É difícil guardar segredo em Washington, capital mundial dos vazamentos e fofoca. De alguma forma, porém, passou despercebido nos últimos 19 meses o fato de que o jornalista investigativo mais famoso dos EUA elaborava um livro sobre as disfunções da Casa Branca sob Donald Trump.
Nesta terça , o sigilo caiu com o anúncio da editora Simon & Schuster de que publicará “Fear: Trump in the White House” (Medo: Trump na Casa Branca), de Bob Woodward, em 11 de setembro.
Agora, não só ele publica um livro sobre Trump como Bernstein vive na TV após coescrever uma reportagem para a CNN que afirma que o advogado do presidente, Michael Cohen, está disposto a depor que o republicano sabia de uma reunião entre seu filho e russos que queriam difamar Hillary Clinton, sua rival na campanha presidencial.
Com “Fear”, um dos autores americanos de não-ficção de maior vendagem voltará ao filão pelo qual é conhecido: a reportagem sobre acontecimentos em curso do poder americano e da Presidência.
Suas obras anteriores sobre George W. Bush e Obama se concentraram em decisões importantes mas isolada, como a entrada em guerras. "Fear” deve ampliar esse exame e somar-se à pilha de livros que abordam o governo Trump ou questões relacionadas a ele.
Nessa lista estão o do ex-diretor do FBI James Comey, “A Higher Loyalty” (lealdade maior), “Fogo e Fúria”, de Michael Wolff (lançado no Brasil) e “The Briefing: Politics, the Press and the President” (o briefing: política, imprensa e o presidente), obra do ex-porta-voz Sean Spicer.
O volume de Woodward se baseia em seu método de jornalismo investigativo, extraindo detalhes de “centenas de horas de entrevistas com fontes, anotações de reuniões, documentos e agendas pessoais”, diz a editora, e "traz à luz as discussões explosivas que conduzem a tomada de decisões na Casa Branca”.
Enquanto trabalhava no livro, Woodward manteve-se mais discreto que de costume, limitando as participações na TV e tentando se manter fora da vista do público.
A amigos, o autor disse ter retomado algumas das medidas de seu tempo de jovem repórter —quando costumava aparecer sem aviso na casa de gente importante tarde da noite e pedir entrevistas. Chamou a nova fase de “renascimento”.
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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