Com belezas naturais e heran�a hist�rica preservada, Minas Gerais � eleita melhor destino hist�rico do pa�s
Vencedora nas categorias: destino hist�rico no Brasil (24%), destino de natureza (6%)
Do alto da serra de S�o Jos�, um pared�o que circunda Tiradentes, as casas antigas da cidade aparecem ainda mais amontoadas do que vistas de baixo —formam uma esp�cie de tapete estendido em frente � Igreja da Matriz, elevada no ponto mais alto do munic�pio.
Quem a v� de longe tem a sensa��o de que pouco mudou desde que a vila se tornou uma cidade, em 1860. E com exce��o dos carros modernos, que ficam nas ruas durante a semana, a hist�ria colonial tamb�m est� preservada nos detalhes: nas pedras que cal�am as ruas, nas eiras e beiras, que marcavam status social, nos telhados e nas cruzes nas portas das casas.
| Alberto Lopes/Divulga��o | ||
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| Vista da serra de S�o Jos� da cidade de Tiradentes |
Contornada e cortada pela Estrada Real, via oficial constru�da pela Coroa Portuguesa para o tr�nsito de ouro e diamantes ainda no s�culo 17, a cidade tem as vias principais como pontos mais tur�sticos, como a que desemboca na pra�a central, feita pelo paisagista Burle Marx. Mas boa parte da hist�ria de Tiradentes est� nos becos e passagens secund�rias entre uma rua principal e outra —eram por elas que os escravos transitavam pela cidade, acessavam as casas pelos fundos, constru�am po�os e se encontravam.
Entre o pesar de um passado escravocrata e a beleza de obras religiosas, a cidade ajuda a compor uma rota do estado que nos transporta � era do ouro no pa�s. A pr�pria fachada da Matriz lembra a emblem�tica Igreja de S�o Francisco de Assis, em Ouro Preto, ambas feitas por Aleijadinho.
O munic�pio, a cerca de 160 km da cidade-ber�o do m�rtir da Inconfid�ncia, � palco do barroco e tem um acervo colonial preservado. As cidades, junto � Diamantina, formam uma tr�ade dif�cil de superar quando se trata de conhecer o ciclo do ouro no Brasil.
Mas sob o cal�amento que parece n�o se desgastar com o passar das d�cadas, ou atr�s das portas emolduradas com cores vivas, acontece uma movimenta��o moderna que convive harmonicamente com a mem�ria antiga. � o caso da cozinha contempor�nea, que invade as ruas de Tiradentes com a retomada de pratos e ingredientes locais.
O UaiThai, do chef Ricardo Martins, � um bom exemplo: o bistr� mistura a culin�ria tailandesa � comida mineira, com cria��es em que a goiabada parece ter sido feita para o curry —e que poderiam estar em qualquer bom restaurante da capital. Os pratos tradicionais, claro, n�o s�o ofuscados. H� 400 metros, o Biroska de Santos Reis tem um card�pio de boteco saboroso, com por��es do famoso pastel de angu, massa feita com fub�.
Eventos tamb�m s�o respons�veis por manter a cidade na rota de discuss�es atuais, caso do Festival de Cinema de Tiradentes, criado em 1997 e que acontece em janeiro, e do Foto em Pauta, evento de fotografia cuja nona edi��o foi realizada em mar�o deste ano.
Fora da arquitetura preservada, o que parece nos fazer voltar a outros tempos n�o � obra do homem. Depois da degrada��o aguda para a retirada do ouro, do impacto do aumento das �reas urbanas e, mais recentemente, do rompimento das barragens que destru�ram dois pontos do estado, as serras intactas, ostentando suas curvas e picos, s�o passeios obrigat�rios para conhecer as origens de Minas Gerais.
As serras da Canastra e do Cip� reservam cachoeiras e trilhas em regi�o com predomin�ncia do Cerrado. O parque nacional da primeira � o ber�o de um dos mais importantes rios brasileiros, o S�o Francisco, e a segunda serra, com relevo mais irregular, chega a ter picos com mais de 1.600 metros.
Est� na rota de belezas naturais tamb�m o primeiro parque nacional de Itatiaia, no centro da Serra da Mantiqueira.
Quem v�, das ruas de Tiradentes, a serra sem aparentar sua eros�o cont�nua, pode jurar que, tamb�m do lado de l�, nada mudou.
A jornalista viajou a convite do coletivo Tiradentes Mais
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