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Ucrânia acusa Rússia de ataque que matou ao menos 41 e atingiu hospital infantil

Bombardeios com mísseis atingiram, além da capital Kiev, as cidades de Krivii Rih, Pokrovsk e Dnipro

São Paulo

Bombardeios com mísseis atingiram cidades de toda a Ucrânia e mataram ao menos 41 pessoas nesta segunda-feira (8).

Um dos pontos mais afetados foi o maior hospital infantil do país, na capital, Kiev. Segundo as autoridades ucranianas, esta foi a ofensiva aérea mais letal feita pela Rússia em meses.

"Ouvimos uma explosão, então fomos cobertos por destroços. Foi assustador, eu não conseguia respirar. Tentei cobrir meu filho com um pano para que ele pudesse respirar", disse Svitlana Kravchenko, 33, à agência de notícias Reuters. O bebê de dois meses não foi ferido, mas Svitlana sofreu cortes e teve o carro totalmente soterrado pelos escombros de um prédio.

A imagem mostra um grande grupo de pessoas, incluindo equipes de resgate, trabalhando em meio aos escombros de um prédio destruído. A estrutura do edifício está severamente danificada, com partes do telhado e das paredes desmoronadas. Há fumaça no ar. As equipes de resgate estão espalhadas pela área, algumas usando equipamentos de proteção e outras carregando ferramentas de resgate.
Socorristas fazem buscas nos escombros do prédio destruído do Hospital Infantil Ohmatdit após um ataque de míssil russo em Kiev, capital da Ucrânia - Roman Pilipey - 8.jul.24/AFP

Ao todo, 27 pessoas foram mortas, incluindo três crianças, e 82 ficaram feridas em Kiev, somando a ofensiva principal e o bombardeio realizado duas horas depois, cujos destroços atingiram um segundo hospital da capital, de acordo com os serviços de emergência. Socorristas e civis ainda vasculham os escombros do ataque ao hospital pediátrico.

Em Krivii Rih, cidade localizada no centro do território onde nasceu o presidente Volodimir Zelenski, a ofensiva deixou 11 mortos e 68 feridos. No leste do país, os mísseis atingiram uma área industrial na cidade de Pokrovsk e mataram três pessoas, segundo o governador da região de Donetsk.

"Terroristas russos mais uma vez lançaram um grande ataque de mísseis contra a Ucrânia, em diferentes cidades —Kiev, Dnipro, Krivii Rih, Sloviansk, Kramatorsk. Mais de 40 mísseis de vários tipos danificaram edifícios, infraestrutura e um hospital infantil", escreveu o presidente ucraniano no X.

Ao todo, cerca de 50 construções foram atingidas —inclusive um centro comercial, casas e prédios residenciais, além das duas instalações médicas— nestas cidades, segundo o ministro ucraniano do Interior, Ihor Klimenko. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que o ataque foi um dos maiores da guerra, que já dura mais de dois anos.

O ministro da Saúde, Viktor Liachko, afirmou que cinco unidades do hospital pediátrico foram danificadas e as crianças foram transferidas para outras instalações. O serviço de segurança da Ucrânia identificou o artefato que atingiu o local como um míssil de cruzeiro Kh-101.

Em visita a Varsóvia, onde deve assinar um pacto de segurança com a Polônia, Zelenski afirmou que a Ucrânia responderá aos bombardeios russos, cobrou posicionamento de países aliados e pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

O órgão atendeu ao requerimento após Reino Unido, França, Equador, Eslovênia e Estados Unidos o reforçarem, e se reunirá nesta terça (9). "Vamos denunciar o ataque covarde da Rússia ao hospital", disse a embaixadora britânica na ONU, Barbara Woodward, em sua conta no X.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou veementemente os ataques russos por meio de seu porta-voz, Stephane Dujarric, e afirmou que o bombardeio a hospitais é "particularmente chocante". "Direcionar ataques contra civis é proibido pelo direito internacional humanitário. Tais ataques são inaceitáveis e devem cessar imediatamente", disse.

O ministro italiano das Relações Exteriores, Antonio Tajani, manifestou apoio à Ucrânia em publicação no X. "Fico chocado com as imagens dos bombardeios em Kiev, que também atingiram um hospital infantil. Crimes de guerra devem ser condenados por toda a comunidade internacional", escreveu.

Os bombardeios foram classificados pela França como "atos bárbaros"; pelo Reino Unido, como um "ataque atroz"; e pelo primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, como um ato "odioso".

O ataque ocorre um dia antes de os líderes dos países da Otan começarem uma cúpula de três dias. Espera-se que Zelenski participe do evento, que terá a Guerra da Ucrânia como um de seus principais focos.

Negando a responsabilidade pelos bombardeios, o ministério da Defesa de Moscou afirmou que mira apenas instalações militares e que as imagens mostram que os danos foram causados pela queda de mísseis antiaéreos ucranianos.

Também nesta segunda, três civis foram mortos por projéteis ucranianos na cidade russa de Belgorodo, que faz fronteira com a Ucrânia, segundo o governador Viacheslav Gladkov. O número de feridos ainda não foi divulgado. Gladkov disse que um homem morreu na vila de Nikolskoie e outros dois em um hospital próximo.

Com AFP e Reuters

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