Guerra em Gaza deve durar ao menos até o fim do ano, diz Israel

Conselheiro de segurança diz que militares já controlam 75% de área de segurança na fronteira do território palestino com o Egito

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Jerusalém e Cairo | Reuters

Enquanto enviava tanques a Rafah, nesta quarta-feira (29), Israel admitiu que a guerra travada contra a facção terrorista Hamas provavelmente continuará até o fim do ano.

O conselheiro de segurança nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, disse em uma entrevista a uma rádio israelense que, desde os primeiros dias de apresentação dos planos ao gabinete, já se previa que a guerra seria longa.

"É tudo construído de forma escalonada, com o ano de 2024 definido como um ano de combate. Estamos agora no quinto mês de 2024, o que significa que esperamos mais sete meses de combate para aprofundar as nossas conquistas e atingir o nosso objetivo de destruir capacidades militares e governamentais do Hamas e do Jihad Islâmico", declarou.

Na terça-feira (28), tanques israelenses foram vistos pela primeira vez em uma área central de Rafah, a despeito de uma determinação da Corte Internacional de Justiça para interromper a ofensiva na cidade, antes disso considerada o único refúgio para civis.

Um soldado caminha em frente a uma linha de tanques de guerra estacionados sob a sombra de árvores, com a bandeira de seu país hasteada em um dos veículos, sugerindo preparação ou manutenção em um ambiente árido.
Tanques do exército israelense posicionados em área da fronteira sul de Israel com a Faixa de Gaza - Ack Guez - 29.mai.24/AFP

Moradores de Rafah disseram que os tanques avançaram para Tel Al-Sultan, no oeste de Rafah, Yibna e perto de Shaboura, no centro, antes de recuar em direção ao corredor Filadélfia, uma zona de segurança na fronteira entre Gaza e o Egito.

"Recebemos chamadas de socorro de moradores em Tel Al-Sultan, onde drones atacaram cidadãos deslocados enquanto se moviam de áreas onde estavam alojados em direção a áreas seguras", disse o vice-diretor dos serviços de ambulância e emergência em Rafah, Haitham al Hams.

O conselheiro Hanegbi afirmou que "as Forças de Defesa de Israel agora controlam 75% do corredor Filadélfia, e acredito que estarão no controle de tudo em pouco tempo". "Juntamente com os egípcios, devemos garantir que o contrabando de armas seja impedido", disse ele à emissora pública de Israel.

Na terça-feira, o governo de Joe Biden disse que está monitorando a investigação sobre um ataque aéreo israelense que deixou 45 mortos em uma área humanitária de Rafah e causou condenação de vários países. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, chamou o episódio de "erro trágico".

Um novo bombardeio contra uma zona humanitária de Rafah na terça-feira (28) deixou 21 mortos, de acordo com autoridades de saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas. Desta vez, Tel Aviv negou a autoria do ataque.

Serviços de emergência de Gaza disseram que quatro projéteis disparados por tanques atingiram tendas de deslocados internos em Al-Mawasi, uma área que tinha sido definida como segura e para onde Israel disse que palestinos deveriam fugir antes de uma invasão de Rafah.

De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 1 milhão de pessoas já deixaram a cidade, para onde a grande maioria da população da Faixa de Gaza havia fugido desde o início do conflito. O deslocamento agrava a crise humanitária no território, onde a maior parte da população convive com a insegurança alimentar.

A Argélia informou que vai levar ao Conselho de Segurança da ONU, do qual é membro rotativo até 2025, uma resolução pedindo que "a matança em Rafah pare", de acordo com o embaixador do país no órgão, Amar Bendjama. Resoluções sobre a guerra em Gaza têm sido vetadas sistematicamente pelos EUA, que se absteve pela primeira vez em março e depois permitiu que o Conselho de Segurança aprovasse um pedido por cessar-fogo.

Nesta terça, Espanha, Irlanda e Noruega oficializaram seu reconhecimento ao Estado da Palestina, uma medida anunciada na última quinta-feira (23) e rejeitada por Israel. Mais de 140 países, incluindo o Brasil, já reconhecem a soberania dos palestinos.

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