Angelo Falsarella não teve infância. O trabalho árduo na lavoura ocupou o lugar das brincadeiras. Na escola, compareceu somente até o dia em que levou um tapa de uma professora no rosto.
Nascido em Corumbataí (201 km de SP), aos 20 anos Angelo mudou-se para Campinas (93 km de SP) em
busca de uma vida melhor.
O primeiro emprego foi como faxineiro num hospital, até descobrir uma oportunidade para vender jornais e revistas nos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), diariamente, das 5h às 22h.
Alfabetizou-se com a leitura das manchetes dos jornais e das revistas.
Apesar do jeito e da aparência de italiano, um garçom o chamou de alemão e o apelido o acompanhou durante a vida.
Na época em que os times de futebol viajavam de trem, Oberdan Cattani, goleiro do Palmeiras das décadas de 40 e 50, chegou a ser seu cliente, segundo relata o neto, o comerciante Denilson Falsarella, 48.
Ele é o detentor de alguns causos que o avô contava, como o dia em que Oberdan o suspendeu com uma
das mãos dentro do vagão.
Em 1951, conseguiu comprar um ponto em Campinas e abrir a banca de jornal que é referência na cidade até os dias atuais.
“Os pais da atriz Maitê Proença e o ex-presidente Fernando Collor de Mello —quando estava em Campinas —eram clientes da banca”, diz Denilson.
Angelo inspirou a família com a profissão. Um dos filhos e o neto, além de nove dos seus 11 irmãos tornaram-se jornaleiros. “Dinheiro não leva desaforo”, dizia à família.
Angelo Falsarella morreu dia 22 de janeiro, aos 94 anos, por complicações de um AVC. Viúvo, deixa dois
filhos e sete netos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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