Quando os tempos ficavam bicudos, Wellington Medrado pensava em um terreno que teria em Petrolina, no sertão pernambucano. Um bananeiral. Maracujazeiros também. Alguns bois e vacas, talvez. Sua mãe, sua noiva. Era do que desfrutaria na aposentadoria. Guardava dinheiro para isso. E então seguia adiante, puxando a corda para chegar nesse destino.
Desde pequeno, sempre soube que seria jogador de futebol. Filho único, era chamado de Lelinho pelas irmãs da mãe, Lenita.
E foi pela bola que saiu de Petrolina e tornou-se um migrante do futebol, trocando de endereço à medida que surgiam as oportunidades de entrar nos gramados —sempre muito diferentes do que se vê na televisão.
Nas divisões de base e nos anos iniciais da carreira adulta, o meia passou por Londrina, no Paraná; pela Portuguesa, em São Paulo; pelo Tupi, em Minas Gerais.
Em 2014, aos 24, iniciou o périplo internacional, atuando pelo Lampang, da Tailândia.
Em Portugal, onde chegou em 2015, começou a jogar por diversos clubes semi-profissionais. Estava, atualmente, no Centro Desportivo e Cultural de Carção, na divisão de honra da Associação de Futebol de Bragança.
Com a ajuda de um amigo conseguiu um bico de salva-vidas após o fim da temporada. Cuidava das piscinas de clube em Odivelas, Grande Lisboa.
"Ele tinha que ficar olhando as crianças, ver se não tinha perigo de caírem na água. Era o primeiro bico dele, não costumava fazer isso", diz sua mãe.
O português Antonio Forneiro era o seu treinador e o descreve como uma pessoa de "personalidade forte".
"Era frontal, sabia o que queria da vida, pois fez tudo o que podia para defender as coisas em que acreditava", diz.
Morreu no último dia 4, aos 28, após sofrer uma parada cardíaca enquanto trabalhava nas piscinas. Deixa sua noiva, Sarah.
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