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O que a Folha pensa petrobras

Crise no RS e erros de Lula minam alta do PIB

Tragédia climática, fragilidade do Orçamento e intervenção na Petrobras dificultam que economia cresça com maior vigor

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Luiz Inácio Lula da Sillva (PT), durante anúncio de medidas de socorro ao Rio Grande do Sul, em Brasília (DF) - Evaristo Sá - 9.mai.24/AFP

Com boa parte dos dados do primeiro trimestre já disponíveis, tudo indica que a economia brasileira teve bom desempenho no período, depois da estagnação observada na segunda metade de 2023.

Acumulam-se incertezas, entretanto, a começar pelos impactos da tragédia climática no Rio Grande do Sul, que devem se manifestar ao longo dos próximos meses.

O IBC-Br, indicador de atividade do Banco Central, subiu 1,08% entre janeiro e março na comparação com o trimestre anterior, a partir do desempenho do comércio e do setor de serviços —que respondem pela maior parte da economia e devem compensar a estagnação da indústria e alguma queda da agropecuária.

Do lado da demanda, o vigor do emprego e da renda sustenta a alta do consumo das famílias, que deve garantir expansão do Produto Interno Bruto de cerca de 0,6% no trimestre, a julgar pela expectativa mediana de analistas.

Com essa trajetória, seria possível obter crescimento acima de 2% neste ano, menos que em 2022 e 2023, mas ainda assim um resultado satisfatório diante de todas as incertezas e também dos erros notórios cometidos pelo Executivo nos últimos meses.

Mas as dúvidas para o restante do ano são crescentes. O desastre gaúcho pode subtrair entre 0,3 e 0,5 ponto percentual do PIB no ano, ainda segundo estimativas muito imprecisas e preliminares.

Mesmo considerando que a reconstrução, uma vez iniciada, impulsionará a atividade, ainda é cedo para antever quando e em que montante isso será possível.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tampouco contribui para boas expectativas. O quadro positivo recente decorreu em parte da queda da inflação e dos juros desde o ano passado, com algum alívio na concessão e no custo do crédito.

Tal trajetória pode ser prejudicada, porém, quando se tem em conta a indisciplina fiscal, que já vem pressionando os juros para cima. Se no início do ano esperava-se que a taxa Selic seria reduzida a cerca de 9% anuais, hoje não se descarta que fique em dois dígitos.

Gastança e intervencionismo tacanho, como na troca de comando na Petrobras, mostram que a intenção do Planalto é retornar às práticas nefastas do passado que tantos prejuízos trouxeram ao país.

Os debates sobre os limites do aumento de impostos e a necessidade de controle de despesas apenas começam a tomar corpo na área econômica do governo. Infelizmente, o presidente da República dá sinais de que não dará nenhum passo nessa direção.

Ao contrário, quanto mais próximas as eleições presidenciais, maior o risco de que seja dobrada a aposta no rumo errado.

editoriais@grupofolha.com.br

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