Descrição de chapéu guerra israel-hamas Europa

Governo da Eslovênia reconhece Estado da Palestina e espera aprovação do Parlamento

Decisão é tomada dias depois de Espanha, Irlanda e Noruega legitimarem soberania de palestinos em anúncio conjunto; Israel critica

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Liubliana (Eslovênia) | Reuters

O governo da Eslovênia aprovou, nesta quinta-feira (30), o reconhecimento de um Estado da Palestina, afirmou o primeiro-ministro, Robert Golob, dias depois de Espanha, Irlanda e Noruega tomarem a mesma decisão em conjunto como resposta ao grande número de civis mortos em bombardeios israelenses na Faixa de Gaza.

O Parlamento ainda precisa votar o texto, mas a expectativa é que a medida seja aprovada.

O primeiro-ministro da Eslovênia, Robert Golob, anuncia que o governo reconheceu o Estado da Palestina - Borut Zivulovic/Reuters

"Hoje, a Eslovênia decidiu reconhecer a Palestina como um estado independente e soberano", anunciou Golob durante uma entrevista coletiva na capital, Liubliana. Para marcar a decisão, o governo hasteou uma bandeira palestina na sede do Poder Executivo, ao lado das bandeiras da Eslovênia e da União Europeia —bloco do qual faz parte, como Irlanda e Espanha.

Golob disse que "esta é uma mensagem de paz", e pediu um cessar-fogo imediato das hostilidades entre Israel e Hamas em Gaza e a libertação de todos os reféns israelenses sequestrados pela facção nos ataques do dia 7 de outubro, que mataram cerca de 1.200 pessoas, segundo Tel Aviv.

Desde o início do conflito atual, desencadeado pelo ataque terrorista, mais de 36 mil palestinos morreram na retaliação de Israel, de acordo com autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.

O governo israelense reagiu fortemente à medida. Em mensagem postada na rede social X, o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, cobrou dos deputados da Eslovênia que rejeitem o reconhecimento da Palestina, afirmando que a aprovação "equivaleria a recompensar" o Hamas e fortaleceria o "eixo do mal iraniano", prejudicando a amizade entre os povos dos pois países.

A decisão de Madri, Dublin e Oslo, formalizada na última terça-feira (28), também foi vista por Tel Aviv como uma retribuição ao terrorismo e levou a uma crise diplomática do Estado judeu com a Espanha. Entre outros ataques, Katz disse em uma rede social que "o período da Inquisição já acabou", fazendo referência à Inquisição Espanhola, que perseguiu judeus no período medieval.

Dos 27 membros da União Europeia, dez reconhecem a Palestina: Suécia, Chipre, Hungria, República Tcheca, Polônia, Eslováquia, Romênia e Bulgária, além de Espanha e Irlanda, mais recentemente.

Ainda não está claro se os acenos à causa palestina podem gerar uma onda de reconhecimento. Malta disse recentemente que poderia tomar a decisão em breve, e Reino Unido e Austrália afirmaram que também estão considerando adotar a medida.

Na terça, porém, o Parlamento da Dinamarca rejeitou um projeto de lei para reconhecer a nação, enquanto a França diz que o momento é ruim para esse debate. A Alemanha, por sua vez, uniu-se ao mais firme aliado de Israel, os Estados Unidos, ao rejeitar uma abordagem unilateral, insistindo que uma solução de dois Estados só pode ser alcançada por meio do diálogo, e que o reconhecimento deve vir ao final de um processo de paz.

Até pouco tempo atrás, a Noruega, que preside o grupo internacional de doadores para palestinos, seguia a posição de Washington, mas, após o início do conflito, perdeu a confiança no funcionamento dessa estratégia.

O país desempenhou um papel histórico na mediação dos Acordos de Oslo, que prometiam encerrar o conflito entre israelenses e palestinos e abrir caminho para a criação de uma Palestina independente. Entretanto, o acordo não prosperou, em parte por conta do assassinato do premiê Yitzhak Rabin por um extremista judeu em 1995.

A decisão da Irlanda também não foi surpresa —governada por séculos pelos britânicos, a Irlanda se tornou independente em 1921 e sempre se identificou com o movimento nacionalista da Palestina, que também esteve sob controle do Reino Unido antes de 1948.

