Um grupo de usuários de drogas roubou celulares e praticou atos de vandalismo no final da noite desta terça-feira (22) no centro de São Paulo.
Segundo a Polícia Militar, os usuários saíram de uma concentração da cracolândia na rua Vitória, circularam pelas avenidas Rio Branco e Duque de Caxias e, em seguida, voltaram.
Um técnico contábil de 27 anos, morador da região e que prefere não ser identificado, afirma que foi assaltado e agredido por volta das 22h30 na avenida Rio Branco.
Ele, a mulher e a cunhada foram abordados por sete homens. "Não estávamos com celular e certamente ficaram revoltados", disse. "Dois deles portavam pistolas".
Os homens levaram as chaves e documentos da vítima. Ele sofreu hematomas e pequenos cortes no corpo.
Há duas semanas, na rua Barão de Campinas, também no centro, o carro da família do técnico teve os vidros quebrados por homens que levaram dois alto-falantes e outros acessórios.
A reportagem apurou que a confusão na noite de terça-feira ocorreu como retaliação após ações da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e da Polícia Civil contra usuários de drogas que se fixaram na região da Santa Ifigênia.
Horas antes de o grupo tomar a avenida Rio Branco, policiais e guardas fizeram uma operação nas proximidades da rua do Triunfo.
Fontes com quem a reportagem conversou também dizem que os dependentes químicos se revoltaram com uma prática que tem sido recorrente na região: obrigar os usuários a circular pela região, não permitindo mais que se fixem em um local.
Procurada, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana informou que a Guarda Civil Metropolitana realiza o patrulhamento comunitário e preventivo na região da Nova Luz, 24 horas por dia, por meio de rondas periódicas.
A GCM confirmou que orienta os dependentes químicos, quando necessário, a desobstruir as vias públicas, para garantir o tráfego de veículos e a livre circulação dos pedestres.
Também questionada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) diz que intensificou o policiamento na região central e que a Polícia Militar acompanha a variação de ocorrências para definir os itinerários das radiopatrulhas e os programas de policiamento complementares para a área.
A Polícia Civil informou não ter encontrado registros de atos de vandalismo durante a madrugada de quarta-feira (23).
Vídeo publicado nas redes sociais mostra a movimentação por volta das 23h.
Moradores e comerciantes convivem com o tráfico e o consumo de drogas em pontos distintos da região central.
A Prefeitura e o Governo de São Paulo adotam a estratégia de realizar operações policiais e assistenciais que levam usuários de drogas que vivem na cracolândia para delegacias, onde são fichados e encaminhados para unidades de saúde.
Como a Folha mostrou, essa estratégia gera majoritariamente internações curtas, que variam de sete a dez dias.
As ações são integradas com a Operação Caronte, da Polícia Civil. Na sexta fase da operação, no dia 17 de novembro, a polícia registrou 21 termos circunstanciados de pessoas que consumiam drogas na rua do Triunfo.
Foram encontrados, jogados no chão, pedras de crack, maconha, lança-perfume, dinheiro e balança de precisão.
No início do mês, três ações da Polícia Civil resultaram na prisão de sete suspeitos apontados como fornecedores de drogas para a cracolândia.
Em um dos casos, policiais conseguiram localizar um homem apontado como chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) suspeito de torturar um dependente químico na rua Helvétia. A vítima quebrou o braço e teve afundamento de crânio após sucessivas pauladas na cabeça.
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