Em crise, MIS e Paço das Artes estão sem diretores e até esgoto danifica o acervo

Em nota, a organização social que faz a gestão dos espaços culturais paulistas diz que os estragos já foram reparados

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São Paulo
Funcionários da Organização Cultural Ciccillo Matarazzo, responsável pela gestão do Museu da Imagem e do Som, do MIS Experience e do Paço das Artes, afirmam que as três instituições culturais estão sofrendo um "desmonte". O MIS está sem diretor cultural, desde fevereiro do ano passado, quando Cleber Papa anunciou que deixaria o cargo. A mesma situação ocorre no Paço das Artes, após o desligamento, no mês passado, de Renata Yumi.
De acordo com funcionários ouvidos pela reportagem, Yumi acumulava a função nos aparelhos de cultura. A entidade busca unificar as equipes do MIS e do Paço das Artes, sobrecarregando sua força de trabalho. Após o desligamento de Papa, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo chegou a anunciar a extinção do cargo de diretor cultural do MIS.
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Prédio do no novo museu Paço das Artes, em Higienópolis - Eduardo Knapp/Folhapress

Mas o estatuto da organização social, firmado em outubro do ano passado, prevê, além do diretor geral, Marcos Mendonça, uma diretoria composta por um diretor cultural do MIS, um diretor cultural do Paço das Artes, além de um diretor de gestão e finanças. Nenhum dos cargos está ocupado no momento.

Em nota, a Organização Social Ciccillo Matarazzo afirmou cumprir com rigor seu estatuto. Ponderou que, em caso de vacância parcial ou definitiva de um dos postos da diretoria, as atribuições do cargo serão repassadas ao diretor geral.

Também em nota, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa afirmou que a OS está realizando um processo de seleção para encontrar o substituto de Yumi, que respondia pelas três instituições. "A verdade é que não há 'crise' ou 'desmonte'. O que há é elevação de investimento, expansão de atividades e aumento de público."

Enquanto isso, consta no expediente do MIS um cargo de diretor técnico –não previsto no estatuto– ocupado por Gil Costa, uma indicação de Mendonça. "Esse cargo não é estatutário. E o profissional citado exerce suas funções com excelente desempenho e dedicação, tanto que recebeu uma promoção por seus méritos", diz a nota da OS.

Com uma intensa rotina de obras, o prédio do MIS apresenta falhas. Durante reformas para aumentar o espaço expositivo, no fim de fevereiro, ocorreu um vazamento de esgoto dos banheiros, danificando itens do acervo.

Como forma de protesto, funcionários da reserva técnica chegaram a exibir vinis danificados, como se estivessem numa exposição. A organização social afirma que o vazamento foi provocado pelo "rompimento de uma tubulação de mais 50 anos" e que os danos, todos pequenos, já foram reparados. Com a crise, a programação das três instituições é cumprida aos trancos e barrancos.

Nem sempre foi assim. O MIS se notabilizou por mostras que atraíram grande público. Foram os casos dos sucessos de "Castelo Rá-Tim-Bum - A Exposição", de 2015, e "John Lennon em Nova York por Bob Gruen", exibida no ano passado.

O Paço das Artes, por sua vez, se tornou um celeiro de artistas ao longo do tempo, com foco na produção artística contemporânea. Em 50 anos de história, abrigou mostras de nomes como Cildo Meireles e Marina Abramovic. No momento, se encontra fechado para a montagem da exposição "Temporada de Projetos 2022".
Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que afirmou versão anterior desta reportagem, o MIS não ficou cem dias sem receber exposições, após o fim da mostra sobre a cantora Rita Lee. Recebeu, naquele período, "Archipelago", "Os Caminhos da Forma" e "Mobile Photo Festival 2022". 

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