A BlackRock anunciou nesta sexta-feira (12) a compra da Global Infrastructure Partners (GIP) por US$ 12,5 bilhões (cerca de R$ 60,59 bilhões), em uma grande aposta em ativos alternativos, e anunciou reformulação do alto escalão da administração.
A transação inclui US$ 3 bilhões (R$ 14,54 bilhões) em dinheiro e US$ 12 milhões (R$ 58,16 milhões) de ações da BlackRock e fará com que a gigante da gestão de ativos se torne uma das maiores participantes em ativos alternativos —com um total de US$ 150 bilhões (R$ 727,03 bilhões)— e mercados privados.
A BlackRock, que administra US$ 10 trilhões (R$ 48,47 trilhões) em ativos em todos os mercados, tem procurado o que espera ser um acordo transformador, com o presidente-executivo, Larry Fink, dizendo a analistas no ano passado que a empresa estava envolvida em mais negociações do que em "muitos, muitos anos".
A empresa tem um histórico de adicionar ativos para reforçar o crescimento e diversificar durante períodos de fraqueza do mercado.
Fundada em 2006, a GIP administra mais de US$ 100 bilhões (R$ 484,69 bilhões) em ativos e tem um portfólio que inclui o aeroporto britânico de Gatwick, o Porto de Melbourne (Austrália) e grandes projetos eólicos offshore.
"A infraestrutura é uma das mais empolgantes oportunidades de investimento de longo prazo, já que uma série de mudanças estruturais reformulam a economia global", disse Fink.
"A união dessas duas empresas criará a plataforma de infraestrutura para oferecer as melhores oportunidades de investimento da categoria para clientes em todo o mundo, e não poderíamos estar mais entusiasmados com as oportunidades que temos pela frente", afirmou.
Troca no comando
A BlackRock também revelou mudanças em sua estrutura de gerência sênior, em um momento em que crescem as especulações sobre quem sucederá Fink, que fundou a BlackRock em 1988, na presidência-executiva.
Stephen Cohen se tornará diretor de produtos e liderará um novo grupo de estratégia de produtos globais, enquanto Salim Ramji, chefe global de iShares e investimentos em índices, está saindo, de acordo com um memorando da empresa visto pela Reuters.
A BlackRock também está criando uma nova estrutuora de negócios internacionais, sob o comando de Rachel Lord, para liderar Europa, Oriente Médio, Índia e a região Ásia-Pacífico, diz o memorando.
Cinco dos sócios fundadores do GIP se juntarão à BlackRock, incluindo o presidente do GIP, Bayo Ogunlesi, que também se juntará ao conselho de administração da BlackRock após o conclusão do negócio, acrescentou.
Ogunlesi deixará o conselho do Goldman Sachs após sua transferência para a BlackRock, disse o presidente-executivo do Goldman, David Solomon, nesta sexta-feira.
A infraestrutura é uma das classes de investimento mais em voga, auxiliada pelo aumento da demanda por infraestrutura logística e digital, e pelos trilhões de dólares necessários para a descarbonização.
"À primeira vista, consideramos a transação como positiva no longo prazo, já que o investimento em private equity e dívida é uma das categorias de crescimento mais rápido dentro da gestão de ativos", disse Kyle Sanders, analista da Edward Jones.
Alta de 8% no lucro
A BlackRock também divulgou alta de 8% no lucro trimestral, ajudada por uma recuperação nos mercados que impulsionou seus ativos sob gestão.
As esperanças de um pouso suave para a economia dos EUA —um cenário em que a inflação diminui sem um aumento acentuado do desemprego— animaram os mercados nos últimos meses.
Uma inclinação "dovish" do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), que deixou as taxas de juros inalteradas desde julho, também impulsionou a confiança dos investidores, ajudando a BlackRock a encerrar o quarto trimestre com US$ 10,01 trilhões em ativos sob gestão (AUM), acima dos US$ 8,59 trilhões do ano anterior.
Em uma base ajustada, a BlackRock teve lucro de US$ 1,45 bilhão, ou US$ 9,66 por ação, nos três meses encerrados em 31 de dezembro, em comparação com US$ 1,36 bilhão, ou US$ 8,93 por papel, um ano antes.
Analistas, em média, esperavam lucro de US$ 8,84 por ação, de acordo com dados da LSEG.
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