• 13/07/2017
  • Por Paula Jacob | Fotos Reprodução
Atualizado em
6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)

Sofia Coppola é uma das diretoras mais influentes da sua geração. Sua perspicácia e delicadeza de contar histórias que não necessariamente são românticas, a faz uma diretora mais do que digna de receber Palma de Ouro em Cannes. Seu último filme, O Estranho que Nós Amamos, estreia no Brasil apenas em agosto, mas Casa Vogue já assistiu e entrega algumas curiosidades para instigar ainda mais a sua vontade de ir ao cinema assistir (uma ou mais vezes).

E MAIS: Com “Mulher Maravilha” e Sofia Coppola, o cinema finalmente dá um passo para a igualdade de gênero

Set Design

6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)
6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)

Se você é daquelas pessoas bem observadoras, vai sacar logo nas primeiras cenas que a casa na qual se passa o filme é a mesma usada por Beyoncé em vários de seus clipes de Lemonade, incluindo Formation. Madewood Plantation House (nome oficial da casa sulista) é uma construção histórica e já serviu de set design para outras produções, como A Woman Called Moses (1978), de Paul Wendkos, e Sister, Sister (1982), de John Berry. Quem sugeriu o espaço como cenário foi a produtora de set Anne Ross, quem instigou Sofia a tocar o projeto de O Estranho que Nós Amamos.

6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)

Clipe de Beyoncé com Serena Williams, gravado na mesma casa do filme de Coppola (Foto: Reprodução)

6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)

Elle Fanning e Kirsten Dunst brincam no set em conta no Instagram, reencenando parte do clipe de Beyoncé (acima) (Foto: Reprodução)

6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)

Clipe de 'Freedom', música do disco Lemonade, de Beyoncé, no jardim da Madewood Plantation House (Foto: Reprodução)

Contudo, como a Madewood Plantation House é muito antiga, a equipe do filme teve que manter os cuidados para não estragar nada e acabou por não usar os móveis originais. A decoradora Amy Beth Silver, portanto, produziu peças vintage de New Orleans para compor os cômodos certamente poéticos e muito bem ambientados.

LEIA MAIS: 6 cenários inspiradores que são verdadeiros protagonistas

Figurino

6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)

Para desenvolver as peças de roupa do filme, Sofia Coppola convidou a amiga de longa data e figurinista Stacey Battat, com quem já colaborou em A Very Murray Christmas, Bling Ring e Somewhere. Stacey, por sua vez, buscou nos arquivos do Metropolitan Museum sobre os tecidos, cores, comportamentos e outros detalhes de 1860 para criar as peças em tons pastel, com estampas florais e muita cintura marcada. “Usávamos o corset todos os dias. Ele muda sua postura, seu jeito de andar e até de falar. Porém, jamais nos vestíamos sozinhas, era impossível”, brinca Elle Fanning, em entrevista divulgada pelo filme.

6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)
6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)

Mesmo com as cores tradicionais e os efeitos mais lavados, característicos de Sofia, Stacey encontrou uma forma de marcar a personalidade de cada uma das sete mulheres do filme. Alicia (Elle Fanning) é uma adolescente mais rebelde, então seus vestidos são mais coloridos, cheios de movimento e babados. Já Edwina (Kirsten Dunst) é a professora do internato, mais romântica e sonhadora, com roupas floridas e rendadas. A dona do local, Mrs. Martha (Nicole Kidman), é mais madura e firme, portanto suas vestes seguem a linha mais tradicional, em cores neutras e muito branco.

LEIA MAIS: A influência da moda no cinema

Remake feminista

6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)

Baseado no romance homônimo de Thomas P. Cullinan, publicado em 1966, o filme de Coppola explora um lado ausente na narrativa do autor e também no filme de Don Siegel, de 1971. Isso porque a diretora, conhecida por seu ativismo em suas narrativas, optou por contar a história do ponto de vista das mulheres da casa e não do soldado ferido, interpretado por Colin Farrell. O discurso feminista é inteligente e está nas entrelinhas. Ele engana o espectador que, por consequências das construções sociais machistas, acaba caindo na linha de culpar as mulheres pelas coisas que acontecem durante o filme (nada de spoilers), quando na verdade deveríamos apoiá-las. Sofia é sutil, mas faz refletir sobre um assunto totalmente presente nas rodas de conversa de hoje em dia e quebra as pernas dos que estão assistindo, automaticamente fazendo refletir sobre o feminismo e/ou o machismo enraizado dentro de cada um. Simplesmente magnífico.

VEJA AQUI: 10 livros feministas indicados por Emma Watson

Cannes

CANNES, FRANCE - MAY 24:  Director Sofia Coppola attends the "The Beguiled" photocall during the 70th annual Cannes Film Festival at Palais des Festivals on May 24, 2017 in Cannes, France.  (Photo by Antony Jones/Getty Images) (Foto: Getty Images)

Em maio deste ano, quando O Estranho que Nós Amamos estreava no Festival de Cannes, o burburinho em torno do filme era enorme. As expectativas eram altas e já era de se esperar pelo menos algum prêmio para o longa. Sofia Coppola se mostrou absoluta e confirmou sua excelência como diretora, honrada com a Palma de Ouro de Melhor Direção. O marco foi maior ainda, porque Sofia foi a segunda mulher na história do festival a receber tal reconhecimento. Além dela, Nicole Kidman também foi condecorada com o prêmio de honra, por estar em três filmes e uma série presentes na semana de Cannes.

LEIA TAMBÉM: Cannes 2017: os destaques da 70ª edição

Orçamento

6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)
Maria Antonieta, de Sofia Coppola (Foto: Divulgação)

Maria Antonieta, de Sofia Coppola, teve orçamento de 40 milhões de dólares, o mais caro da diretora (Foto: Divulgação)

Das produções de Sofia Coppola, o único filme que teve um orçamento estrondoso foi Maria Antonieta, com aproximadamente 40 milhões de dólares. Os outros variam entre 5 e 10 milhões de dólares, normalmente valores de filmes independentes. Para O Estranho que Nós Amamos não foi diferente. Sofia tinha 10.4 milhões de dólares para dar vida a trama com um quê de suspense, gravada em 26 dias. Apenas como parâmetro, Mulher Maravilha teve um orçamento de 100 milhões de dólares, o maior destinado a uma diretora mulher na história de Hollywood. Mesmo que a estética de Sofia seja na linha dos longas independentes, é surpreendente o que ela é capaz de fazer com “pouco” dinheiro. Lembrando que Encontros e Desencontros custou apenas 4 milhões de dólares e rendeu de bilheteria mais de 40 milhões de dólares.

Trilha sonora

Sofia Coppola é conhecida por sua paleta de cor doce e pela fotografia mais lavada, mas a trilha sonora também é um dos seus fortes. The Strokes tocando em Maria Antonieta e Kanye West em The Bling Ring são, por certo, momentos marcantes em ambos os enredos. Para O Estranho que Nós Amamos, Sofia optou por algo mais clássico e bucólico. Os franceses do Phoenix (Sofia é casada com o vocalista Thomas Mars), então, desenvolveram todas as músicas do filme, para os momentos mais românticos e também os mais tensos.

Repórter da Casa Vogue, Paula Jacob é cinéfila de carteirinha, gosta de Wim Wenders a Sofia Coppola, passando, inclusive, pelos clássicos da Disney. Jornalista interessada por arte traz em A Arte do Cinema um olhar diferente sobre os filmes, abordando principalmente a direção de fotografia, direção de arte e figurino. Prepare a pipoca!