Em um comunicado, o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, fez um apelo a seu homólogo israelense, Binyamin Netanyahu, "para que escute o mundo e detenha a catástrofe humanitária que estamos vendo em Gaza". "Queríamos reconhecer a Palestina ao final de um processo de paz, mas fizemos este movimento ao lado da Espanha e da Noruega para manter vivo o milagre da paz", afirmou o centrista.

Já o chanceler da Noruega, Espen Barth Eide, disse que foi "um dia especial" para as relações entre seu país e a Palestina. "Há mais de 30 anos, a Noruega tem sido um dos mais fervorosos defensores de um Estado palestino", afirmou o ministro.

Com a inclusão de Espanha, Irlanda e Noruega, subiram para 145 os países-membros da ONU que reconhecem o Estado palestino, entre eles o Brasil, de acordo com contagem da Autoridade Palestina, que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada.

Confira abaixo, em ordem alfabética, a lista completa. O Ministério palestino das Relações Exteriores considera ainda a Santa Sé (Vaticano), que não é um Estado-membro das Nações Unidas, e Malta, país europeu que oficialmente ainda não reconheceu o status dos palestinos.

  1. Afeganistão
  2. África do Sul
  3. Albânia
  4. Angola
  5. Antígua e Barbuda
  6. Arábia Saudita
  7. Argélia
  8. Argentina
  9. Azerbaijão
  10. Bahamas
  11. Bahrein
  12. Bangladesh
  13. Barbados
  14. Belarus
  15. Belize
  16. Benin
  17. Bolívia
  18. Bósnia
  19. Botsuana
  20. Brasil
  21. Brunei
  22. Bulgária
  23. Burkina Fasso
  24. Burundi
  25. Butão
  26. Cabo Verde
  27. Camboja
  28. Cazaquistão
  29. Chade
  30. Chile
  31. China
  32. Chipre
  33. Colômbia
  34. (ilhas) Comores
  35. Congo
  36. Coreia do Norte
  37. Costa do Marfim
  38. Costa Rica
  39. Cuba
  40. Djibuti
  41. Dominica
  42. Egito
  43. El Salvador
  44. Emirados Árabes Unidos
  45. Equador
  46. Espanha
  47. Eslováquia
  48. Essuatíni (antiga Suazilândia)
  49. Etiópia
  50. Filipinas
  51. Gabão
  52. Gâmbia
  53. Gana
  54. Geórgia
  55. Granada
  56. Guatemala
  57. Guiana
  58. Guiné
  59. Guiné-Bissau
  60. Guiné Equatorial
  61. Haiti
  62. Honduras
  63. Hungria
  64. Iêmen
  65. Índia
  66. Indonésia
  67. Irã
  68. Iraque
  69. Irlanda
  70. Islândia
  71. Jamaica
  72. Jordânia
  73. Kuwait
  74. Laos
  75. Lesoto
  76. Líbano
  77. Libéria
  78. Líbia
  79. Madagascar
  80. Malásia
  81. Maláui
  82. Maldivas
  83. Mali
  84. Marrocos
  85. (ilhas) Maurício
  86. Mauritânia
  87. México
  88. Moçambique
  89. Mongólia
  90. Montenegro
  91. Namíbia
  92. Nepal
  93. Nicarágua
  94. Níger
  95. Nigéria
  96. Noruega
  97. Omã
  98. Papua Nova Guiné
  99. Paquistão
  100. Paraguai
  101. Peru
  102. Polônia
  103. Qatar
  104. Quênia
  105. Quirguistão
  106. República Centro-Africana
  107. República Democrática do Congo
  108. República Dominicana
  109. República Tcheca
  110. Romênia
  111. Ruanda
  112. Rússia
  113. Santa Lúcia
  114. São Cristóvão e Névis
  115. São Tomé e Príncipe
  116. São Vicente e Granadinas
  117. Senegal
  118. Serra Leoa
  119. Sérvia
  120. Seychelles
  121. Síria
  122. Somália
  123. Sri Lanka
  124. Sudão
  125. Sudão do Sul
  126. Suécia
  127. Suriname
  128. Tadjiquistão
  129. Tailândia
  130. Tanzânia
  131. Timor Leste
  132. Togo
  133. Trinidad e Tobago
  134. Tunísia
  135. Turcomenistão
  136. Turquia
  137. Ucrânia
  138. Uganda
  139. Uruguai
  140. Uzbequistão
  141. Vanuatu
  142. Venezuela
  143. Vietnã
  144. Zâmbia
  145. Zimbábue
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.