O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na quinta-feira (6) que não concederá indulto presidencial a Hunter Biden se ele for condenado, em uma rara manifestação dele sobre a situação legal do filho.
O quinto dia de julgamento de Hunter começou nesta sexta-feira (7), quando mais testemunhas foram ouvidas. Ele é acusado de ter mentido, em setembro passado, ao não mencionar o uso de drogas ilegais quando comprou um revólver Colt Cobra, calibre 38. Também responde por ter mantido ilegalmente a arma por 11 dias em outubro de 2018.
Questionado pela ABC News se aceitaria uma eventual condenação do filho, Biden disse: "Sim". A entrevista foi concedida na Normandia, na França, onde o presidente estava para as celebrações dos 80 anos do Dia D.
Na manhã de sexta, a primeira-dama, Jill Biden, que estava na Europa com o marido, deixou a delegação presidencial e chegou ao tribunal, em Wilmington, no estado americano de Delaware, para apoiar o filho.
A filha de Hunter, Naomi, e o irmão do presidente, James Biden, também estão no tribunal. De acordo com a CNN, a expectativa é que eles sejam chamados pela defesa para depor.
Hunter, único filho vivo do presidente, declarou-se inocente em outubro passado depois de ser acusado pelo procurador especial David Weiss.
Mas a situação dele se complicou na quinta-feira (6), durante o julgamento, após o depoimento da ex-cunhada Hallie Biden, que disse ter visto crack e uma arma Colt Cobra na picape do filho do presidente.
Ela é viúva de Beau Biden, que morreu de câncer em 2015, e admitiu no julgamento que iniciou um relacionamento com o cunhado em meados de 2016 para 2017. No depoimento, disse que frequentemente limpava a picape dele procurando por drogas, na tentativa de ajudá-lo a abandonar o vício.
Desde segunda-feira (3), quando começou o julgamento, o primeiro de um processo criminal envolvendo um filho de presidente dos EUA, já foram ouvidas outras testemunhas, que incluem a ex-mulher dele e uma ex-namorada. Elas falaram sobre o histórico de uso de drogas de Hunter, o que ele já reconheceu publicamente.
Na sessão de quinta-feira, foram apresentadas imagens de uma câmera de segurança de um supermercado que mostram Hallie jogando a arma de Hunter em uma lata de lixo. Os jurados também tiveram acesso a uma troca de mensagens entre os dois na qual ela dizia que temia pela vida dele.
"Procure um local para reabilitação, Hunter, tudo isso tem que parar", escreveu a cunhada em uma mensagem de outubro de 2018, logo após o filho do presidente comprar a arma.
A testemunha disse ainda que o filho do presidente a apresentou ao crack, vício do qual ela diz ter se livrado.
Na sessão de sexta, o dono da loja de armas e um ex-funcionário testemunharam a pedido da defesa, para provar que Hunter não estava sob efeitos de drogas. Os advogados também convocaram Naomi para depor e tentar atenuar o impacto do depoimento de Hallie, a principal testemunha da acusação.
De acordo com a CNN, a neta do presidente admitiu saber que seu pai estava "lutando contra o vício", mas que nunca o viu usando drogas na frente dela. Ela não conseguiu identificar exatamente quando soube do abuso de drogas de Hunter.
"Depois da morte do meu tio, as coisas pioraram", disse ela, referindo-se à morte de Beau Biden. Naomi afirmou ainda que no final de outubro de 2018 usou a picape de seu pai e que não viu drogas no veículo.
O argumento da defesa é que o filho do presidente havia passado por tratamento e poderia ter se considerado sóbrio quando comprou a arma, em outubro de 2018.
James Biden não testemunhou, e os jurados foram dispensados para ir para casa no meio da tarde. O julgamento prossegue na semana que vem.
Hunter e seus advogados não disseram se ele testemunhará em sua própria defesa, algo que a maioria dos réus evita para não se expor a perguntas dos promotores.
Se Hunter for condenado em todas as acusações pelas quais responde, poderá ter de cumprir até 25 anos de prisão, embora os réus primários geralmente recebam penas mais curtas.
O processo dá aos republicanos a chance de desviar a atenção dos problemas legais do ex-presidente Donald Trump. A sentença do caso Stormy Daniel será anunciada em 11 de julho. Ele foi condenado por um júri em um tribunal estadual em Nova York na quinta-feira (30) por 34 acusações de falsificação de documentos para encobrir dinheiro pago a Daniels como forma de evitar um escândalo sexual pouco antes da eleição de 2016.
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