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Mundo

Cl�vis Rossi

Um terrorista como eu ou voc�

Se os Tsarnaev forem os culpados, mostrar�o que gente que parece normal � capaz do pior dos crimes

Se os irm�os Tsarnaev s�o de fato os culpados pelas bombas de Boston, ter�o praticado o mais eficaz ato de terrorismo, aquele que causa em todos uma sensa��o de absoluta vulnerabilidade.

Primeiro, porque ficou evidente que matar � f�cil e barato. Bastam uma panela de press�o, um punhado de pregos e rolem�s e disposi��o para ler na internet como transformar t�o prosaicos materiais em uma arma assassina. Simples assim.

Segundo --e mais importante: o terrorista pode ser igualzinho a n�s.

O mais jovem dos Tsarnaev, Dzhokhar, 19 anos, chegou a ser descrito como "a alma da festa" por Robin Young, uma mulher cuja profiss�o (jornalista da Public Radio local) em tese agu�a a capacidade de observa��o. Dzhokhar frequentou festas na casa de Robin sem emitir qualquer sinal de anormalidade.

Impressionava, no notici�rio da CNN, o perfil do jovem Tsarnaev, tra�ado por colegas de escola, professores, amigos, enfim, por qualquer um que tenha tido contato com ele: era um "anjo", como disse o pai.

Uma pessoa do bem, insistiram todos, mesmo ap�s tomarem conhecimento de que Dzhokhar era suspeito dos atentados e estava fugindo ap�s envolver-se em tiroteio no qual morreu um policial. Nessas circunst�ncias, o usual � aparecer pelo menos uma pessoa, influenciada pelo clim�o de ca�a ao bandido, para contar algum epis�dio, geralmente menor, que demonstre que, bem feitas as contas, o ca�ado n�o era totalmente normal.

O s�tio "The Daily Beast" vasculhou os tu�tes do que diz ser a verdadeira conta de Dzhokhar (v�rias contas "fake" foram criadas) e concluiu que tudo indicava um jovem norte-americano normal (e entediado), como milh�es de outros.

Fam�lias de terroristas fan�ticos costumam orgulhar-se do que consideram filhos "m�rtires". N�o assim os Tsarnaev, pai e m�e, que disseram acreditar que os filhos foram v�timas de uma "arma��o".

Uma tia dos jovens, advogada no Canad�, reagiu como reagiria qualquer advogado normal dos EUA: "Quero as evid�ncias", gritou.

Tudo somado, se os atentados tiverem sido obra dos Tsarnaev, ir�o para a conta de um "great american kid", como um dos colegas ouvidos pela CNN descreveu Dzhokhar.

Como sobram grandes garotos americanos, a sensa��o de que o perigo mora ao lado (ou at� dentro de casa) s� faz aumentar.

Ainda mais que, como aponta o s�tio de geoestrat�gia "Stratfor", "� incrivelmente f�cil matar pessoas, mesmo para operadores n�o treinados", como supostamente eram os irm�os Tsarnaev.

"Stratfor" informa tamb�m que "a amea�a jihadista' (de guerra santa) deriva agora predominantemente de operadores de base, que vivem no Ocidente, em vez de equipes de operadores treinados enviados aos Estados Unidos de al�m-mar, como os que executaram os atentados de 11 de setembro".

Ou, como prefere Jonathan Freeedland, colunista do "Guardian": "A verdade � que, no mundo intensamente globalizado de hoje, n�o podemos mais pensar em qualquer lugar como remoto [como a Tchetch�nia ou o Daguest�o], porque longe � logo aqui".

crossi@uol.com.br


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