Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Putin completa 70 anos em meio a nova fase da Guerra da Ucrânia e pedidos de oração

Presidente russo foi colocado no poder por Deus, diz patriarca ortodoxo; país está cada vez mais isolado

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Londres | AFP e Reuters

Vladimir Putin completou 70 anos nesta sexta-feira (7) em meio à bajulação de subordinados e um apelo do patriarca ortodoxo Cirilo para que todo o povo da Rússia faça dois dias de orações especiais, pedindo a Deus que conceda longevidade ao presidente.

"Deus colocou você no poder", disse Cirilo. "Nós oramos a nosso Senhor Deus pelo chefe do Estado russo, Vladimir Vladimirovich, e pedimos que dê a ele sua rica misericórdia e generosidade, conceda-lhe saúde e longevidade e liberte-o de todas as resistências de inimigos visíveis e invisíveis."

Vladimir Putin em entrevista coletiva em Moscou - Evgenia Novozhenina - 19.dez.19/Reuters

O presidente que há mais tempo está no poder no país desde Josef Stálin —ainda na União Soviética— foi saudado por autoridades como o salvador da Rússia moderna.

"Putin mudou a posição global da Rússia e forçou o mundo a contar com a posição do nosso grande Estado", disse o líder tchetcheno Ramzan Kadyrov, acrescentando que o agora septuagenário é "uma das personalidades mais influentes e marcantes do nosso tempo, o patriota número um do mundo".

Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, também parabenizou Putin, a quem chamou de irmão, em postagem no Twitter. "Os povos dignos, livres e anti-imperialistas acompanham sua luta contra o intervencionismo armado dos EUA e a Otan. O mundo encontrará paz quando os EUA deixarem de atentar contra a vida."

As comemorações se dão em um momento de bastante pressão sobre o presidente: a Rússia está cada vez mais isolada na comunidade internacional, e suas tropas têm sofrido reveses na Ucrânia. O cenário forma a mais grave crise em seus 23 anos no poder.

Também nesta sexta, o prêmio Nobel da Paz parece ter respondido ao avanço do autoritarismo na órbita do regime e à Guerra da Ucrânia: a láurea foi concedida ao opositor belarusso Ales Bialiatski, ao Memorial, grupo russo de direitos humanos, e ao Centro para Liberdades Civis da Ucrânia. A premiação, sob a ótica de Moscou, pode servir para incensar sua retórica de emparedamento por um mundo hostil.

Conforme envelhece, Putin parece cada vez mais preocupado com seu legado. Em junho, ele comparou suas ações na Ucrânia com as campanhas do czar Pedro, o Grande, sugerindo que ambos estavam envolvidos em missões históricas para reconquistar terras russas. O líder também passou a citar mais o filósofo Ivan Ilin, para quem a Rússia tinha um caminho místico e sagrado excepcional a seguir, que acabaria por restaurar a ordem em um mundo imperfeito.

Para seus opositores, como o líder preso Alexei Navalni, Putin levou a Rússia a um beco sem saída em direção à ruína, construindo um sistema frágil de bajuladores incompetentes que acabará por entrar em colapso e legar o caos.

Refletindo sobre o aniversário de Putin, o ex-redator de discursos do Kremlin Abbas Galliamov disse: "Em um aniversário, é costume somar os resultados, mas eles são tão deploráveis que seria melhor não chamar muita atenção".

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