De 1942 até o final dos anos 1970, quando decidiu residir em definitivo no Brasil, o músico João Gilberto viveu mudanças vertiginosas de endereços. Ainda na adolescência, João deixou a casa de sua infância em Juazeiro, na Praça Imaculada Conceição, e foi viver em Aracaju, em 1942. Voltou para Juazeiro em 1946 e de lá migrou para Salvador, onde se hospedou entre 1947 e 1949 na casa de parentes, na Av. Fernandes da Cunha.
Espírito beatnik, João alternou pensões, hotéis e hospedagens de favor antes de conquistar residência própria ao longo de seus dois casamentos com as cantoras Astrud Gilberto e Miúcha. Em 1955, o músico viveu meses no hotel Majestic, em Porto Alegre, e passaria em seguida, de setembro daquele ano a maio de 1956, a célebre temporada em Diamantina, na casa de uma irmã, onde se concentrou na criação de seu estilo.
Antes de lançar o LP "Chega de Saudade", em 1959, acampou nos apartamentos dos amigos Tito Madi e Ronaldo Bôscoli. Mas havia quem não visse abuso: João trocava teto por shows diários e gratuitos, madrugada adentro. Casado com Astrud, viveu na rua Visconde de Pirajá, em Ipanema. Nos anos 60, com Miúcha em Nova Iorque, passou por três endereços: rua 23 Leste, Weehawken, em Nova Jersey, e na Hudson Street, em Brooklyn Heights. João recusou uma primeira moradia escolhida por Miúcha: "Não gosto de casa de tijolinho".
Em 1969, o casal se mudou para a Cidade do México e alugou uma casa próxima de Toluca. Não faltou ali a obrigatória mesa de pingue-pongue. Numa temporada brasileira, em 1971, hospedou-se no Hotel Glória, no Rio, mas n��o gostou e transferiu-se para outro em Copacabana. Nos anos 70, em suas frequentes estadias nos EUA, gostava de hospedar-se em hotéis próximos do Carnegie Hall. Apreciava o hotel Diplomat, na rua 47. De volta ao Brasil, morou em três ruas do Leblon. Por último, no prédio da rua Carlos Góis, 234, onde morreu.
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