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Bernardo Mello Franco
Os erros de Marina
S�O PAULO - Mesmo que estanque a sangria nas pesquisas e garanta a ida ao segundo turno, Marina Silva deve sair das urnas no domingo menor do que h� um m�s, quando posava como favorita a vencer a elei��o. Alguns aliados j� reconhecem que o derretimento foi impulsionado por erros no discurso, no marketing e na forma��o de palanques.
No af� de se diferenciar dos rivais, a ex-senadora esnobou uma regra b�sica da pol�tica: apoio se recebe. H� limites para as alian�as, mas n�o � razo�vel que algu�m se ache t�o virtuoso a ponto de pairar acima dos partidos ou t�o forte que se d� ao luxo de recusar ades�es gratuitas.
Marina fez isso nos tr�s maiores col�gios eleitorais: S�o Paulo, Minas e Rio. Para ficar no primeiro exemplo, desprezou a estrutura e a infantaria de Geraldo Alckmin (PSDB), prestes a ser reeleito no primeiro turno. Recuou semana passada, ao permitir que seu nome apare�a nos santinhos do tucano, mas pode ter sido tarde demais: faltam tr�s dias para a vota��o e 53% de seus eleitores n�o sabem que n�mero digitar na urna.
Agora, no hor�rio eleitoral dos deputados paulistas, barganha apari��es-rel�mpago com nanicos como PHS, PRP e PPL, o �ltimo reduto dos seguidores de Orestes Qu�rcia.
A presidenci�vel tamb�m errou ao divulgar um programa de governo sem revis�o, o que passou imagem de improviso e for�ou uma s�rie de recuos em temas sens�veis como os direitos dos homossexuais.
Depois se enrolou ao dizer que votou a favor da cria��o da CPMF e insistir no mantra da nova pol�tica em uma sigla que abriga Jorge Bornhausen e Her�clito Fortes. As contradi��es viraram arma da m�quina de propaganda do PT, de quem n�o se deve esperar boa-f� com advers�rios.
Marina tem muitas qualidades e merece respeito por sua hist�ria e pelas bandeiras que defende. Mas precisa fazer uma autocr�tica e se curvar um pouco � "realpolitik" caso queira vestir a faixa presidencial --seja agora ou em uma terceira tentativa.