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Teatro venezuelano

Maduro cria documento para deter contestação de pleito que organiza para vencer

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Nicolás Maduro, ditador da Veenezuela - Presidência da Venezuela/Xinhua

Na quinta (20), o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) divulgou um documento no qual 8 dos 10 candidatos à Presidência se comprometem a respeitar o resultado das eleições de 28 de julho.

Contudo o ato não passa de mais um subterfúgio que visa consolidar um terceiro mandato do ditador Nicolás Maduro, num processo farsesco desde seu nascedouro.

Maduro, por óbvio, foi um dos signatários. Seu principal adversário, Edmundo González, disse não ter sido convidado e considerou o compromisso uma "imposição unilateral" do regime.

Numa democracia, o respeito aos resultados das urnas não precisa ser reiterado pelos candidatos. Na Venezuela, esse princípio básico somente servirá para calar e perseguir quem ouse contestar a vitória do caudilho.

A campanha oficial começa em 4 de julho, já contaminada pelo autoritarismo. Os termos do Acordo de Barbados, de outubro de 2023, pelo qual Maduro prometeu eleições justas e competitivas, foram rasgados três meses depois, quando o regime declarou a inelegibilidade de María Corina Machado, vencedora das primárias da oposição.

Com isso, os EUA retomaram as sanções à Venezuela, que haviam sido suspensas pelo acordo. Dois meses depois, o mesmo CNE impediu o registro da candidatura de Corina Yoris, substituta de Machado.

Desta vez, até Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se mantivera omisso diante do golpe contra Machado, criticou o ato de Caracas.

As manobras do regime forçaram a oposição a pinçar Edmundo González, um diplomata aposentado, como seu candidato. Por mais que as pesquisas o apontem na liderança, trata-se de um nome inexperiente em política.

Maduro ainda bloqueou a observação das eleições pela União Europeia e moveu seu aparato persecutório. Ao menos 37 integrantes da campanha da oposição foram presos somente neste ano, sem contar os forçados ao exílio.

Como em 2019, o pleito de 2024 é organizado para esvaziar a competição. Trata-se de teatro destinado a respaldar mais seis anos de uma ditadura responsável por uma crise humanitária inaudita.

editoriais@grupofolha.com.br

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