Com Netanyahu sob pressão, partido de membro do governo propõe dissolver Parlamento de Israel

Medida, porém, não deve ser aprovada no Legislativo, controlado por coligação governista; apesar de desgaste, Bibi aparece pela 1ª vez em um ano à frente em pesquisa eleitoral

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São Paulo

Uma deputada do centrista Unidade Nacional, partido do ex-ministro da Defesa e atual membro do gabinete de guerra Benny Gantz, apresentou nesta quinta-feira (30) um projeto de lei para dissolver o Parlamento de Israel e tentar antecipar as eleições.

"O 7 de outubro é um desastre que exige que recuemos e ganhemos a confiança do povo para estabelecer um governo de unidade amplo e estável que possa nos liderar ante os enormes desafios na segurança, na economia e, acima de tudo, na sociedade israelense", afirmou, em nota, a deputada Pnina Tamano-Shata, responsável pelo texto.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e o membro do gabinete de guerra, Benny Gantz, em entrevista coletiva em base militar de Tel Aviv - Abir Sultan - 28.set.2023/AFP

A declaração repete o raciocínio de Gantz, que vem pedindo eleições antecipadas para "manter a unidade" e "renovar a confiança" no governo, segundo afirmou em uma entrevista coletiva em abril ao instar por um pleito em setembro.

Adversário do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, Gantz passou a integrar o atual governo —o mais à direita da história do país— quando diferentes forças políticas foram chamadas para formar o gabinete de guerra e tomar decisões relativas ao atual conflito de Tel Aviv contra o Hamas na Faixa de Gaza.

Em maio, Gantz chegou a ameaçar deixar a coalizão de Bibi, como Netanyahu é chamado, caso o premiê não apresentasse um plano para o pós-guerra no território palestino até 8 de junho. "Uma pequena minoria assumiu a ponte de comando do navio estatal israelense e está conduzindo-o em direção às rochas", afirmou na ocasião.

O Likud, partido de Netanyahu, reagiu à ameaça afirmando que Israel precisa de união. "A dissolução do governo é uma recompensa para [o líder do Hamas, Yahya] Sinwar, uma rendição às pressões internacionais e um golpe fatal nos esforços para libertar os nossos reféns", afirmou a sigla em um comunicado.

O Unidade Nacional, então, emitiu uma nova nota culpando o premiê por desmantelar o governo, mas dizendo que ainda havia tempo para encontrar um terreno comum. "Netanyahu, ainda não é tarde para você voltar à razão —ou somos vitoriosos juntos ou você continua sozinho com o método de 'dividir para governar'", disse a sigla.

Bibi, que baseou sua reputação na segurança de Israel, enfrentou crescente descontentamento dos israelenses após o ataque do Hamas em 7 de outubro, sob sua supervisão. A mais grave ofensiva na história de Israel deixou cerca de 1.200 mortos, segundo Tel Aviv. A resposta do Estado judeu, por sua vez, já matou mais de 26 mil, segundo a facção islâmica, e tem provocado críticas internacionais, incluindo de aliados importantes como Estados Unidos e Alemanha.

Sem contar com o Unidade Nacional, a coligação liderada pela sigla de Bibi tem 64 dos 120 assentos do Knesset, o que torna improvável um êxito de Gantz —o partido centrista tem apenas oito deputados no Parlamento. A própria votação do projeto apresentado nesta quinta, aliás, é uma possibilidade remota, já que textos rejeitados pelo Legislativo não podem ser levados novamente à pauta por seis meses.

Mesmo sob desgaste da guerra, Netanyahu conserva algum capital de apoio político. Uma pesquisa feita pela empresa Midgam e divulgada pela emissora Canal 12 na quarta (29) mostra que a popularidade de Bibi ultrapassou numericamente a de Gantz numa próxima eleição.

De acordo com o levantamento, cuja margem de erro é 4,4 pontos percentuais, 36% preferem o atual premiê no cargo e 30%, o seu rival. É a primeira vez que Netanyahu leva vantagem neste levantamento desde maio de 2023.

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