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Equilibrio

A dor da rejei��o

Em livro rec�m-lan�ado, psic�logo norte-americano aponta que a dor da exclus�o social ativa no c�rebro as mesmas regi�es acionadas pela dor f�sica

RODOLFO LUCENA DE S�O PAULO

O sentimento de rejei��o � provavelmente a ferida psicol�gica mais comum e recorrente nas nossas vidas, afirma o livro "Emotional First Aid" (Primeiros Socorros Emocionais), recentemente lan�ado nos Estados Unidos.

N�o h� quem n�o tenha sido preterido em alguma brincadeira infantil, esquecido na hora de uma festa, perdido o emprego ou sofrido desilus�o amorosa, enumera o doutor em psicologia e especialista em terapia de casais Guy Winch, autor da obra.

"As rejei��es s�o os cortes e arranh�es psicol�gicos que machucam a pele emocional e penetram na carne", diz ele. Mesmo com a frequ�ncia das ocorr�ncias, o rejeitado pode n�o conseguir formar uma carapa�a --muitos sofrem tanto que a dor lhes inunda de raiva e solapa a autoestima.

N�o � para menos, explica a terapeuta de casais Marina Vasconcellos. "O ser humano tem necessidade de ser aprovado, de ser aceito. Pertencer a uma sociedade, a uma fam�lia, � uma necessidade b�sica. E a rejei��o tira esse direito. Fica um vazio."

A sensa��o � profunda, diz ela: "D�i no peito, parece que est�o enfiando uma faca".

N�o se trata de figura de linguagem. Em seu livro, Winch cita estudos que, por meio de resson�ncia magn�tica, mostram que a dor da exclus�o social ativa no c�rebro as mesmas �reas acionadas pela dor f�sica.

O mesmo acontece em rela��o ao sofrimento amoroso, demonstrou trabalho mais recente, n�o citado no livro. Em pesquisa feita nos EUA, 40 pessoas que tinham recentemente levado um chute do parceiro foram submetidas a duas experi�ncias: em uma, viram fotos de seus "ex"; na outra, receberam est�mulos t�rmicos semelhantes ao de caf� quente derramado na m�o. Nos dois casos, o c�rebro deu respostas similares (veja ao lado).

As rea��es das pessoas, por�m, s�o diferentes. H� os que simplesmente superam, v�o em frente, mas tamb�m h� os que caem na autocomisera��o e na depress�o. Sem falar nos casos em que a rejei��o se transforma em raiva.

"� uma rea��o que pode vir da pr�pria depress�o. Voc� est� indo para o fosso, ent�o violentamente tenta sair do fosso", afirma a terapeuta de casais Tai Castilho.

Em 551 casos de homens que mataram suas mulheres nos Estados Unidos, quase a metade dos crimes ocorreu em resposta a uma separa��o, constataram cientistas citados no livro de Winch.

FRUSTRA��O

As pessoas est�o menos capazes de lidar com as rejei��es impostas pela vida, avalia Araceli Albino, presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de S�o Paulo. "H� pessoas que acham que o mundo � uma grande teta e que todos t�m de fazer o que elas querem", diz.

"O mundo contempor�neo propaga que � poss�vel voc� ter tudo; se voc� n�o tiver, n�o alcan�ar, a frustra��o � maior", afirma Castilho.

Talvez por isso, diz Vasconcellos, as rela��es sejam mais inst�veis. "As coisas est�o mais passageiras. Em rela��es amorosas, as pessoas n�o investem o quanto deveriam investir. Se est� dif�cil, j� passam para outra."

Mas fica a dor. Que pode ser superada. "� preciso encarar a rejei��o como um aspecto da vida. E reconhecer que voc� pode trilhar outro caminho para abrandar a dor", orienta Joel Renn� Jr., psiquiatra do Programa de Sa�de da Mulher da USP.

N�o que isso seja simples. Em muitos casos, � preciso buscar ajuda de um especialista. Mas o rejeitado tamb�m pode se ajudar. "Ou�a o que as pessoas falam de voc�, e n�o apenas o que voc� pensa", diz Marina Vasconcellos. E n�o tenha vergonha de falar sobre o assunto, prop�e Tai Castilho: "As pessoas n�o devem ficar trancadas".


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