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O que a Folha pensa União Europeia

França e Reino Unido desenham nova Europa

Com líderes sob pressão, eleições parlamentares nos dois países sugerem soluções distintas para problemas em comum

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Em foto preto e branco, dois homens jovens de terno escuro conversam, observador por seguranças também de terno
Emmanuel Macron, presidente da França, e Rishi Sunak, primeiro-ministro do Reino Unido - Chris Jackson/Reuters

Convocados de forma antecipada por líderes com mais de 70% de desaprovação popular, os pleitos parlamentares na França e no Reino Unido embutem semelhanças no diagnóstico dos problemas, mas cenários distintos para o que o eleitorado vê como solução.

Os franceses irão às urnas no próximo domingo (30), com um segundo turno em 7 de julho, munidos de razoável certeza de que legarão ao presidente Emmanuel Macron um Parlamento dividido.

Nele, a principal força tende a ser a da ultradireitista Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen. O grupo de Macron deve ficar em terceiro, atrás de um bloco esquerdista.

Isso significa não só a necessidade da chamada coabitação, em que o presidente terá um premiê opositor, mas também instabilidade para a montagem de um gabinete.

Macron pode apostar no desgaste da RN até o fim de seu segundo e derradeiro mandato, em 2027. Mas também se arrisca a fortalecer Le Pen como sua sucessora.

O líder convocou as eleições após ver o domínio da extrema direita na parcela francesa das eleições parlamentares da União Europeia. Ocorre que, no bloco continental, as instituições conseguem refrear apetites populistas de modo mais eficaz que os sistemas nacionais.

Isso dito, a RN adapta sua imagem. Le Pen buscou afastar-se dos elementos mais radicais que a orbitam. O líder nominal do partido, Jordan Bardella, disse que limitaria os termos da ajuda à Ucrânia contra a Rússia, mas fez críticas a Moscou após anos de proximidade da sigla com Vladimir Putin.

Pode ser oportunismo, mas é uma guinada. O que não muda são os problemas que trouxeram os direitistas ao palco: a economia e a percepção popular de que a imigração, uma solução para países com declínio de população ativa, é a raiz de todos os problemas.

Compartilha tal visão o britânico médio, que votará no dia 4 de julho. Sondagens colocam imigração ao lado de saúde e economia como questões centrais no pleito.

O primeiro-ministro, Rishi Sunak, também apelou ao voto antecipado para tentar sobreviver. Diferentemente de Macron, que tem mandato, ele deve presidir a retirada do poder de seu Partido Conservador, após 14 anos.

Agora, o país deve voltar às mãos da esquerda trabalhista, numa versão que se vende pragmática na economia. Na questão migratória, ela refuta o esdrúxulo plano de Sunak de deportar ilegais para Ruanda, mas também promete controles. Quais? Ninguém diz.

Em favor de Londres, há previsibilidade à vista, ante a balbúrdia parisiense. O denominador comum é que o desgaste dos governantes levará à mudança, ajudando a redesenhar o continente.

editoriais@grupofolha.com.br

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