• 18/08/2017
  • Por Paula Jacob | Fotos Divulgação e Reprodução
Atualizado em

A história do cinema brasileiro é cheia de tragédias, infelizmente. Existem poucos registros do início das gravações, com filmes independentes ou não, por conta de inúmeros incêndios e furtos que as principais produtoras sofreram entre 1940 e 1970. A falta de investimento e instabilidade financeira, sem contar política, também foram fatores que agravaram a situação nada positiva para a sétima arte por aqui. Contudo, 2017 tem sido um ano cheio de estreias reconhecidas em festivais ao redor do mundo, com temáticas que vão das mais politizadas as mais lúdicas. Para celebrar este espaço alcançado por meio de tanta vontade e esforço, Casa Vogue separou alguns filmes que remontam as paisagens mais emblemáticas de um país no qual variedade é sinônimo. Confira abaixo!

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Norte

Brincando nos Campos do Senhor (1991)

Cinema brasileiro - Brincando nos Campos do Senhor (Foto: Divulgação)

Dirigido pelo icônico Hector Babenco, este filme, parcialmente gravado na Venezuela, é uma crítica a postura branca diante das culturas menos “evoluídas”, como a dos índios. Um casal americano de missionários é enviado ao país para catequizar uma comunidade indígena, que acaba não dando certo, por motivos que se falados estraga a experiência do filme.

Nordeste

Aquarius (2016)

Cinema brasileiro - Aquarius (Foto: Divulgação)

Polêmico é necessário, este belo filme de Kleber Mendonça Filho não só faz uma crítica ao mercado imobiliário brasileiro, como também mostra facetas de um comportamento nacional intrínseco na construção da sociedade brasileira. Recife, sua cidade natal, é palco do enredo, enaltecida da melhor maneira. Praias, sol, céu azul e arquitetura instigante tomam conta dos takes bem planejados. Sem contar, a casa histórica na qual o filme foi rodado.

Praia do Futuro (2014)

Cinema brasileiro - Praia do Futuro (Foto: Divulgação)

O nome já indica. A famosa praia de Fortaleza é cenário de um drama familiar e amoroso, vivido por Donato (Wagner Moura), o alemão Konrad (Clemens Schick) e o irmão mais novo de Donato, Ayrton (Jesuíta Barbosa). O longa de Karim Aïnouz também se passa na enérgica Berlim. O contraste de cidades é interessante e marca a reviravolta na vida dos personagens.

Auto da Compadecida (2000)

Cinema brasileiro - Auto da Compadecida (Foto: Divulgação)

Baseado no livro homônimo de Ariano Suassuna, este filme foi produzido e gravado na cidade de Cabaceiras, no interior da Paraíba. A paisagem árida percorre todo o set design, no qual as cores terrosas predomina, inclusive no figurino dos personagens. Premiado no Cinema Brasil e no Miami Brazilian Festival, este filme mescla os gêneros drama e comédia.

Capitães da Areia (2011)

Cinema brasileiro - Capitães da Areia (Foto: Divulgação)

Outro filme baseado em um clássico da literatura. Esta obra teve direção de arte de Adrian Cooper e fotografia de Guy Gonçalves em plena harmonia, sendo capaz de representar aquilo que só conhecíamos das palavras do livro homônimo ou de nossas projeções durante a leitura.

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Central do Brasil (1998)

Cinema brasileiro - Central do Brasil (Foto: Divulgação)

Gravado entre Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Ceará, este é um dos grandes filmes nacionais já feitos. Vencedor de inúmeros prêmios, incluindo o BAFTA de Melhor Filme Estrangeiro, Central do Brasil tem vários pontos positivos. A começar pela emblemática atuação de Fernanda Montenegro como a protagonista Dora, uma mulher que escreve cartas para pessoas analfabetas. O road movie permite a imersão nas diferentes cidades brasileiras, mostrando a diversidade de arquitetura, cores e natureza do país.

Centro-oeste

Somos Tão Jovens (2013)

Cinema brasileiro - Somos Tão Jovens (Foto: Divulgação)

Musical nacional em homenagem ao cantor e compositor Renato Russo. O recorte é da juventude do músico, após mudar-se do Rio de Janeiro para Brasília. Apesar de a cidade ser um marco na arquitetura do país, com construções assinadas por Oscar Niemeyer, é impressionante como os prédios conversam com o enredo e o quanto eles projetam um futuro de um passado já escondido.

Faroeste Caboclo (2013)

Cesar Troncoso (esq.) e Fabricio Boliveira em cena do filme Faroeste Caboclo    CREDITO: Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM*** (Foto: Divulgação)

Pode até parecer coincidência, mas este filme tem o enredo baseado na música de Renato Russo. João do Santo Cristo deixa Salvador em busca de uma vida mais digna. Brasília é o destino escolhido, porém a prosperidade almejada nunca foi alcançada, já que o local passava por uma fase violenta e marcada pela miséria. O cenário, portanto, não acolhe a arquiettura conhecida, mas acompanha outro lado da região, com fauna e flora devastadas.

Dois Filhos de Francisco (2005)

Emocionante drama sobre o começo da vida de Zezé Di Camargo e Luciano, alavancados pelo pai humilde e sua vontade de mostrar ao mundo o talento dos filhos. Interior de Goiás é o local das gravações e mostra uma realidade, infelizmente, ainda vivida pelos moradores. A cor árida dita o resto da composição visual do filme, como fotografia e figurino.

