Após se aposentar, o diretor comercial Regino Quintella dedicou-se aos trabalhos manuais para passar o tempo. Pintou quadros, construiu caixinhas de papelão encapadas com recortes de revistas, construiu porta-chaves.
Pensava em vender as peças, mas acabava sempre dando-as de presente. No dia a dia, seus dotes com ferramentas eram visíveis nas “gambiarras” que fazia em casa. Como uma mesa atravancaria a cozinha, resolveu embuti-la num armário. Na hora da refeição, era só puxá-la.
Habituado com as televisões antigas, cujos botões eram grandes, desenvolveu uma extensão, em um aparelho de LCD, com arame e canudo de plástico para poder ligar e desligar o equipamento mais facilmente —ele nunca se deu bem com controle remoto.
Nascido em Catanduva (SP), terceiro irmão de um total de quatorze filhos, é um dos típicos casos de retirantes que deixaram a roça sem quase nada na mala para construir a vida na cidade grande, na década de 30. Casou-se em 1950.
Da união com Maria Apparecida, vieram três filhas, sete netos e sete bisnetos.
Quando a filha mais velha ficou viúva e a do meio se divorciou, em 1984, os cinco netos pequenos passaram a viver sob a tutela do avô. Da primeira bicicleta aos cursos de informática e inglês, foi dele a incumbência de educar a turma.
Na família, sempre que alguém se mudava de casa, era sua função coordenar os trabalhos, que começavam antes da chegada do caminhão e só terminavam quando o último prego fosse afixado na parede. Dizia que quem bate o prego é o martelo, não a mão forte de quem o segurava.
Morreu no dia 12 de setembro, aos 92 anos, vítima de dois acidentes vasculares cerebral (AVC), um dia depois de um irmão mais novo, que estava doente e era atualmente um dos seus principais motivos de preocupação.
A missa de sétimo dia será realizada nesta terça (18), às 19 horas, na Paróquia São Rafael, na Mooca, a mesma igreja onde se casou há 68 anos.
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