A candidata do PT à Prefeitura de Salvador, Major Denice, defendeu que não há antagonismo entre militarismo e políticas de esquerda.
Policial militar na Bahia, ela disse ser um exemplo disso. "Em algum momento na nossa história alguém disse que o militarismo, as polícias militares estariam afastadas da esquerda. Eu não vejo assim", disse em sabatina promovida pela Folha em parceria com o UOL.
"Estou aqui, uma policial militar de esquerda, que em nenhum momento desassocio tanto das perspectivas da formação militar e também não desassocio das perspectivas de uma pessoa de política partidária de esquerda", disse.
"Nós já tivemos muitos militares de esquerda", disse, citando o caso de Carlos Lamarca, capitão do Exército e comandante guerrilheiro durante a ditadura militar (1964-1985).
A candidata afirmou que as forças militares foram criadas para proteger o poder, e não proteger as pessoas. "Precisamos inverter este panorama", afirmou aos jornalistas Flávio Costa, do UOL, e João Pedro Pitombo, da Folha.
Na última pesquisa Ibope, a petista apareceu com 6% das intenções de voto. O atual vice-prefeito, Bruno Reis (DEM), lidera com 42%.
Guarda Municipal e direitos humanos
Major Denice falou em criar uma Guarda Civil Municipal de direitos. "Uma reformulação no processo de capacitação da guarda, uma guarda pautada nos direitos humanos, diálogo e no fomento à dignidade da pessoa."
Ela também prometeu uma ronda cidadã que vai proteger pessoas em vulnerabilidade social. "É inverter essa lógica, nós estamos potencializando a reação para combater a violência e, às vezes, essa reação gera mais violência ainda", disse.
Racismo estrutural
Major Denice afirmou que não se pode pensar na cidade de Salvador sem levar em consideração a população majoritariamente negra.
A candidata falou em um programa municipal de desconstrução do racismo, para alcançar todas as secretarias. "Não podemos deixar de pensar na saúde a partir da pessoa negra", disse.
Ela citou a propensão da população negra de desenvolver anemia falciforme e doenças cardiovasculares. "A lógica dessa equipe médica é analisar a pessoa negra como regra e não como exceção e ela precisará ser capacitada para isso."
Dentro de seu plano de governo, a candidata afirmou que vai garantir um aumento mínimo de 80% de atenção básica de saúde. Ela também prometeu mais quatro policlínicas para a cidade.
Relação com o governador Rui Costa
A candidata afirmou ainda que "qualquer político" deve ouvir o governador Rui Costa (PT), mas disse que terá independência caso seja eleita. "A partir de 1º de janeiro de 2021, serei a prefeita desta cidade, sei liderar, sei comandar, sei gerir minha cidade", disse.
"Ouvi-lo será uma honra, mas as decisões partem de mim porque quem vai comandar Salvador sou eu", disse a petista.
SABATINAS
A Folha e o UOL estão sabatinando candidatos das principais capitais do país.
No Recife, foram entrevistados João Campos (PSB), Marília Arraes (PT), Patrícia Domingos (Podemos) e Mendonça Filho (DEM).
Dos candidatos em Belo Horizonte, foram sabatinados Áurea Carolina (PSOL), Alexandre Kalil (PSD), Bruno Engler (PRTB) e João Vítor Xavier (Cidadania).
De Salvador, Major Denice, Olívia Santana (PC do B), o Pastor Sargento Isidório (Avante) e Bruno Reis (DEM) já foram entrevistados. De Curitiba, João Arruda (MDB) e Goura (PDT).
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