Alta absten��o prejudicou vota��o de Hillary entre jovens e minorias
Quatro dias antes da elei��o que entregou a Casa Branca a Donald Trump, o chefe de campanha de Hillary Clinton, Robin Mook, mostrava-se confiante na vit�ria da democrata, apostando numa "parede" de apoio das minorias negra e latina que, segundo suas previs�es, impediria a vit�ria do bilion�rio.
A aposta n�o se concretizou, por v�rios motivos. Apesar do esfor�o na reta final de mobilizar o eleitorado afroamericano e repetir a "coaliz�o Obama", que em 2008 e 2012 foi decisiva para eleger o presidente, o comparecimento �s urnas foi menor que nas duas elei��es, debilitando as chances de Hillary.
Segundo estimativas, o �ndice de vota��o em 2016 foi de 52,18%, o menor em elei��es presidenciais desde 2000. Uma parte importante da "coaliz�o Obama" perdida por Hillary foi a de jovens, que se mostraram desiludidos com ambos os candidatos.
Com a vit�ria de Trump, muitos agora sentem a dor de n�o terem ido votar em Hillary, mesmo sem ter nenhum apre�o por ela.
"V�rios amigos est�o arrependidos de terem desperdi�ado o voto, mas eu tamb�m culpo o Partido Democrata por n�o ter escolhido um nome melhor que Hillary", disse � Folha por telefone o ativista sindical Mike Wang, 23, enquanto participava de uma manifesta��o contra Trump em Washington.
Um bom exemplo do impacto negativo do baixo comparecimento para o colapso de Hillary foi o Estado de Wisconsin, onde um candidato democrata n�o perdia desde 1988. O �ndice de vota��o no Estado foi de 66%, o menor desde 1996. Trump levou os dez votos de Wisconsin no Col�gio Eleitoral com uma diferen�a de menos de um ponto de vantagem, apesar de ter tido praticamente o mesmo n�mero de votos recebidos pelo candidato republicano em 2012, Mitt Romney.
A vota��o para os candidatos nanicos Gary Johnson (Partido Libert�rio) e Jill Stein (Partido Verde) tamb�m pode ter sido um tiro mortal para Hillary, j� que muitos de seus eleitores eram inclinados para o lado democrata. Johnson teve 3% dos votos, enquanto Stein levou 1%.
Al�m disso, Trump surpreendeu ao receber mais votos de eleitores negros e latinos do que o esperado, depois de uma campanha em que fez pouco esfor�o para conquistar a primeira minoria e antagonizou com a segunda, ao chamar imigrantes mexicanos de "estupradores" e prometer a deporta��o daqueles em situa��o irregular e a constru��o de um muro na fronteira com o M�xico.
De acordo com uma pesquisa de boca de urna da rede CNN, Trump teve desempenho melhor em ambos os grupos que Romney. H� quatro anos, negros depositaram 13% dos votos, 93% para Obama. Em 2016, a fatia caiu para 12% e Hillary teve 88%, dos votos, contra 8% para Trump.
Mais surpreendente foi o voto latino para Trump, que chegou a quase um ter�o do total, superando o apoio a Romney em dois pontos (29% contra 27%).
Ao jornal "USA Today" a cubana Denise Galvez, cofundadora do grupo "Latinas por Trump", na Fl�rida, disse que nunca levou a s�rio a promessa do bilion�rio de deporta��o e que a avers�o da minoria ao bilion�rio foi exagerada pela m�dia.
"A forma como o �dio dele a todos os hisp�nicos e imigrantes foi explorada � rid�cula", disse.
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