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Guerra sem fim

Com nova ofensiva na Ucrânia, Putin muda comando da Defesa e eleva gasto militar

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Vladimir Putin, presidente da Rússia, em reunião com Serguei Choigu (esq.) e Andrei Belousov (dir.) - Gavriil Grigorov - 15.mai.24/Pool/AFP

Vladimir Putin inaugurou seu quinto mandato como presidente da Rússia com um pacote de surpresas. Na sexta (10), lançou ofensiva no norte da Ucrânia, mirando a região de Kharkiv, ao avançar sobre as defesas com velocidade inaudita desde o início do conflito em 2022.

Seu objetivo é ora insondável, se subjugar Kharkiv, uma missão difícil, ou criar um cordão sanitário para impedir lançamento de mísseis ucranianos contra o sul da Rússia.

Certo é que a ação drenou recursos humanos e materiais de Kiev em toda a linha de frente de 1.000 km e expôs áreas sob ataque a novos avanços. O pânico se espalhou, e o presidente Volodimir Zelenski teve de cancelar viagem ao exterior.

Os EUA despacharam seu secretário de Estado, Antony Blinken, para prometer apoio e armas que, por motivos paroquiais no Congresso americano, só foram liberadas em abril e ainda não chegaram.

Blinken foi além, sugerindo que o eventual emprego delas contra território russo, um tabu ocidental dado o risco de escalada, é decisão privativa do aliado

Em meio a esse cenário, Putin colocou na mesa carta ainda mais bombástica no domingo (12): promoveu a ministro da Defesa um economista keynesiano chamado Andrei Belousov, que o assessorou ao longo dos anos.

Ele ocupa agora o lugar de Serguei Choigu, que dirigia o órgão havia quase 12 anos e comandou a invasão do vizinho, mas fracassou em vencê-lo rapidamente. Ainda é incerto se Choigu, que foi para o posto de um aliado linha-dura de Putin no Conselho de Segurança do país, irá reter influência.

Já o presidente foi claro acerca do papel de Belousov. Nesta quarta (15), ao anunciar um gasto militar recorde no período pós-Guerra Fria, de 8,7% do PIB neste 2024, afirmou que "a relação entre canhão e manteiga deve ser integrada organicamente à estratégia geral de desenvolvimento do Estado russo".

Ou seja, Putin quer uma economia militarizada por longo prazo, para o embate existencial com o Ocidente que já anunciou em outras ocasiões. Considerando o poderio nuclear do Kremlin e a possibilidade de choques imprevistos, trata-se de perspectiva temerária.

editoriais@grupofolha.com.br

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