Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Supremo Tribunal de Israel decide que governo deve recrutar ultraortodoxos para o Exército

Em uma guerra, 'fardo da desigualdade é mais evidente do que nunca', argumenta corte após décadas de isenção a grupo

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Jerusalém | AFP e Reuters

O Supremo Tribunal de Israel decidiu, nesta terça-feira (25), que estudantes ultraortodoxos de instituições de ensino tradicionais, até agora isentos de obrigações militares, devem se alistar no Exército —um revés para a coalizão com membros de ultradireita do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

"Na ausência de um quadro legal adequado, o Executivo não tem autoridade para ordenar que a Lei do Serviço Militar não seja aplicada aos estudantes das escolas talmúdicas", decidiu a corte, em referência a centros de ensino judeus tradicionais.

Judeus ultraortodoxos protestam contra a imposição de obrigações militares ao grupo em frente a um escritório de recrutamento do Exército, em Jerusalém - Menahem Kahana - 11.abr.2024/AFP

A maioria dos israelenses, incluindo as mulheres, é obrigada por lei a servir no Exército a partir dos 18 anos. Membros da minoria árabe são isentos, assim como estudantes ultraortodoxos, de acordo com uma regra estabelecida por David Ben Gurion, fundador do Estado de Israel, em 1948.

A decisão tem o potencial de dividir o cada vez mais frágil governo de Netanyahu, que depende de dois partidos ultraortodoxos para se manter no poder. Os líderes das siglas disseram estar desapontados com a decisão, mas não fizeram ameaças imediatas ao governo.

A isenção ultraortodoxa de recrutamento tornou-se mais polêmica com o avanço da guerra de Israel contra o Hamas, na Faixa de Gaza, e os conflitos cada vez mais intensos de Tel Aviv contra o Hezbollah, na fronteira com o Líbano.

A decisão do Supremo Tribunal ocorre após o Parlamento israelense também abordar o tema ao lançar, no dia 11 de junho, um projeto de lei que determinava um alistamento progressivo dos ultraortodoxos nas Forças Armadas.

Alguns críticos, porém, consideram que o texto discutido pelo Legislativo e apoiado por Netanyahu está longe de atender às necessidades do Exército israelense neste momento.

"No estado atual das coisas, o não cumprimento da lei do serviço militar cria uma grande discriminação entre aqueles que são obrigados a fazê-lo e aqueles para os quais não são tomadas medidas para mobilizá-los", argumentou o Supremo Tribunal. "Neste momento, no meio de uma guerra difícil, o fardo da desigualdade é mais evidente do que nunca e requer a aplicação de uma solução duradoura", disse também o alto tribunal.

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