Descrição de chapéu Banco Central

Lula diz que país não pode ser refém de Campos Neto e cobra corte dos juros

Presidente disse que chefe da autoridade monetária não foi eleito

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar, nesta quinta-feira (2), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizendo que o país não pode ser seu refém.

As declarações do chefe do Executivo ocorrem após a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) acumulado de 2,9% em 2022, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No quarto trimestre, o resultado recuou em 0,2%.

Lula, de terno e gravata escuros, discursa em frente a brasão da república
O presidente do Brasil, Luiz Inacio Lula da Silva, no relançamento do Bolsa Família, em Brasília - Adriano Machado/Reuters

"Ora, por que esse cidadão, que não foi eleito para nada, acha que tem o poder de decidir as coisas e ainda 'vou pensar como posso ajudar o Brasil'? Não, você não tem que pensar em como ajudar o Brasil, você só tem que pensar como reduzir a taxa de juros para que esse país volte a ter crédito, para economia voltar a funcionar, é isso que tem que fazer", disse Lula, em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, na BandNews.

"E isso não é bravata minha porque não tenho interesse de ficar brigando com presidente do Banco Central. A única coisa que eu acho é o seguinte: esse país não pode ser refém de um único homem", completou.

Desde que o Banco Central decidiu manter a taxa de juros em 13,75%, começou uma crise entre o chefe da autoridade monetária e o chefe do Executivo. Aliados de Lula aconselharam-no a cessar os ataques, o que ocorreu por alguns dias.

A avaliação, tanto no governo quanto entre aliados no Congresso, é de que a taxa de juros está muito alta. Lula disse, repetidas vezes durante a entrevista, não entender o que justifica esse patamar.

"Saiu o PIB do último trimestre, é negativo, portanto a economia brasileira não cresceu ano passado. Apesar da fanfarrice do Guedes, não cresceu. Então, você tem uma economia que não está crescendo, você tem desemprego que está com emprego informal com trabalhadores ganhando pessimamente mal porque massa salarial caiu muito, você não tem crédito, o crédito está escasseando e logo logo você vai ter crise de crédito. E eu queria uma explicação apenas por que o juros está a 13,75%", afirmou Lula.

Por outro lado, enquanto o petista já criticou diversas vezes a autonomia do BC, desta vez, ele disse "não ligar muito dessa coisa".

No começo do mês passado, Lula iniciou uma nova frente de pressão sobre o Banco Central ao pedir a vigilância dos agentes que podem atuar para demitir Campos Neto.

Lula afirmou que o Senado, que pode aprovar a exoneração do presidente do BC após pedido do governo, deve monitorar a atuação da autarquia.

Suas falas críticas a Campos Neto e ao BC tiveram impacto negativo no mercado financeiro. Em entrevista à BandNews nesta quinta-feira, ele minimizou: "Eu apanhei da Faria Lima, porque a Faria Lima ganha muito com juros altos, ela vive disso".

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