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O que a Folha pensa Governo Lula

Hora de encerrar a greve

Professores e técnicos das universidades federais estão parados por tempo demais

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Manifestantes na plateia levantam faixas e erguem as mãos diante de parlamentares sentados no palco na comissão
Mobilização de servidores de universidades federais por reajuste salarial na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF) - Bruno Spada - 16.abr.24/Câmara dos Deputados

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ofereceu uma espécie de saída honrosa para os grevistas das universidades federais. Eles deveriam aceitá-la e encerrar um movimento a esta altura já abusivo.

À moda da administração petista, a tentativa de lidar com o problema envolve gasto público e ampliação do aparato estatal. Foram anunciados um tal PAC para as universidades, com promessa de R$ 5,5 bilhões em investimentos, e aumento de R$ 279 milhões nas verbas de custeio das instituições.

Prevê-se, no pacote lançado na segunda-feira (10), a construção de dez novos campi federais no país. Já haviam sido propostos reajustes salariais de 9% no próximo ano e de 3,5% em 2026.

Embora reivindiquem mais, os grevistas podem dar-se por vitoriosos com as medidas, graças às afinidades entre o governo e o sindicalismo. A sociedade, nem tanto.

Professores já estão parados há dois meses; técnicos administrativos, há três. Essas exorbitâncias, que prejudicam enormemente os estudantes, só são possíveis porque os paredistas têm a segurança de que não terão pagamentos descontados —para nem falar da garantia constitucional de estabilidade no emprego.

Mais dinheiro do contribuinte será injetado numa rede que já contava com R$ 64 bilhões no Orçamento deste ano, sem que sejam debatidas as distorções do ensino superior e do serviço público.

Como a Folha noticiou, os docentes e técnicos das universidades já somam mais da metade dos servidores civis federais (237,2 mil em um total de 443,5 mil). Justos ou não, reajustes salariais para essas categorias têm grande peso nas contas já deficitárias do Tesouro.

Uma reforma administrativa deveria, no mínimo, regulamentar a possibilidade de demissão por mau desempenho, como estímulo à produtividade. Do lado da receita, é preciso abrir as instituições ao financiamento privado, inclusive por parte dos alunos com capacidade de pagamento.

Se não forem superadas as resistências impostas pelo corporativismo acadêmico, as greves voltarão a ser uma triste rotina a comprometer a qualidade do ensino.

editoriais@grupofolha.com.br

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