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O Outro Lado do Paraíso (2014)

Mais um filme rodado em Brasília, agora ambientada momentos antes do golpe de 1964. A cidade era sinônimo de esperança e boa vida, contudo a mudança de cidade afetou a família e o convívio por conta de fatores sociais e políticos da época.

Sudeste

Como Nossos Pais (2017)

45º Festival de Cinema de Gramado 2017  - Longa Metragem Brasileiro - “COMO NOSSOS PAIS” (SP), de Laís Bodanzky- Crédito Divulgação (Foto: Divulgação)

De maneira despretensiosa, como sempre, Laís Bodanzky apresenta uma São Paulo como ela é em seu novo filme, com estreia marcada para 31 de agosto. Prédios e janelas infinitas nos bairros antigos da cidade mostram o quanto o cotidiano de um paulistano pode ser caótico, mas ainda assim encontrar respiro com características que só a cidade tem. Parques e ciclovias fazem parte do discurso politizado da diretora.

Divinas Divas (2017)

Divinas Divas (Foto: Divulgação)

Uma homenagem feita para a sua família e para a cultura do Rio de Janeiro, este documentário de Leandra Leal é excepcional. As entrevistas com a primeira geração de travestis performáticas do país ganha corpo com material de acervo e, claro, muitas referências à cidade maravilhosa.

Rio, 40 Graus (1955)

Cinema brasileiro - Rio, 40 Graus (Foto: Divulgação)

Clássico do Cinema Novo, este filme de Nelson Pereira dos Santos foi reconhecido em 2015 como um dos 100 melhores brasileiros de todos os tempos. A despretensiosidade da gravação o torna um semi documentário sobre o cotidiano de cinco jovens da favela que vendem amendoim na praia. De cunho político e social, ele foi censurado pelos militares na época.

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Cidade de Deus (2002)

Cinema brasileiro - Cidade de Deus (Foto: Divulgação)

Dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, este filme adaptado do livro homônimo de Paulo Lins é uma das produções nacionais mais ambiciosas. A trama com certo suspense possui diversos personagens que se veem em acontecimentos entrelaçados por suas escolhas. O retrato do Rio de Janeiro entre os anos 1960 e 1980 mostra o crescimento da violência nas favelas, assim como a relação de cada pessoa com a situação nada favorável para o desenvolvimento social. O filme recebeu quatro indicações ao Oscar, mas não recebeu nenhuma estatueta.

Corpo Elétrico (2017)

Recém-estreado no país, o filme de Marcelo Caetano já está dando o que falar. Rodado no Bom Retiro, centro de São Paulo, ele conta sobre o dia a dia de um jovem gay que trabalha em uma das inúmeras confecções locais. Logo se apaixona por um de seus colegas de trabalho, Filipe, um imigrante africano. O romance, claro, é o foco (retratado de maneira nada clichê), mas a cidade não poderia ficar de fora. Apesar de famoso para muitos turistas, o centro de São Paulo é estranho para muitos paulistas.

Lavoura Arcaica (2001)

Cinema brasileiro - Lavoura Arcaica (Foto: Divulgação)

Gravado em uma fazenda em Minas Gerais, este drama quebra alguns clichês. O enredo começa quando o jovem André (Selton Mello) se rebela contra seu pai e o patriarcado em que vive no interior, cheio de machismo e imposições hierárquicas. A vida na cidade também não é das mais fáceis e, quando seu irmão o encontra em uma pensão antiga, lhe detalha todas as razões que o fizeram fugir. A ordem cronológica dos acontecimentos não é linear, o que torna o enredo mais dinâmico. Sem contar a paisagem rural belíssima como cenário.

Sul

O Filme da Minha Vida (2017)

Desconstruindo a estética visual de 'O Filme da Minha Vida' (Foto: Vitrine Filmes/Divulgação )

Aclamado longa-metragem de Selton Mello, este filme é quase uma ode ao Sul do Brasil de 1963. Apesar de a região de Bento Gonçalves ter crescido ao longo dos anos, a sensação de interior acolhedor jamais deixa as casas de madeira e pedra de tons acobreados e decoração rústica. Nada comum para um filme nacional, o local foi escolhido justamente por ser pouco explorado por outros diretores brasileiros.

Beira-Mar (2015)

Cinema brasileiro - Beira-Mar (Foto: Divulgação)

De uma delicadeza voraz, este filme de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon desconstrói qualquer estereótipo de um filme gay. Os amigos Tomaz e Martin passam alguns dias juntos no litoral gaúcho em busca de documentos importantes para o pai de um deles. Além da narrativa ser sutil, encontramos um cenário não muito corriqueiro para um filme nacional. A fotografia de João Gabriel de Queiroz privilegia o espaço no qual os personagens estão inseridos, de maneira a valorizar a intimidade dos dois.

O Estacionamento (2016)

Escrito e dirigido por William Biagioli, este curta-metragem paranaense foi um dos maiores destaques do Festival do Rio em 2016. Gravado em Curitiba, ele conta a história de um imigrante haitiano que passa a trabalhar e viver em um estacionamento. O gênero de suspense é o grande foco do diretor iniciante, que critica a sociedade em várias camadas.

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