Pesquisadores acadêmicos defenderam maior coordenação entre as autoridades envolvidas no combate ao coronavírus e reforço dos programas lançados pelo governo federal para atenuar o impacto da crise no mercado de trabalho, em debate realizado nesta sexta-feira (29).
Organizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) com apoio da Folha, o evento faz parte da série Diálogos Cebrap–Folha e foi realizado virtualmente.
"A falta de clareza, de coordenação e diretrizes impede que o Brasil atue de forma mais coesa e tenha melhores chances de sair dessa crise", disse o sociólogo Glauco Arbix, professor da Universidade de São Paulo (USP). "Nenhuma política pública vai vicejar bem nesse ambiente."
Arbix é um dos articuladores da Rede de Pesquisa Solidária, iniciativa que reúne pesquisadores de várias instituições acadêmicas públicas e particulares, entre elas a USP e o Cebrap, com o objetivo de estudar as políticas de combate à pandemia.
O sociólogo Rogério Barbosa, pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole da USP, defendeu a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600 pago a trabalhadores de baixa renda e do setor informal, que a legislação manda pagar por três meses.
"O incentivo ao consumo e a proteção da renda das famílias retroage e acaba alimentando o sistema de arrecadação", afirmou Barbosa, ao discutir opções em estudo no governo e no Congresso para financiar a ampliação do programa emergencial.
Graziela Castello, pesquisadora do Cebrap que coordena o monitoramento de dezenas de lideranças comunitárias que atuam em áreas carentes de seis regiões metropolitanas, apontou a desinformação como um obstáculo para o combate à pandemia.
"Sem renda, com fome e sem perspectiva de futuro, as pessoas não entendem o que devem fazer e não vão aderir às medidas de proteção", afirmou.
A Rede de Pesquisa Solidária começou a trabalhar em abril e tem produzido boletins semanais com os resultados de suas pesquisas. Os boletins estão disponíveis no site do grupo.
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