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Que fim levou a URSS

Rep�blica fantasma

Transn�stria, regi�o separatista da Moldova, ainda possui muitas caracter�sticas do comunismo

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TIRASPOL (TRANSN�STRIA)

O taxista Gennaddi Vihristina n�o anda pelas ruas de Tiraspol sem o seu passaporte amarfanhado, onde se l� CCCP (URSS). "Ningu�m mais reconhece isso. Mas, aqui em Transn�stria, � o �nico documento oficial."

Pouco conhecida at� dentro da Europa, a Transn�stria vive no limbo.

A regi�o tem presidente, ministros, moeda, bandeira, Constitui��o, Parlamento e controles fronteiri�os pr�prios. Mas a sua independ�ncia n�o � reconhecida nem mesmo pela aliada R�ssia, que mant�m algumas centenas de soldados ali h� 20 anos.

Com uma �rea de 4,1 mil km� (pouco menor que o Distrito Federal) e popula��o de 500 mil habitantes, a Transn�stria, de maioria eslava e idioma russo, pertence formalmente � Moldova, de maioria �tnica romena.

Em 1992, uma tentativa do governo central de impor a l�ngua romena a todo o pa�s desatou uma guerra civil. Desde ent�o, o Ex�rcito russo faz a vigil�ncia da fronteira, marcada pelo rio Dniester.

Desde a secess�o, a regi�o � governada pelo nacionalista Igor Smirnov, 70. Ex-prefeito na era sovi�tica de Tiraspol, a capital, ele tenta no pr�ximo domingo a sua quinta reelei��o. Mas, desta vez, ele perdeu o apoio do Kremlin, aparentemente insatisfeito com o impasse nas negocia��es com a Moldova.

Moscou agora favorece o deputado Anatoly Kaminsky, cuja campanha, bastante vis�vel, consiste em dezenas de outdoors e p�steres ao lado do premi� russo, Vladimir Putin.

"N�o posso dizer que as mudan�as foram grandes", diz Vihristina, que, aos 40 anos, passou metade da vida sob a URSS e fala um portugu�s aprendido ap�s oito anos trabalhando em Lisboa como pedreiro e motorista. "Voc� n�o pode fazer nada. Trabalha s� para comer, aqui n�o se ganha dinheiro."

Quase tudo em Transn�stria tem a aura do per�odo sovi�tico: blocos de apartamentos mal conservados, a bandeira oficial com a foice e o martelo, est�tuas de L�nin, �nibus el�tricos enferrujados, viaturas Lada da pol�cia, militares russos nos postos de fronteira e f�bricas cinzentas.

MONOP�LIO

Enquanto a estrela da URSS continua nos s�mbolos pol�ticos, a que det�m o monop�lio � a da empresa Sheriff. Fundada por dois ex-agentes secretos, � ligada a Smirnov e se beneficia do limbo jur�dico da regi�o: controla supermercados, bancos, a �nica empresa de celular, TV a cabo, cassinos, f�bricas privatizadas da era sovi�tica e at� mesmo os dois principais times de futebol da regi�o, que treinam no mesmo local.

"Est� vendo aquela ag�ncia banc�ria?", diz o volante baiano Fred Nelson de Oliveira, 25, h� quatro anos na cidade, durante uma caminhada na rua principal. "� a �nica coisa em volta que n�o pertence ao Sheriff."

A hegemonia diminui os sal�rios e provoca emigra��o de jovens, a maioria para Moscou -muitas fam�lias sobrevivem gra�as a remessas.

Desiludido, Vihristina diz que n�o votar� no domingo "porque j� est� tudo combinado" e que planeja voltar a Portugal no ano que vem.

"O importante � fazer parte de um pa�s, n�o importa com quem. Com a Moldova faz mais sentido, porque a R�ssia est� a 1000 km. Mas ningu�m vai se unificar com ningu�m, os que dominam a Transn�stria n�o querem perder o poder."

Leia s�rie de reportagens sobre os 20 anos do fim da URSS
folha.com/no1016301

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