Credit Suisse negocia venda de participação na Verde Asset

Ações do banco operam em forte alta após empréstimo bilionário do BC suíço

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Em meio à crise financeira que levou as ações negociadas no exterior do grupo global a afundarem cerca de 25% no pregão de quarta-feira (15) —valor que se recuperava na manhã desta quinta—, o Credit Suisse no Brasil anunciou estar em tratativas que podem resultar na venda de uma participação que detém na gestora Verde Asset Management, do renomado Luis Stuhlberger.

"Lumina Capital Management, Verde Asset Management e Credit Suisse estão negociando um acordo para possibilitar que a Lumina Capital adquira uma participação acionária na Verde Asset", diz nota divulgada pelo banco suíço.

A expectativa é que a Lumina Capital, casa de investimentos focada no mercado de crédito privado que tem como um dos principais sócios o ex-presidente do Morgan Stanley no Brasil, Daniel Goldberg, adquira uma fatia detida pelo Credit Suisse na Verde, mas com o banco mantendo ainda uma participação na gestora de fundos.

"Nenhuma transação foi concluída ainda, e as conversas estão em andamento. Quando e se for concluída, qualquer transação envolverá a continuação da sociedade entre o Credit Suisse e a Verde Asset Management, inclusive no que diz respeito à distribuição dos fundos da Verde."

Logo do Credit Suisse em escritório do banco em Genebra, na Suíça
Logo do Credit Suisse em escritório do banco em Genebra, na Suíça - Fabrice Coffrini - 15.mar.2023/AFP

Com cerca de R$ 30 bilhões em ativos sob gestão, a Verde Asset foi fundada em meados de 2015 por um time egresso do CSHG (Credit Suisse Hedging-Griffo). No acordo de saída dos sócios, o CSHG manteve uma participação acionária na Verde Asset, liderada por Stuhlberger, que começou a carreira em 1981 na corretora Hedging-Griffo, e que, em 2007, teve o controle adquirido pelo Credit Suisse.

O anúncio sobre as negociações vem na esteira de uma crise que atingiu em cheio o Credit Suisse em escala global nos últimos dias, depois de o banco divulgar distorções no balanço financeiro e a necessidade de injeção bilionária de capital, com investidores receosos com a saúde financeira do banco e com um potencial risco de contágio para o setor financeiro de forma mais ampla.

As notícias sobre o banco chegam em um momento de fragilidade para o setor bancário global, na esteira da quebra do SVB (Silicon Valley Bank) na semana passada. O banco voltado para o setor de startups foi duramente atingido pelo aumento dos juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), que causou prejuízos bilionários para a carteira alocada em títulos de longo prazo do governo americano.

Analistas dizem ainda ser difícil fazer uma avaliação precisa sobre os impactos que a crise na matriz pode acarretar para a unidade brasileira do Credit Suisse e para os clientes no país por enquanto, mas avaliam que as notícias que vêm da Suíça não são positivas para as operações globais do banco.

Segundo Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, o maior impacto que já se materializou é o relacionado à imagem do Credit Suisse, que ficou bastante arranhada após o episódio.

"[A crise] deve ter efeitos nos negócios internamente, e claro que vai ter um receio maior dos investidores de transacionar com o Credit Suisse", afirma Santacreu, acrescentando que, em um cenário mais extremo, a depender da evolução dos acontecimentos no exterior, não descarta a possibilidade de o banco vender as operações no país.

Reportagem publicada nesta quinta-feira (16) pela Reuters indica que o Credit Suisse buscou acalmar clientes no Brasil, ressaltando que a estrutura de capital do banco continua sólida e procurando afastar comparações com o SVB.

Em uma apresentação de PowerPoint em português, o segundo maior banco suíço citou indicadores globais da instituição, como os R$ 7,5 trilhões em ativos sob gestão e afirmou que a sua estrutura de capital segue resiliente. "A posição de balanço está ainda mais sólida", ressaltou a instituição na apresentação.

Apesar da situação delicada do Credit Suisse, suas ações têm uma sessão de forte recuperação dos preços nesta quinta, após o banco central da Suíça indicar um apoio financeiro para reestabelecer as operações do banco.

Os papéis avançavam mais de 20% na Bolsa de Zurique, após o Credit Suisse anunciar que irá tomar emprestado cerca de US$ 54 bilhões (50 bilhões de francos suíços, ou R$ 284 bilhões) do Swiss National Bank (SNB, o banco central da Suíça), em uma medida que chamou de "ação decisiva" para fortalecer sua liquidez. O SNB havia antecipado que poderia ajudar financeiramente o Credit, se necessário.

RAIO-X | CREDIT SUISSE

Fundado em 1856, o Credit Suisse tem sede em Zurique e é o segundo maior banco da Suíça, atrás apenas do rival UBS. O banco soma cerca de 50,5 mil funcionários globalmente, com atuações nas áreas de banco de investimento, gestão de recursos e de patrimônio. Em 2022, registrou um prejuízo anual de aproximadamente 7,3 bilhões de francos suíços (US$ 7,9 bilhões; R$ 41,3 bilhões).

Com Reuters e AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.