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Opini�o

Thomas Traumann

TEND�NCIAS/DEBATES

O jornalismo, o joio e o trigo

Para exercer corretamente o papel de fiscal do poder, o bom jornalismo precisa saber separar fato de fic��o, e publicar apenas os fatos

A rela��o entre o poder e o jornalismo � necessariamente tensa: o primeiro faz, o segundo critica. A folcl�rica defini��o de que jornalismo � separar o joio do trigo e, ent�o, publicar o joio refor�a a no��o de que o bom jornalismo deve ser um c�o de guarda da sociedade sobre os poderosos, sejam eles pol�ticos, ju�zes ou empres�rios. Um c�o fiel ao seu real dono, o leitor, o internauta, o telespectador, o ouvinte.

Mas, para exercer corretamente o papel de fiscal do poder, o bom jornalismo precisa saber separar fato de fic��o e publicar apenas fatos.

A manchete da Folha desta segunda (29), "Dilma n�o cumpriu 43% das promessas de 2010", � exemplo de jornalismo superficial. A reportagem tenta cumprir a louv�vel fun��o de avaliar o cumprimento das metas do governo, mas se perde em falhas metodol�gicas, avalia��es subjetivas e erros grosseiros.

A Folha promete entregar ao leitor o boletim com as notas do governo federal, mas d� o mesmo peso a temas t�o d�spares como a amplia��o de efetivo de um �rg�o e a redu��o da pobreza ou o controle da infla��o. � �bvio que uma avalia��o s�ria daria mais peso �s duas �ltimas prioridades, mas h� ainda falhas de apura��o. Listo algumas:

Reforma pol�tica: "Com os protestos de 2013, Dilma tentou aprovar um projeto �s pressas. N�o conseguiu". Na realidade, o compromisso de encaminhar proposta de realiza��o de plebiscito para o Congresso foi cumprido. Cobrar do Executivo a realiza��o da reforma significa desconhecer que a elabora��o de leis � compet�ncia do Legislativo.

Manter o controle da infla��o: "A meta de 4,5% foi superada". A Folha escolhe avaliar pelo centro da infla��o. Desconhece que, pela pol�tica de metas vigente desde 1999, a infla��o est� sob controle se mantida dentro das bandas fixadas pelo Conselho Monet�rio Nacional. Isso ocorre desde 2011 e vai se repetir em 2014.

Valoriza��o do sal�rio m�nimo: "A pol�tica de valoriza��o atrelada ao PIB foi mantida, mas afetada pela freada econ�mica". No governo Dilma, a pol�tica de valoriza��o do sal�rio m�nimo virou lei e o seu crescimento real foi de 12%. N�o sabemos o que a Folha esperava mais.

Fortalecer a agricultura familiar e o agroneg�cio: "H� avan�os pontuais em programas de agricultura familiar. J� o agroneg�cio reclama at� da interlocu��o". O cr�dito para agricultura familiar cresceu de R$ 16 bilh�es, na safra 2010/2011, para R$ 24 bilh�es, na atual safra. Para o agroneg�cio, cresceu de R$ 100 bilh�es para R$ 156 bilh�es.

Houve diminui��o das taxas de juros para a maioria das linhas de cr�dito. No caso da agricultura familiar, s�o todas taxas negativas. Quanto � interlocu��o, sugerimos conversar com a CNA sobre a qualidade de nossa parceria.

Aten��o especial ao transporte urbano: "Impulsionado pela Copa, investiu em mobilidade, mas at� o limite de 30% de cada projeto". Estamos investindo R$ 143 bilh�es em obras de mobilidade em todo o pa�s. Os investimentos associados � Copa eram 5% desse montante. Estamos fazendo nove metr�s, 13 VLTs, 189 BRTs e corredores de �nibus. Quanto ao limite de 30% do valor de cada projeto, desconhecemos essa restri��o, criada pela Folha.

Erradicar a pobreza absoluta: "Apesar da trajet�ria de queda, o Ipea apontou 6,5 milh�es de miser�veis em 2012". Desconhecemos esse estudo do Ipea, mas a Folha usa dados de 2012 para avaliar o desempenho de todo o mandato.

Refor�ar a Pol�cia Federal e a For�a Nacional: "A PF perdeu pessoal e reduziu opera��es; FN se consolidou, mas tem opera��o menor". Ampliamos em 1,2% o efetivo da PF, em compara��o com dezembro de 2010. Em rela��o ao final do governo FHC, o pessoal ativo � 59% maior. Entre 2011 e julho de 2014, a PF realizou 967 opera��es. No segundo mandato do presidente Lula, foram 981.

O texto conclui que, se o Brasil fosse um col�gio, a gest�o da presidenta Dilma Rousseff teria "passado de ano raspando". Por essa analogia, a Folha teria sido reprovada.


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