha muito t�nue entre prazer e dor, Anastasia. S�o os dois lados da mesma moeda, e n�o h� um sem o outro. Posso lhe mostrar qu�o prazerosa pode ser a dor".
Poupemos o leitor do restante da passagem: n�o � dif�cil perceber que os lugares-comuns operam a� no sentido de neutralizar a gravidade do enunciado, trivializando-o ao m�ximo. A alus�o aos "dois lados da mesma moeda" confere certa naturalidade aos interc�mbios entre o prazer e a dor, enquanto a "linha t�nue" sugere uma leveza no m�nimo suspeita. Tudo concorre para simplificar o que n�o pode, nem deve, ser simplificado.
Nunca � demais lembrar, pois, que a ideia do sofrimento como fonte de prazer sempre pode sensibilizar esp�ritos menos bem-intencionados que o mocinho s�dico e a ing�nua masoquista do best-seller. � de temer, inclusive, que a simplifica��o desse discurso acabe caindo em m�os erradas e sirva a interesses escusos, ainda mais num mundo em que mulheres s�o espancadas em casa, e gays nas ruas. Afinal, o que deixa de inquietar j� est� a meio caminho de se tornar "natural". E o que deixa de ter gravidade est� apenas a um passo de se banalizar.
Ser�o esses os efeitos colaterais da inofensiva leitura da nova pornografia rom�ntica? Talvez. E talvez, no fundo, a express�o "mummy porn" queira realmente dizer que os perversos da hora est�o pedindo o colo da mam�e, mas sem jamais colocar em quest�o o jugo do papai. Resta saber o que tudo isso tem a ver com aquela er�tica militarizada que, poucos anos atr�s, fez a festa de um bando de rapazes e mocinhas que se entediava nos sombrios corredores de Abu Ghraib.
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