O espírito contestador do diretor espanhol Luis Buñuel é apresentado ao leitor no sétimo volume da Coleção Folha Grandes Diretores no Cinema, que chega às bancas em 9 de setembro com um DVD e um livro composto de ficha técnica e análises.
O curta-metragem "Um Cão Andaluz", de 1929, carrega uma das imagens mais fortes da história do cinema já na abertura: o olho de uma mulher é cortado por uma navalha.
"O filme é, primeiro, um ataque terrorista à estabilidade narrativa industrializada, aos ideais de coerência e continuidade", escreve Cássio Starling Carlos, crítico da Folha e curador da Coleção Folha Grandes Diretores no Cinema.
Em "A Idade do Ouro", considerado uma obra-prima surrealista, o diretor trouxe as figuras bíblicas com uma camada de ironia.
O média-metragem de 1930, foi repreendido em seu lançamento e proibido em diversos países.
Nesses dois filmes, vêm à superfície os princípios de contestação e, por consequência, libertação.
Ambos trouxeram o lado não domesticado da arte, sem enredo, em busca de livre associação, e não de explicações racionais.
O diretor, morto aos 83 anos, abre as portas do inconsciente, do inconfessável. Fruto da colaboração com o pintor espanhol Salvador Dalí (1904-1989), com quem Buñuel partilhava o fascínio por questões psicanalíticas.
Moralismo opressor católico, movimentos sociais e vanguardas europeias servem de base para o questionamento de valores e cânones, em especial o padrão hollywoodiano.
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