New York Times considera processar dona de ChatGPT por direitos autorais, diz rádio

IA foi treinada com dados disponíveis na internet, o que inclui reportagens do jornal

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São Paulo

O New York Times estuda formas de proteger sua propriedade intelectual de empresas de inteligência artificial, que usam dados disponíveis na internet para desenvolver a tecnologia. Os advogados do jornal norte-americano cogitam até recorrer à Justiça contra a criadora do ChatGPT, OpenAI. A informação foi divulgada pela rádio pública dos EUA, NPR, na quarta-feira (16).

O NYT e a OpenAI negociam há semanas uma forma de pagamento para garantir o uso legal das matérias do jornal no treinamento de IAs. Como as discussões não avançam, o veículo de imprensa passou a considerar a via judicial.

A NPR ouviu pessoas próximas ao caso, que pediram para ter a identidade preservada. O New York Times se recusou a responder à rádio, mas executivos da empresa têm dado sinais que confirmam a tensão com a OpenAI.

Fachada da sede do New York Times, em Manhattan, Nova York. Logo do jornal, como nome da empresa em fonte estilizada, fica acima de portas de vidro, entre estruturas de aço.
Fachada da sede do New York Times, em Manhattan, Nova York - Shannon Stapleton/REUTERS

O processo de raspagem de dados da internet, essencial para o desenvolvimento de inteligência artificial, é feito pelas empresas da área sem qualquer permissão. Nos Estados Unidos, ainda não há definição se esse procedimento é legal.

A política de propriedade intelectual para treinamento de IAs varia a cada país, de acordo com a coordenadora de cultura e conhecimento do InternetLab, Alice Lana.

"Estados Unidos, Japão e Singapura e alguns países da União Europeia já fizeram alterações legislativas que permitem que a mineração de dados e textos aconteça em bancos de dados, sem haver violação de direitos autorais", afirma Lana. A ideia é que o conteúdo não foi aproveitado por uma pessoa e sim processado por máquinas.

Isso garante segurança jurídica no desenvolvimento de inteligências artificiais geradoras, embora, nos EUA, a exceção à lei de propriedade intelectual seja válida apenas para pesquisa.

Na competição pela atenção do leitor na internet, o ChatGPT pode se tornar um competidor direto do New York Times, já que entrega respostas a dúvidas do público. A IA faz isso, de forma indireta, com material produzido e publicado pelo jornal.

Esse processo é ainda mais acentuado quando buscadores como Google e Bing, da Microsoft, que concentram grande parte do tráfego da internet, usam IA geradora de texto para entregar respostas no próprio site —sem redirecionar à fonte.

Caso um juiz considere que a OpenAI violou direitos autorais do jornal, o tribunal pode determinar a destruição do ChatGPT. Isso faria a OpenAI ter que criar uma nova inteligência artificial apenas com dados autorizados. A lei americana menciona multa de até R$ 150 mil para cada violação feita de maneira proposital.

As conversas entre o New York Times e a OpenAI vêm a público após a notícia de que o jornal não participaria de um grupo de veículos de imprensa unido para negociar com as grandes empresas de tecnologia condições para o uso de conteúdo noticioso de propriedade privada. A iniciativa é liderada pelo fundador da Fox, Barry Diller.

Em junho, a CEO do NYT Meredith Kopit Levien disse, durante o Festival de Cannes, que era hora das empresas de tecnologia pagarem o valor justo por acessarem o arquivo de jornais.

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