Ouro dos altares evoca a riqueza de Ouro Preto

A antiga Vila Rica, ber�o de Aleijadinho, da arte barroca em terras brasileiras e da Inconfid�ncia Mineira, � a "menina dos olhos" entre as cidades hist�ricas de Minas.

Conhe�a as preciosidades da arte sacra em tr�s cidades mineiras
Sob forte influ�ncia cat�lica, Mariana revive o s�culo 18
Profetas de Aleijadinho s�o ess�ncia de Congonhas

Seu prest�gio, adquirido no auge do ciclo do ouro do per�odo colonial, tornou-a a segunda capital mineira, desbancada somente quando Belo Horizonte foi constru�da no p� da serra do Curral, no fim do s�culo 19.

Ouro Preto manteve-se s�mbolo de como vivia a sociedade barroca mineira em meio ao poder cens�rio do reino portugu�s e das ordens religiosas -e ao mesmo tempo em que eclodiam as ideias libert�rias do Iluminismo.

A cidade tem um dos mais completos e preservados conjuntos arquitet�nicos da �poca colonial brasileira -� Patrim�nio da Humanidade declarado pela Unesco.

Nas igrejas de Ouro Preto, o barroco se manifesta em fachadas suntuosas, mas tamb�m, e sobretudo, nos altares decorados com talhas douradas, nas colunas retorcidas, nas centenas de esculturas de santos e anjos e nas pinturas nas paredes e no teto recriando cenas b�blicas.

As festas religiosas s�o outro s�mbolo da sacralidade cultural de Ouro Preto. Na Semana Santa, prociss�es e cerim�nias religiosas revivem as tradi��es e as rivalidades das irmandades do s�culo 18.

O tapete multicolorido (de serragem, casca de ovo, flores, p� de caf� e areia) que adorna ruas do centro hist�rico antes da P�scoa � um convite a desbravar os ba�s de tesouros encerrados nas igrejas da cidade.

Pai e filho
A igreja de S�o Francisco de Assis � a que mais desperta interesse no visitante. Foi concebida por Aleijadinho e Manoel da Costa Athayde, entre 1765 e 1810.

Contudo n�o � considerada a mais suntuosa de Ouro Preto. Tal t�tulo talvez caiba � matriz de Nossa Senhora do Pilar, de 1733, trabalhada em ouro e prata.

A igreja de Nossa Senhora do Carmo, conclu�da em 1772, tamb�m merece ser visitada. Na sua constru��o trabalharam duas gera��es de artistas de uma mesma fam�lia: o projeto inicial do templo � de Manoel Francisco Lisboa, arquiteto portugu�s que teve, com uma escrava, um filho que viria a suced�-lo na consecu��o da obra, o mestre Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

	Douglas Cometti/Folhapress
	Torres da Igreja de S�o Francisco de Assis, em Ouro Preto, Minas Gerais

Com imagens de santos negros e, na pintura do forro, de um papa negro, a igreja de Santa Efig�nia tamb�m foi projetada pelo pai de Aleijadinho, bem como a matriz Nossa Senhora da Concei��o de Ant�nio Dias (sim, Ouro Preto tem duas igrejas matrizes, devido � rivalidade entre bandeirantes e portugueses).

Dias foi o bandeirante que fundou Ouro Preto, em 1699. Sua matriz foi erguida entre 1727 e 1760, e nela est� enterrado Aleijadinho.

O circuito da arte sacra tamb�m se estende por alguns orat�rios coloniais remanescentes na cidade. Eram muitos no per�odo colonial, constru�dos nas ruas para afugentar os maus esp�ritos.

E h�, por fim, a cole��o de arte sacra do Museu da Inconfid�ncia (ingresso a R$ 8).

O museu est� instalado no pr�dio da C�mara e da cadeia colonial. Seu acervo sacro inclui pinturas de Athayde (como o "S�o Jer�nino") e esculturas de Aleijadinho (como uma imagem de s�o Jorge esculpida entre 1797 e 1803), al�m de casti�ais, orat�rios e at� altares do s�culo 18.

Mas a sua principal atra��o � a hist�ria dos inconfidentes e do movimento pela emancipa��o do Brasil. (EUCLIDES SANTOS MENDES)