Comitê independente termina investigação na Americanas e promete resultado em semanas

Relatório ainda será divulgado ao conselho; grupo afirma ter vasculhado mais de 1,2 milhão de documentos para averiguar fraudes

São Paulo

O comitê criado para averiguar as fraudes na Lojas Americanas concluiu as investigações e deve fazer uma apresentação para a empresa e o Conselho de Administração da companhia "nas próximas semanas".

Em um comunicado ao mercado divulgado nesta segunda-feira (1º), a varejista confirmou que o relatório do grupo de investigação foi concluído, afirmando que após o documento ser apresentado e analisado, o conselho irá tomar as medidas cabíveis.

Imagem da entrada de uma loja da rede Lojas Americanas. A fachada é vermelha e branca, com um letreiro grande na parte superior que diz 'LOJAS AMERICANAS'. Há uma escada de poucos degraus que leva à entrada da loja, onde é possível ver o interior iluminado e organizado com prateleiras e produtos.
Unidade da Lojas Americanas em Brasília - Adriano Machado/Reuters

De acordo com o comunicado, foram revisados cerca de 1,2 milhão de documentos e feitas 250 entrevistas com funcionários, ex-funcionários e colaboradores.

Também foram processados mais de 74 terabytes de dados, protegidos dados estruturados de cerca de 11 sistemas corporativos e preservou cerca de 2.300 fontes corporativas de dados não-estruturados de aproximadamente 360 fontes.

"Os resultados da investigação conduzida pelo Comitê Independente estão sendo compilados e serão apresentados ao conselho de administração da Companhia nas próximas semanas", diz o documento.

O comitê também afirmou, tendo em vista a deflagração da operação Disclosure, da Polícia Federal, na quinta-feira (27), que os resultados do grupo ainda não foram apresentados à empresa e não se confundem com as conclusões das autoridades.

"O Comitê Independente esclarece que não teve acesso, no correr dos seus trabalhos, a acordos de colaboração premiada ou acordos administrativos em processo de supervisão celebrados entre ex-colaboradores da Companhia e autoridades competentes, incluindo aqueles relacionados à Operação Disclosure", diz a nota.

Em entrevista à Folha no último dia 29, Celso Vilardi, advogado da Americanas, disse que aguardaria os desdobramentos do caso para confirmar se os investigadores da PF seguiram o mesmo caminho da sua apuração interna, primeira a colocar o ex-CEO da empresa, Miguel Gutierrez, e outros ex-funcionários como responsáveis pela fraude.

"Desde o início da crise, além do comitê independente, nós também estamos conduzindo essa investigação interna. Temos colaborado com as autoridades desde o primeiro momento. E, vou dizer, foi uma investigação primorosa da PF e do MPF", disse Vilardi.

Também nesta segunda-feira, a ex-diretora da empresa Anna Saicali desembarcou no Brasil e se apresentou à Polícia Federal, na delegacia especial do Aeroporto Internacional de Guarulhos, no âmbito das investigações sobre fraudes na companhia.

A executiva estava em Portugal desde o dia 15 de junho e teve o mandado de prisão contra ela revogado pelo juiz Marcio Muniz da Silva Carvalho, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.


A operação Disclosure —termo em inglês para transparência de informações sobre a situação econômica de uma empresa— investiga 14 pessoas ligadas ao grupo, por crimes de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada e associação criminosa.

Em caso de condenação, as penas chegam a até 26 anos de reclusão.

No sábado (29), o ex-CEO das Lojas Americanas Miguel Gutierrez foi liberado pelas autoridades espanholas, após ter sido preso pela polícia espanhola em Madri um dia antes. Ele entregou o passaporte e terá que se apresentar a cada 15 dias.

O rombo de mais de R$ 25 bilhões nas contas da Americanas foi revelado no início de 2023, quando a empresa informou ao mercado inconsistências contábeis bilionárias, levando a varejista a entrar em um processo de recuperação judicial.

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