Cerca de 80 mil policiais e militares estarão mobilizados neste sábado (12) em toda a França para o nono dia de manifestações dos "coletes amarelos". Alegando "agenda carregada" na França, o presidente Emmanuel Macron cancelou a participação no Fórum Econômico de Davos, um dia depois de o americano Donald Trump também anunciar que não comparecerá ao evento.
Os manifestantes franceses marcaram, pelas redes sociais, um protesto em La Défense, o bairro financeiro de Paris, sede de bancos e grandes empresas. Um segundo ato ocorrerá em Bourges, cidade na região central do país e de fácil acesso para um maior número de participantes.
Temendo depredações, as autoridades municipais de Bourges baixaram um decreto proibindo o acesso ao centro histórico da cidade, a 248 km de Paris. A tática dos coletes amarelos de espalhar os protestos pelo país dificulta o trabalho da polícia e é um desafio para o governo.
Radicalização do movimento
As mensagens dos coletes amarelos nas redes sociais estão cada vez mais violentas, com propostas de ataques às instituições e ameaças de morte e intimidação aos deputados do partido do presidente Emmanuel Macron.
Uma parcela do movimento se radicaliza pela incitação de porta-vozes como o militante de direita radical Maxime Nicolle. Ele está estimulando os franceses a sacar o dinheiro dos bancos, para provocar uma crise no sistema financeiro. Nos grupos de "coletes amarelos" no Facebook circulam posts antissemitas, xenófobos, racistas e pedindo a queda de Macron.
Uma enxurrada de fake news inunda com mentiras as redes sociais. Uma delas diz que Macron contratou policiais estrangeiros para reprimir os manifestantes. O dedo da Rússia também aparece na manipulação. Circula entre os "coletes amarelos" um post dizendo que a economia russa está em plena recuperação, depois de o presidente Vladimir Putin expulsar o banco Rothschild do país.
Antes de entrar no governo do ex-presidente François Hollande como assessor econômico no Palácio do Eliseu, Macron trabalhou como gerente associado no banco Rothschild.
Macron não vai a Davos
Em meio a essa guerra de comunicação, o governo tenta organizar um debate nacional para canalizar as reivindicações dos "coletes amarelos", mas elas são muito díspares. Em comum, a maioria quer o restabelecimento do imposto sobre a fortuna (ISF), parcialmente abolido por Macron, a redução de privilégios dos políticos e maior representatividade no Parlamento.
Para acompanhar de perto a crise dos "coletes amarelos", Macron cancelou sua participação no Fórum Econômico Mundial de Davos, de 21 a 25 de janeiro, na Suíça. Nota do Palácio do Eliseu afirma que o chefe de Estado está com a agenda cheia de compromissos destinados a solucionar a crise.
No dia 21 de janeiro, ele vai receber os dirigentes de 150 empresas francesas e estrangeiras, em uma reunião realizada no Palácio de Versalhes com o objetivo de atrair investimentos ao país.
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