Descrição de chapéu inflação

Segunda parcela do 13º salário vai pagar dívidas, diz pesquisa

Enquanto 35% vão usar o dinheiro para compras de Natal, 41% pretendem pagar o que devem

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São Paulo

Chegou a tão esperada segunda parcela do 13º salário, paga neste dia 20, que deve representar uma injeção de R$ 250 bilhões na economia brasileira, segundo cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), considerando a primeira e a segunda parcelas.

Mas os brasileiros estão conservadores nos gastos deste fim de ano. Segundo levantamento online feito pela plataforma de pesquisas Hazo.app, da 121 Labs, nos dias 11 e 12 de dezembro, 44,5% vão usar o dinheiro para quitar dívidas antigas, dívidas atuais, comprar material escolar ou pagar os tradicionais impostos do início do ano –IPVA e IPTU.

Uma pequena –mas significativa– parcela de 12% vai poupar ou investir o dinheiro. Outros 43,5% estão prontos para fazer compras de Natal, viajar, passear e gastar com as festas.

Homem de camiseta azul e máscara está ao lado de um boneco do Papai Noel
Movimentação para compras de Natal na rua 25 de Março em dezembro de 2021. - Jardiel Carvalho/Folhapress

O levantamento foi feito online com 2 mil consumidores, em nível nacional, das classes A, B, C e D, com margem de erro de dois pontos percentuais.

"Percebemos um consumidor muito mais conservador, interessado em colocar as contas em dia e, se possível, em guardar dinheiro", diz Renato Mayer Moreira, presidente da 121 Labs. "Com o alto endividamento das famílias, o brasileiro parece mais cauteloso nas compras", afirma.

Individualmente, a principal resposta para o destino do 13º foi "compras de Natal" (35%). Mas considerando o pagamento de dívidas vencidas e a vencer o percentual é bem maior (41%).

Na opinião de José Silvestre, diretor-adjunto do Dieese, as pessoas se sentem mais seguras em gastar em um ambiente de economia em ascensão. "Neste ano, em que a economia cresce muito pouco, mesmo cenário previsto para o ano que vem, o brasileiro tende a segurar os gastos, temendo perder o emprego", diz o especialista.

O último boletim Focus, que aponta a expectativa de analistas consultados pelo Banco Central, indica um crescimento de 3,05% no PIB (Produto Interno Bruto) deste ano e de apenas 0,75% em 2023.

Segundo Silvestre, o valor médio, per capita, do 13º salário pago no Brasil é de R$ 2.170. "Recomendamos que o consumidor use este salário extra para quitar dívidas", diz. "A taxa de juros no país está muito alta e, se for possível amortecer a dívida, melhor."

A taxa Selic fechou 2022 em 13,75% ao ano. Ao final de 2021, estava em 9,25%. Como se trata de uma referência da economia brasileira, com o aumento da Selic, juros de crédito, parcelamento e cheque especial ficam mais altos.

Outra pesquisa, da fintech Onze –voltada a previdência e saúde financeira– também apontou que 43% vão usar o 13º para pagar dívidas. O levantamento foi feito com 1.587 trabalhadores em todo o país. Destes 43% que pretendem pagar dívidas, dois terços (67%) estão negativados. A dívida mais comum é o cartão de crédito (64%), seguida por empréstimos (26%) e contas de casa (24%).

Intenção é começar 2023 com menos contas

Enquanto o brasileiro se mostra cauteloso com os gastos, aqueles que conseguem investir indicam disposição para assumir algum risco. "É relevante que 12% dos entrevistados queiram poupar ou investir", diz Moreira, da 121 Labs. Entre estes, segundo a pesquisa, 24% escolheram a caderneta de poupança e 23% optaram pelos fundos de renda fixa.

"Mas é significativo que 16% tenham escolhido fundos imobiliários, 13% fundos de ações e 8% criptomoedas, o que indica uma disposição de correr mais risco, possivelmente na tentativa de obter ganhos maiores que a renda fixa", afirma. Outros 10,5% escolheram aplicar no Tesouro Direto e, 3,5%, em imóveis.

Entre os dispostos a usar o 13º para as compras, Moreira chama a atenção para a escolha da forma de pagamento à vista: 36% preferem cartão de débito, 24% Pix e 12% dinheiro. Somados, são 72%.

"Na pesquisa, apenas 28% escolheram o cartão de crédito", afirma. "Já é uma sinalização de que se pretende iniciar 2023 com menos dívidas."

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